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29/04/2013

Dona Helô: personagem que nos mostra o perfil do comprador compulsivo


Saiba se você é comprador compulsivo, como a Helô de 'Salve Jorge'

Teste simples alerta para doença crônica chamada oniomania, que pode atingir até 10% da população - a maioria mulheres dos 30 aos 50 anos

Pollyane Lima e Silva, do Rio de Janeiro

Sucesso em Salve Jorge, a delegada Helô não resiste a uma vitrine. Quando enfrenta uma situação de stress ou angústia, o número de sacolas se multiplica. Em casa, tudo vai parar em um armário já abarrotado para, talvez, nunca mais ser visto. O importante é o ato da compra – sempre impensada. Às vezes encarado como capricho, esse tipo de comportamento é hoje entendido como doença crônica, a oniomania, ou popularmente "vício em compras", que pode atingir até 10% da população e exige tratamento psicológico.

A incidência é maior entre as mulheres, na equivalência de cinco para cada homem. São, no geral, pessoas economicamente ativas e na faixa etária entre 30 e 50 anos, descreve Renata Maransaldi, psicóloga da equipe de Compras Compulsivas do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (Pro-Amiti) do Hospital das Clínicas de São Paulo. Perfil no qual também se encaixa a personagem delegada de Giovanna Antonelli. A exposição do problema em horário nobre na TV, aliás, já tem reflexos nos atendimentos. Até meados de abril desse ano, 37 pacientes contataram o Pro-Amiti em busca de ajuda profissional – o que equivale a quase metade dos tratamentos iniciados em todo o ano passado (75).
A oniomania não faz distinção entre ricos e pobres, apesar de uma das principais consequências ser o endividamento. “Essas mulheres, no geral, compram muitos itens iguais, de todas as cores possíveis. Roupas, principalmente. Mas quase nunca conseguem usar o que têm. São armários e armários acumulados com coisas desnecessárias e, muitas vezes, repetidas”, explica a psiquiatra Analice Gigliotti, chefe do Setor de Dependência Química e Outros Transtornos do Impulso da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Antes de comprar, acrescenta ela, a sensação é de excitação, ansiedade, depois substituída por alívio. É uma satisfação pela compra, não necessariamente pelo novo produto, enfatiza Renata.
Sintomas - A doença ainda pode estar associada a outro distúrbio psiquiátrico, observa a psicóloga, como bipolaridade ou depressão. Um sintoma facilmente observado, destaca Analice, chama-se crazen. Característico dos dependentes de drogas, é observado quando a pessoa começa a ocupar boa parte de seu dia só pensando nas compras. “Aos poucos, ela se preocupa cada vez mais em comprar. Depois, passa a achar que precisa de quantidades maiores. Até que vêm os prejuízos e, geralmente, a mentira para encobrir o descontrole”, detalha a psiquiatra. A descrição remete a outra personagem da ficção, a protagonista do filmeOs Delírios de Consumo de Becky Bloom (lançado em 2009).
Quando o paciente – ou algum familiar – se dá conta do que está por trás daquilo que, erroneamente, pode ser confundido com futilidade no início, já luta contra prejuízos financeiros, sociais e familiares. É esse sofrimento do comprador compulsivo que o diferencia de um simples consumista. Nessa hora, a pessoa recorre à ajuda profissional. O tratamento envolve acompanhamento psicológico, psiquiátrico e terapia ocupacional. Medicação é necessária, em alguns casos. Após um ano, em média, é possível perceber um bom nível de controle. “Quando se fala em doenças psiquiátricas não é apropriado se falar em cura, mas sim em melhora de sintomas”, esclarece Renata.
Nas terapias em grupo, em que pessoas com problemas similares dividem suas experiências (a exemplo dos alcoólicos anônimos), obtém-se orientações básicas que podem ajudar no controle pós-tratamento. Primeiro, a pessoa descontrolada pode indicar alguém da família para cuidar do seu dinheiro. Também é importante evitar passar em shoppings ou por lojas onde já comprou muito, para não correr o risco de ser abordado por aquele vendedor que estimula o consumo. “Trabalhamos ainda técnicas de controle dos sentimentos. Afinal, a gente tem que se virar de outra forma para lidar com sentimentos que são desagradáveis, como tristeza e ansiedade. A questão é o que fazer que não será prejudicial a você”, diz Analice.

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26/04/2013

Uso excessivo de cocaína causou a crise financeira, diz ex-czar da droga


Uso excessivo de cocaína causou a crise financeira, diz ex-czar da droga

Em entrevista ao Sunday Times, o professor David Nutt, ex-conselheiro do governo britânico sobre o narcotráfico, culpou a droga pela quebra ocorrida no setor financeiro em 2008

O uso excessivo de cocaína por analistas e banqueiros foi a principal causa da crise financeira mundial, que teve início em 2008, com a quebra do banco Lehman Brothers, nos Estados Unidos. David Nutt, que é professor de neuropsicofarmacologia da Imperial College, na Grã-Bretanha, afirmou, em entrevista ao jornal britânico 'Sunday Times', que a cocaína era a droga perfeita para ser usada na dinâmica de excitação vivenciada pelo mercado financeiro - sobretudo nos Estados Unidos.
"O uso de cocaína pelos banqueiros nos colocou nessa bagunça terrível", disse o professor, que também foi o principal conselheiro do governo britânico sobre assuntos ligados ao narcotráfico até 2009. "A droga os deixava superconfiantes e os levou a tomar mais risco", disse. Segundo Nutt, a cultura da "excitação e do mais, mais e mais" era estimulada pelo uso de cocaína. "Ela (a cocaína) é a droga do 'mais'", disse.
O professor foi dispensado de seu trabalho no governo quando publicou um artigo dizendo que, para o corpo humano, não havia muita diferença entre o mal causado pelo ecstasy e o ato de montar a cavalo. Ele também chegou a afirmar que o LSD e o ecstasy eram drogas menos prejudiciais que o álcool.
Artigo da Veja completo, clique aqui.

