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18/07/2013

Maconha medicinal para menores de 18 anos

Maconha medicinal para menores de 18 anos

 HypeScience



No Brasil, a maconha (ou marijuana) é ilegal. Em 17 estados americanos, no entanto, até criança pode obter a substância. Claro, com restrições. Mas pessoas com menos de 18 anos que tenham uma condição de saúde limitadora podem receber prescrição de maconha medicinal.
O tema voltou à debate nos EUA recentemente porque o estado de Massachusetts em breve será mais um que vai permitir a maconha medicinal a crianças.
Só que a Academia Americana de Pediatria se opõe ao uso da droga por menores de idade, porque isso não foi clinicamente testado (e nem deve ser no futuro próximo, porque é eticamente bastante complicado sujeitar crianças ao uso de uma substância ilegal). O tratamento também não foi aprovado pela Administração de Drogas e Alimentos dos EUA.
Ainda assim, nesses 17 estados americanos e em Massachusetts, crianças vão poder usar a terapia alternativa, mas precisarão de autorização por escrito de dois médicos diferentes, um dos quais deve ser um pediatra, e o consentimento dos pais.
No Brasil e no mundo
EUA, Canadá, Reino Unido, Holanda, França, Espanha, Itália, Suíça, Israel e Austrália são alguns países em que o uso da maconha para fins medicinais é permitido ou parcialmente permitido (geralmente, o cultivo domiciliar e o consumo são liberados perante receita médica). Em janeiro desse ano, o senado da República Tcheca também aprovou o uso medicinal da maconha, que vêm ganhando força em várias partes do mundo.
Na Holanda, onde até o consumo recreativo é liberado, a maconha medicinal só deve ser prescrita como última alternativa para o tratamento de dores crônicas, rigidez muscular e espasmos provocados pelo câncer, náuseas provocadas por tratamentos quimioterápicos, perda de apetite provocada por Aids e anorexia, esclerose múltipla, síndrome de Tourette, mal de Alzheimer, distrofia muscular, fibromialgia, caquexia e esclerose lateral amiotrófica.
No Brasil, a legislação não prevê o uso da maconha para fins terapêuticos. Em maio de 2010, um simpósio científico internacional organizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas discutiu a criação de uma agência nacional para regular o uso medicinal da maconha no país, mas isso ainda não saiu do papel.
A Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece que a maconha pode ser medicamento, apesar da proibição da Convenção Única de Entorpecentes, datada de 1961 e assinada por diversos países incluindo o Brasil, mas somente quando as nações oficializam uma agência especial