25/04/2013

Bath Salts (Synthetic Cathinones)


Bath Salts (Synthetic Cathinones)

Brief Description

The term “bath salts” refers to an emerging family of drugs containing one or more synthetic chemicals related to cathinone, an amphetamine-like stimulant found naturally in the Khat plant.
The synthetic powder is sold legally online and in drug paraphernalia stores under a variety of names, such as "Ivory Wave," "Purple Wave," "Red Dove," "Blue Silk," "Zoom," "Bloom," "Cloud Nine," "Ocean Snow," "Lunar Wave," "Vanilla Sky," "White Lightning," "Scarface," and "Hurricane Charlie."  
Knowledge about their precise chemical composition and short- and long-term effects is limited, yet the information we do have is worrisome and warrants a proactive stance to understand and minimize any potential dangers to the health of the public.


24/04/2013

Gosto da cerveja é suficiente para ativar sistema de recompensa cerebral


Gosto da cerveja é suficiente para ativar sistema de recompensa cerebral

Pesquisa mostrou que não é necessário que o álcool surta efeito para que a atividade da dopamina no cérebro humano seja elevada

(Thinkstock)
Um estudo publicado na revista Neuropsychopharmacology nesta segunda-feira mostrou que basta o sabor da cerveja — sem qualquer efeito alcoólico — para ativar o sistema de recompensa do cérebro humano. Segundo os neurologistas da Universidade de Indiana envolvidos na pesquisa, isso mostra que os estímulos sensoriais relacionados ao consumo do álcool são suficientes para dar início aos mecanismos responsáveis por seu abuso, mesmo quando seus efeitos farmacológicos não são sentidos.

Os pesquisadores usaram aparelhos de tomografia para escanear o cérebro de 49 homens enquanto consumiam cerveja ou bebidas isotônicas. O objetivo foi procurar por evidências de uma mudança na atividade da dopamina, um neurotransmissor responsável pela sensação de recompensa e relacionado ao abuso de álcool e outras drogas.
A cerveja foi racionada em minúsculas porções de apenas 15 mililitros (uma colher de sopa) servidas a cada 15 minutos, de forma que a resposta do cérebro pudesse ser avaliada sem a influência tóxica do álcool.
Como resultado, os cientistas descobriram que apenas sentir o gosto da cerveja foi o suficiente para ativar os receptores de dopamina do cérebro. Este efeito foi maior do que o percebido após os voluntários consumirem o isotônico, mesmo que muitos tenham dito preferir o gosto desse. "Esta é a primeira experiência em humanos a demonstrar que apenas sentir o sabor de uma bebida alcoólica, sem qualquer efeito intoxicante alcoólico, pode trazer à tona a atividade da dopamina nos centros de recompensa do cérebro", afirmou David Kareken, professor de neurologia que chefiou os experimentos.
O estudo destaca que o efeito da dopamina foi significativamente maior entre os voluntários com histórico familiar de alcoolismo.
Recompensa e vício -  Os pesquisadores sabem há muito tempo que os estímulos sensoriais que costumam estar associados à intoxicação por uma determinada droga, como o som ou o cheiro de um bar, podem despertar a vontade incontrolável pela substância em pessoas viciadas — por vezes induzindo a recaída em alcoólatras em recuperação. Muitos neurologistas acreditavam que a dopamina tinha um importante papel nesses estímulos, mas não sabiam, até agora, como isso podia acontecer. 
Segundo os cientistas, o estudo deve ajudar a compreender os mecanismos neurológicos e genéticos que levam ao vício e ajudar a desenvolver técnicas para minimizar os gatilhos cerebrais que podem levar às recaídas.

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23/04/2013

Evidências soterradas pelo projeto de lei sobre drogas

Evidências soterradas pelo projeto de lei sobre drogas

Luís Fernando Tófoli*
Em suas manifestações públicas em relação ao projeto de drogas que redigiu, o deputado Osmar Terra (PMDB-RS), médico e ex-secretário de Saúde de seu estado, tem sido profícuo ao citar dados. Em uma declaração ao jornal O Globo, ao criticar o viés “ideológico” daqueles que objetam contra seu projeto, não hesitou em dizer que “cada parágrafo” dele seria “baseado em evidências científicas”.
Dados científicos são frequentemente incompletos, sujeitos a contingências metodológicas e difíceis de interpretar. A própria construção do que é uma evidência científica e a decisão de nortear políticas a partir delas são também opções ideológicas, embora os médicos não se deem conta disso. No século XXI já parece ser bastante claro que não existe Ciência absolutamente neutra, e que é na análise de estudos que apontam posições e resultados contraditórios que poderemos nos aproximar da realidade. Esse é, por excelência, o caminho possível no campo das políticas públicas sobre drogas.
O PL 7663/2010 de Osmar Terra – transformado no substitutivo do deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL) – está longe de ser uma peça legislativa baseada em dados científicos inquebrantáveis. Para começar, o projeto parte da concepção de que a dependência química é uma doença cerebral que leva a alterações permanentes causadas pelas drogas, uma doença para a qual não existe cura e para qual o único tratamento possível é a abstinência. Essa premissa é desafiada na literatura científica recente, e certamente não pode ser tomada como uma verdade para todos os casos. Como explicar, por exemplo, os vícios que não envolvem substância psicoativa, como o jogo patológico? Ainda que essa concepção da dependência fosse assumida como correta, caberia examinar se o projeto de lei, a fim de amenizar o terrível sofrimento social causado pelas drogas, está suficientemente assentado em evidências científicas. Vejamos aqui algumas que foram ignoradas no processo de elaboração do PL.
Em primeiro lugar, o projeto faz uma grande trapalhada ao emaranhar dependência química com uso de drogas. A literatura mostra claramente que o contingente de dependentes das drogas ilegais mais comuns no Brasil é algumas vezes menor do que o número total de usuários. Políticas e eventuais medidas para estes grupos devem ser distintas. Ao misturar os conceitos, o projeto dá a chance, por exemplo, de que um usuário leve de maconha seja submetido a uma versão contemporânea da internação forçada apresentada no filme Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodanzky.
Outra confusão feita pelo PL está na proposta de uma classificação das drogas por seu potencial de gerar dependência. A ideia é baseada em uma classificação feita pelo Reino Unido e não é delineada no texto legislativo, ficando para ser decidida posteriormente. Atualmente há críticas à própria classificação britânica, e um famoso estudo[1] publicado na respeitável revista científica Lancet colocou em cheque a própria noção de que seriam as drogas ilegais as mais daninhas para o indivíduo e a sociedade.
Não bastasse isso, o projeto ainda aumenta a pena para tráfico de drogas, sem distinguir usuários de traficantes de forma objetiva. Considerando o desproporcional aumento de apenados por tráfico no Brasil dos últimos anos – muitos deles com um perfil muito mais próximo de usuários do que de traficantes perigosos – tomar uma medida como essa sem determinar critérios objetivos de distinção é bastante temerário, ainda mais se considerarmos que o próprio endurecimento legislativo pode ser confrontado. Por exemplo, na Europa, o consumo por adolescentes é menor em países onde há menores restrições para o porte e uso pessoal de drogas. A resposta que o deputado Osmar Terra tem dado – que é o de que os “aviõezinhos” iriam carregar somente a quantidade permitida para porte e que “ninguém mais vai ser preso” – não é condizente com os dados do Observatório Europeu de Drogas e Dependência[2], que mostra que em países que se tornaram menos rigorosos com o uso e porte de drogas, as prisões por tráfico não diminuíram.
O autor do projeto já disse que as ações de consultório na rua – proposto como uma das alternativas às duas únicas formas de tratamento presentes no PL, a internação compulsória e o acolhimento voluntário em comunidades terapêuticas – não têm evidência de efetividade. Pode ser que o enfoque das provas científicas feito pelo deputado revele também um viés ideológico, já que o mais respeitável repositório de Medicina baseada em evidências, a Biblioteca Cochrane, indica que não há provas suficientes[3] para apoiar o modelo das comunidades terapêuticas no tratamento da dependência química. Além disso, segundoafirma Gilberto Gerra[4], do Escritório das Nações Unidas para o Crime e Drogas, também não há evidências que justifiquem o uso de internações forçadas a não ser em situações críticas de risco de vida e quando outras tentativas não tiverem dado certo – o que, aliás, já determina a atual lei brasileira que dispõe sobre os tipos de internação psiquiátrica.
Há muitos outros pontos problemáticos – como o financiamento de entidades religiosas, o cadastro de usuários de drogas, as formas estranhas de regulação de um sistema de tratamento paralelo ao Sistema Único de Saúde, só para citar alguns. Num projeto tão questionado – rejeitado ou fortemente criticado por notas técnicas do Governo e por ONGs, por pareceres de entidades como a Fundação Oswaldo Cruz, o Instituto dos Advogados Brasileiros e o Conselho Federal de Psicologia, e até pela opinião de políticos de posições opostas na arena eleitoral como o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) – a presença de evidências científicas que contradigam seus parágrafos deve ser mais um elemento para, no mínimo, refrear o regime urgente em que o projeto tramita e, no limite, sepultá-lo em definitivo na busca de respostas mais consensuais.
Mas, no Brasil, onde “política baseada em evidências” se confunde com “evidências baseadas em política” e a mídia – com honrosas exceções – ajuda mais a embaralhar e estigmatizar a questão do que estimular o debate qualificado, é bem possível que as evidências sejam soterradas pela urgência política vinculada ao atual projeto em tramitação. Aguardemos para ver o que os legisladores brasileiros têm a responder diante deste projeto que representa um conjunto de retrocessos míopes à pesquisa científica e às reais e sérias demandas de cuidados que a questão do uso problemático de substâncias impõe a este país.

*Luís Fernando Tófoli é professor de Psiquiatria da Universidade Estadual de Campinas

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22/04/2013

LSD: 70 ANOS


LSD: 70 ANOS

Hoje é um dia muito especial para a ciência. Faz 70 anos que Albert Hofmann, químico suíço, ingeriu voluntariamente uma minúscula dose de LSD (em 19 de abril de 1943), uma molécula que havia inventado 4 anos antes (16 de novembro de 1938) e acidentalmente ingerido 3 dias antes (16 de abril de 1943). Os efeitos o surpreenderam tanto que decidiu testar de novo em si mesmo para confirmar se uma substância química, em doses minúsculas, poderia afetar a mente humana de tal forma a alterar por completo a percepção do que é real. Albert ingeriu apenas 250 microgramas, que no caso do LSD é uma dose forte. Mas pra se ter ideia, a aspirina faz efeito em doses ao redor de 300 mil microgramas.
Carinhosamente conhecido entre os aficcionados como dia da bicicleta, o 19 de abril serve como bom marco histórico do início da Ciência Psicodélica, um ramo da psicofarmacologia extremamente promissor, mas negligenciado e até mesmo demonizado. Verdade seja dita, a mescalina, princípio ativo dos cactos Peyote (Peyotl no original Nahuatl, a língua Azteca) e San Pedro, era conhecida há muito mais tempo, tendo os primeiros relatos ocidentais sobre o fascinante cacto Peyote aparecido ainda no século XIX, com a mescalina tendo sido isolada por Arthur Heffter ainda em 1894, sendo que ele próprio experimentou o alcalóide puro em 1897.
Mas com a turbulência cultural que viria a ocorrer nos anos 60 nos EUA, que atrelou a mescalina e principalmente o LSD à revolução cultural, aos protestos anti-guerra do Vietnam, aos direitos civis, igualdade racial, liberdade sexual e afins, o LSD foi demonizado por uma série absurda de acusações e falsidades que fizeram sua imagem, até os dias de hoje, estar associada a PERIGO.
Mas este viés está ficando pra trás, está virando história. Pois a ciência psicodélica avança. A prova mais contundente disto é que hoje começa, em Oakland, Califórnia, a conferência Psychedelic Science 2013, organizada pela MAPS: Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies com parceria da Beckley Foundation, do Heffter Research Institute e do Counsel for Spiritual Practices.
Mais de 1600 pessoas, de 33 países, já estão nos EUA para participar do congresso, que tratará do LSD, da mescalina, da ayahuasca, psilocibina e muito, muito mais. Além dos 3 dias principais, sexta, sábado e domingo, há workshops e cursos extra, tanto antes quanto depois do congresso.
Plantando Consciência, que hoje celebra dois anos de sua reunião de fundação, participa desta linha pioneira da neurociência, psicologia, psiquiatria e afins com palestras e filmagens. Dentre as mais de 100 palestras, com os grandes momentos do evento incluindo por exemplo a aula do expert David Nichols, “LSD neuroscience“, destacamos as de nossos membros e sócios-fundadores, Sidarta Ribeiro e Dartiu Xavier da Silveira.
Sidarta, neurocientista e professor da UFRN, falará da relação entre sonhos e os estados psicodélicos, baseando-se principalmente em estudos com neuroimagem que revelam as redes neurais envolvidas em cada processo. Quais as semelhanças, e quais as diferenças?
Já Dartiu Xavier, psiquiatra e professor da UNIFESP, falará sobre estudos da ayahuasca e sua relação com saúde mental, que ele estuda há mais de dez anos, tendo desenvolvido parcerias com Charles Grob e Rick Strassman, pioneiros da Ciência Psicodélica.
Vale também destacar a participação essencial de outros brasileiros com papel fundamental no desenrolar deste congresso. A antropóloga Beatriz Labate coordena a seção específica sobre Ayahuasca, a medicina sagrada da Amazônia, área de estudos a que se dedica com afinco por mais de uma década. Nesta seção, haverá palestra do físicoDraulio Araújo, professor da UFRN, sobre estudos de neuroimagem e ayahuasca, do doutor em ciências médicas Paulo Brabosa, professor da Universidade Estadual de Santa Cruz, e também do psiquiatra brasileiro Luís Fernando Tófoli, professor da UNICAMP, que também estuda a questão da saúde relacionada ao uso da ayahuasca. Tema, aliás, de livro coordenado por Bia Labate e José Carlos Bouso, que será lançado no evento.

Para comemorar o septuagenário LSD e homenagear Hofmann, que além de inventar esta molécula, descobriu a psilocibina, a psilocina e o LSA em cogumelos e plantas sagradas dos Aztecas, Mazatecas e outras tribos ancestrais, serão lançados ainda mais dois livros. O primeiro é um relançamento do clássico “LSD my problem child”, autobiografia do gênio da ciência psicodélica, em nova tradução direto do alemão, feita pelo pioneiro da psiconáutica, Jonathan Ott. O segundo é uma nova biografia lindamente ilustrada, feita por Suíços que conviveram de perto com Hofmann: Dieter Hagenbach e Lucius Werthmuller, com prefácio de Stanislav Grof. O nome sintetiza bem o personagem: “Mystic Chemist”.

Este ano, também estaremos presentes atrás das câmeras, com Marcelo Schenberg filmando e entrevistando cientistas e conferencistas para o documentário Medicina, que você pode ajudar através de doações.
Nos próximos meses, vamos aos poucos postando as palestras do congresso, que como sempre, serão filmadas e disponibilizadas pela MAPS na internet, de graça (vale a pena ver o conteúdo dos congressos organizados pela MAPS em2010 e 2011, que também contou com presença do Plantando Consciência, com palestras de Eduardo Schenberg e Sidarta Ribeiro sobre ayahuasca e neurociência). Possivelmente, faremos legendas das palestras, contando para isso com a ajuda de voluntários. Se você deseja nos ajudar, entre em contato conosco!
Neste momento, dividimos com todos a alegria e entusiasmo de ver estes avanços acontecerem, deixando para trás o pânico moral e o sensacionalismo de eras passadas. É nosso profundo desejo que o estudo da consciência avance desimpedido, porém com respeito e seriedade, gerando frutos para a saúde mental, espiritual, física e social da humanidade.

Artigo na Integra, clique aqui.

21/04/2013

Por que a exceção não deve ser a regra

Por que a exceção não deve ser a regra
RAFAEL FRANZINI E AMERIGO INCALCATERRA
TENDÊNCIAS/DEBATES


A internação sem consentimento deve se aplicar a situações de absoluta emergência; deve ser a exceção, e não a regra
O consumo de drogas, especialmente o crack, nas ruas das cidades brasileiras tem gerado enorme debate público a respeito de qual seria a resposta mais eficaz para o problema. Propostas de ações voltadas à internação involuntária têm se multiplicado tanto nas ruas como na esfera legislativa.
No entanto evidências científicas apontam para a direção contrária: a lógica da saúde pode ser mais efetiva na redução do uso problemático de drogas.
Segundo diretrizes do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), a atenção e o tratamento devem estar de acordo com os princípios da ética do cuidado em saúde e respeitar a autonomia e a dignidade individuais. Além disso, os tratados internacionais de direitos humanos exigem garantias processuais para a detenção e privação de liberdade de qualquer pessoa.
Recentemente, o Ministério Público do Rio de Janeiro, a Defensoria Pública de São Paulo e duas missões das Nações Unidas demonstraram grande preocupação com a forma violenta, degradante e desumana com que usuários de drogas têm sido recolhidos das ruas brasileiras em nome de uma abordagem de saúde.
A tendência mundial crescente de propostas de tratamento sem consentimento gerou um posicionamento da ONU em 2012 contra centros de detenção/tratamento compulsório, destacando que a privação da liberdade arbitrária é uma violação das normas internacionais de direitos humanos.
Da mesma forma, um editorial de 2012 da revista "Addiction", uma das mais respeitadas do mundo no tema, diz que as internações involuntárias caíram em desuso em países desenvolvidos por serem ineficazes no tratamento da dependência de drogas e favorecerem a violação dos direitos humanos dos usuários.
A internação sem consentimento deve se aplicar a situações de absoluta emergência e ter como justificativa a proteção, quando houver risco para a segurança do sujeito e/ou de terceiros, e ser proporcional. Em outras palavras, a internação deve ser a exceção, e não a regra.
Mesmo nesses casos, é essencial observar princípios éticos e legais para que não haja violação dos direitos garantidos pelas convenções internacionais. Os procedimentos devem ser transparentes e legalmente estabelecidos para evitar uma aplicação ampla e arbitrária desse recurso.
Para tanto, as pessoas em internação involuntária devem ter o direito de recorrer a um tribunal para que seja decidida rapidamente a legalidade da privação de liberdade. Os casos judicialmente autorizados devem ser periodicamente revisados para determinar a necessidade da continuação da internação.
É certo que o uso problemático de drogas está vinculado a condições sociais de vulnerabilidade e risco, mas há poucas pesquisas e informações confiáveis sobre o número de usuários que realmente necessitariam de internação.
A experiência internacional demonstra que a reabilitação e a reintegração de usuários de drogas passam muito mais por intervenções que respeitem os direitos humanos dos usuários e sejam adequadas às suas necessidades sociais e de saúde do que pela sua segregação em centros de tratamento.

RAFAEL FRANZINI é representante do Escritório de Ligação e Parceria do Unodc (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime) no Brasil
AMERIGO INCALCATERRA
 é representante regional para a América do Sul do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

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18/04/2013

Associação envia carta ao ministro Padilha reclamando do ´esquecimento´ das políticas de redução de danos

Associação envia carta ao ministro Padilha reclamando do ´esquecimento´ das políticas de redução de danos


A Associação Brasileira de Redutores de Danos (ABORDA) enviou correspondência ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, manifestando sua preocupação com o crescimento de políticas conservadoras e fundamentalistas na área do combate às drogas e com o “esquecimento” gradativo que o assunto tem tido diante da realidade brasileira. 

“Apesar dos índices de usuários de drogas com HIV ser elevado - estudos realizados em dez municípios brasileiros, entre 2008 e 2009, estimaram taxas de prevalência de HIV de 5,9% entre usuários de drogas - a última campanha para esta população foi em 1999”, afirma Domiciano Siqueira, presidente da ABORDA. 

Os ativistas da instituição comentam que a estratégia de redução de danos de álcool e outras drogas mostrou no Brasil, e em outros países, importante contribuição para o controle das Hepatites Virais e da Aids. Desde as primeiras experiências na década de 1980, com ações para a troca de seringa para usuários de drogas injetáveis, houve uma sensível queda nos casos notificados desta população. 

Na carta, o presidente afirma que “um exemplo recente (do “esquecimento”) é a diminuição do apoio do Ministério da Saúde, através do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, na interlocução com a sociedade civil atuante neste campo”. E completa: “O número de usuários de drogas portadores destas patologias é crescente sem que qualquer ação de prevenção direcionada, ou de assistência humanizada integrada, tenha sido promovida nos últimos anos”. 

A organização atua há quinze anos no âmbito da saúde pública dos e direitos humanos, reunindo ativistas de todo o país. Eles afirmam sempre ter cultivado filosofias que vão além do proibicionismo com relação às drogas, e solicitam uma audiência com o ministro para discutir o assunto. 

Redação da Agência de Notícias da Aids


Leia a carta na íntegra abaixo. 


Senhor Ministro,

A Associação Brasileira de Redutoras e Redutores de Danos (ABORDA), organização que atua há quinze anos no âmbito da Saúde Pública e Direitos Humanos, vem através desta manifestar sua profunda preocupação com o “esquecimento” gradativo que esta política tem tido diante do enfrentamento da realidade do uso e abuso e álcool e outras drogas no Brasil.

Embora seja uma política pública oficial preconizada na Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas (2003), e respaldada pela Portaria Nº 1.059/GM de 4 de Julho de 2005 do Ministério da Saúde, que destina incentivo financeiro para o fomento de ações de redução de danos em Centros de Atenção Psicossocial para o Álcool e outras Drogas - CAPSad , o que tem se notado nos últimos tempos é um desmantelamento da concepção original da abordagem e uma gradativa desvalorização da sociedade civil com atuação neste campo.

A opção que tem sido feita pela internação compulsória aos usuários de drogas e a “entrega” de seu cuidado, de forma terceirizada e muitas vezes despreparada, a instituições com inspiração religiosa fere o caráter laico do Estado brasileiro, consagrado na Constituição Federal. Enquanto assistimos atônitos o crescimento de mortes e o inchamento de serviços de saúde por vítimas da repressão, da violência policial e da exclusão da qual o Estado é muitas vezes promotor, notamos também que todos os anos de acúmulo, reflexão e experiência da Política de Redução de Danos não tem sido considerados na formulação de estratégias de saúde e na priorização de ações com apoio público.
Um exemplo recente é a diminuição do apoio do Ministério da Saúde, através do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais na interlocução com a sociedade civil atuante neste campo. O número de usuários de drogas portador destas patologias é crescente, sem que qualquer ação de prevenção direcionada, ou de assistência humanizada integrada, tenha sido promovida nos últimos anos. Além disto, o apoio para que Organizações da Sociedade Civil possam dar continuidade às ações desenvolvidas, muitas vezes de forma precária, tem se encolhido ficando o tema em plano inferior no conjunto de demandas públicas.

Exemplo próximo são os recentes editais de financiamento do Departamento citado que tem contemplado de forma muito rara e tímida, ações e eventos propostos pelas ONGs com atuação em Redução de Danos. A ABORDA não consegue realizar um encontro nacional há quase três anos e tem batido às portas do Ministério da Saúde em busca de apoio para isto, sem receber acenos de possibilidades de parcerias. Enquanto isto a demanda se mantêm crescente principalmente diante dos vínculos formados pelos redutores e redutoras junto aos usuários, o que gera ambiente de confiança e possibilidade de se estudar a formulação de políticas públicas mais efetivas.

Diante do exposto, e do quadro grave que o país atravessa com ameaças conservadoras de toda a ordem e necessidade urgente de se repensar a política de drogas além do proibicionismo - filosofias que a ABORDA sempre cultivou- solicitamos a oportunidade de uma audiência com V. Exc. e o exame da possibilidade de firmarmos parcerias. 

Temos experiência acumulada em campo, produção sistematizada, atuação nacional, credibilidade conquistada em 15 anos de trabalho, vasta participação em conselhos e espaços de Direitos Humanos, articulação e proximidade com as populações vulneráveis. Nos falta apenas a sensibilidade governamental para que a bandeira da Redução de Danos possa atuar em parceria em prol desta população tão necessitada.

No aguardo de um retorno favorável, agradecemos,

Atenciosamente

Domiciano Siqueira
Presidente da ABORDA


PARA VER ARTIGO DA AGENCIAAIDS COMPLETO, CLIQUE AQUI.

17/04/2013

Drogas: dos riscos da proibição à necessidade da legalização.

Vídeo onde o Professor Dartiu Xavier da Silveira fala sobre:
 Drogas: dos riscos da proibição à necessidade da legalização.

Evento realizado no dia 04 de abril de 2013 na Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro - Parte 6




Confira!

16/04/2013

Patent Application On Cannabis Compounds For Treatment And Prevention Of Cancer.


Patent Application On Cannabis Compounds For Treatment And Prevention Of Cancer.


The application includes reference to cannabinoids administered “…either in an isolated form or in the form of a botanical drug substance (BDS)”. This is clearly a euphemism for cannabis! Forget weed, draw, grass, dope, green – BDS is the newest and coolest term!
THIS DOES NOT PROVE THAT ‘CANNABIS CURES CANCER’.
It is, however, remarkable evidence that supports the urgent need for research into cannabis and its components. Note that the application is for treatment and prevention. There is ample evidence already that cannabis works to relieve many of the symptoms of cancer and of chemotherapy, so enabling patients to make a better recovery. This is a far more significant development.
For too long the ‘crazy stoner’ brigade has been opening the whole medicinal cannabis argument to ridicule by overclaiming. This, though, is real progress in advancing the anti-cancer effects of cannabinoids which until now have only been theoretical, in vitro or animal experiments.
Personally, I believe in the theory. The vast number of anecdotal stories about cannabis oil convinces me that if I was diagnosed with the disease, I would be heading straight for Holland, Israel, Colorado or Washington where I could safely obtain the medicine I would need.
What this news does prove beyond doubt is the cruelty and gross negligence of UK government policy and ministers. Also of the corrupt US institution, the DEA, and anyone who supports or maintains the idiocy that ‘there is no medicinal value in cannabis’.
Crucially, the patent is about phytocannabinoids, that is cannabinoids that come from the cannabis plant but also terpines, other components of the plant, again lending weight to the theory that it is the whole plant that offers the greatest benefits, not just individual components.
The patent specifically mentions tetrahydrocannabivarin (THCV), cannabidivarin (CBDV), cannabigerol propyl variant (CBGV), tetrahydrocannabivarinic acid (THCVA), tetrahydrocannabinolic acid (THCA), cannabidiolic acid (CBDA), cannabigerol (CBG) and cannabichromene (CBC).
It also specifically mentions prostate, breast, skin, colon, lung and bone cancer as well as glioma (brain tumour) and lymphoma.
The patent is well worth reading. It is an insight into the truth about the medicinal value of cannabis and should be complusory education for the ignorant politicians who support prohibition.
Complete article, click here.

15/04/2013

Fighting Drug Addiction With Marijuana

Fighting Drug Addiction With Marijuana

By: Ted Hessen

For decades, Colombia has been searching for ways to treat people who are addicted to basuco, the nation's version of crack cocaine.
Now, the country's capital, Bogota, is considering a new approach: transition users to marijuana.
BBC Mundo reports that the city is interested in trying a pilot program to see if pot helps mitigate the symptoms of withdrawal that basuco users experience. The goal is to minimize the social and health risks that accompany the drug.
Basuco isn't the same as crack, but it's an apt comparison. Like crack, it's smokable and more common among a poorer segment of society.
When it comes to quality, basuco is some of the least pure cocaine out there. The base of the drug is an intermediary product that you get if you're turning coca leaves into cocaine, and it can contain residue from the solvents used in that process, including kerosene. Dealers add things like ash and crushed bricks to give it bulk. For less than a dollar, you can get a short but powerful high.
One expert in Bogota estimates that the city has at least 7,000 "problem users," which means they might take up to 15-20 hits a day, according to BBC Mundo.
To confront the issue, the city is planning to test out "controlled consumption centers," where addicts of hard drugs will be able to consume in a safer environment, with the goal of kicking the habit.
Julián Quintero, from the Bogota-based non-profit organization Acción Técnica Social, which works on drug policy, told BBC Mundo how such centers will work:
"The first thing you do is to start to reduce the dose. After that, you begin to change the way that it's administered: if you were injecting heroin, you move to smoking heroin; after smoking heroin, you move to combining it with cannabis; after that, you're staying with the cannabis," he said. "What you're looking for is for the person to reach a point where they can stabilize the consumption and that the consumption doesn't prevent them from being functional."
Is anyone in the U.S. trying this kind of approach to hard drugs?
No, according to Amanda Reiman, a policy manager with the Drug Policy Alliance, a group that favors alternatives to current drug laws.
"Unfortunately, universities rely on grants from the federal government for research, so most of what they do is what the feds want done," she said in an email. "As you can probably guess, the feds are not too interested in beneficial uses for marijuana, and even less interested in how to help people who are addicted to substances, so most of the research in this area occurs outside the U.S. or through private funding."

14/04/2013

Álcool é responsável por 62% das internações por drogas


Álcool é responsável por 62% das internações por drogas

Além do dano social,  a droga que mais gera custo, por internações, para a  saúde pública não é a maconha, a cocaína ou o crack, mas um velho conhecido: o álcool. Nos 11 primeiros meses de 2012, mais de R$ 1,13 milhão saiu dos cofres públicos baianos para custear  as internações por abuso do álcool, de acordo com o Datasus.

O valor é R$ 375 mil a mais  do que  total gasto nas internações por todas as outras substâncias psicoativas que é de  R$ 755 mil. Segundo a secretaria estadual de saúde, os casos de internações por álcool e drogas na Bahia se manteve estável nos últimos quatro anos - à exceção  de uma queda apresentada em 2012. O dado disponível até novembro registra 1.897 internações, contra  2.500 em 2011.

O abuso do álcool  responde por 62% das hospitalizações por drogas nos últimos três anos. Somado às hospitalizações pelo uso de drogas múltiplas,  respondem por quase 90% das internações por intoxicações no SUS.

A proporção elevada, segundo especialistas, reflete o consumo habitual de substâncias etílicas. Mais da metade da população brasileira adulta (52%) consome bebidas alcoólicas, contra 3% dos usuários de maconha e 2% de cocaína, conforme indica levantamentos da Secretaria Nacional Antidrogas e o Nacional de Álcool e Drogas.

Para o diretor do Centro de Informações Antiveneno (Ciave, centro de referência em toxicologia estadual),  Daniel Rebouças, os números podem ser ainda maiores. "Os usuários só procuram atendimento médico quando algo 'sai do normal'. Normalmente, passa despercebido até nas unidades médicas", explica.
Ele conta que, apesar do centro possuir um atendimento especializado em intoxicação, os casos de  abuso de drogas que chegam são ínfimos: apenas 2,6% do total. "É somente a pontinha do iceberg", diz.

Condutas - O fato do álcool ser uma droga lícita e socialmente estimulada agrava  o quadro, segundo explica a psicóloga e socióloga Andrea Domanico. Segundo ela, há medidas simples que poderiam ser adotadas para evitar intoxicações, como alternar o uso com um copo de água, para evitar os danos causados pela desidratação da bebida.

Outro problema são as associações. A mistura do álcool com a cocaína, por exemplo, produz o cocaetileno, substância com sintomas graves e  pouco conhecidos.

O professor Luís Rodrigues (nome fictício), 27 anos, começou a beber mais tarde do que o usual, aos 17 anos. Mas, mesmo virando dependente da maconha e da cocaína logo depois, considera o álcool o mais difícil de largar.

Experiências -  "A bebida foi a substância que mais me fez fazer bobagem. É mais difícil de parar também, devido aos amigos", conta. 

Com ajuda dos Narcóticos Anônimos, ele consegue controlar a cocaína, "o mais prejudicial pelo domínio que exerce", segundo ele, mas a maconha não tem planos de deixar. "Gosto da sensação".
Já o empreendedor Fábio Araújo, 30 anos,  conseguiu superar todas as drogas e se mantém "limpo" há dois anos.

A bebida entrou na sua vida aos poucos, ainda criança, mas foi apenas uma das drogas que rodearam sua juventude. A lista é grande:  maconha, pílulas, cola, benzina, LSD, cocaína, pitiro (maconha com crack) e o próprio crack. "A cocaína era o que eu mais usava, pois combinava mais com o álcool. Dependendo da festa não tinha 'discriminação', mas nunca faltava o  principal: cigarro e cachaça", diz.

Há quatro anos,  ele  resolveu parar.  "Me sentia dominado por algo inferior a mim. Gostava de usar e não de ser usado", diz.

Retirado de: THCFloripa, para acessar o link, clique aqui.

13/04/2013

A relação do câncer com as drogas ilícitas


A relação do câncer com as drogas ilícitas



Autor: DR. THIAGO MARQUES FIDALGO


São amplamente divulgados os malefícios e a relação do consumo do álcool e do tabaco com o desenvolvimento do câncer. Porém, pouco se fala sobre quais os impactos da dependência de drogas ilícitas em relação a essa doença. Cada droga afeta o corpo humano de uma maneira diferente. A ação de cada uma delas vai depender de uma série de variáveis. O que todas elas têm em comum é o fato de causarem dependência; ou seja, todas agem em uma determinada região do cérebro, liberando dopamina e gerando prazer, o que faz com que alguns indivíduos não tenham controle e busquem sempre mais aquela substância.

Segundo Dr. Thiago Marques Fidalgo, do Núcleo de Psico-Oncologia do A.C.Camargo, as drogas podem ser divididas em três grupos: os depressores do sistema nervoso central, os estimulantes e os perturbadores. Os depressores, como o próprio nome diz, deixam a pessoa "para baixo, desaceleram", tiram a ansiedade. É o caso do álcool e dos solventes, como a cola, por exemplo. Já os estimulantes fazem o contrário, deixam a pessoa "ligada, para cima, agitada, se sentindo poderosa". Aumentam a pressão arterial e a frequência cardíaca, como a cocaína e o crack, além das anfetaminas. Por fim, temos os perturbadores, que alteram a forma como a pessoa percebe a realidade, podendo gerar alucinações e delírios. Nesse grupo entram a maconha e os cogumelos.

A relação dessas drogas com o câncer depende do tipo utilizado, explica o psiquiatra. "Na verdade, existem poucos estudos sobre a influência das drogas ilícitas no surgimento de cânceres por uma questão de saúde pública. O cigarro e o álcool são, sem sombra de dúvida, as drogas mais utilizadas em nossa sociedade. Dessa forma, são as com maior impacto sobre a saúde das pessoas e, por isso, as mais estudadas", afirma.

A cocaína inalada aumenta o risco dos tumores de cabeça e pescoço, com destaque para as lesões de nasofaringe. Além disso, afeta a traquéia e os pulmões, já que o pó e, principalmente, as impurezas que vêm com ele, se acumulam nos alvéolos e geram inflamação local. O mesmo se observa com o crack, mas que, por ser fumado, costuma gerar mais lesões de orofaringe. A maconha tem influência no desenvolvimento de tumores das vias aéreas, muito semelhante ao cigarro.

Faltam estudos também para confirmar se ainda há riscos do surgimento de câncer para os ex-usuários de drogas. "Provavelmente o risco diminui após um longo período sem fazer uso da substância. No entanto, esse risco sempre vai ser maior do que o de uma pessoa que nunca usou drogas. O mesmo se observa com o cigarro e com o álcool. Depois de muitos anos de abstinência, o risco diminui muito, mas continua sempre um pouco maior que o da população em geral", afirma Dr. Thiago.

O tratamento do usuário de droga que desenvolve câncer deve ser global, ou seja tratar paralelamente o câncer e a dependência da droga. No entanto, existem poucos centros no mundo que fazem esse tipo de tratamento combinado. Nesse sentido, o A.C.Camargo tem sido inovador, ao focar na questão da dependência durante o tratamento oncológico. Os estudos mostram que abordar a questão da dependência no momento do diagnóstico do câncer aumenta a aderência a ambos os tratamentos, e as chances de sucesso. Vale ressaltar que o envolvimento da família em ambos os casos é fundamental.


Retirado de: ACCAMARGO, para ver o artigo clique aqui.
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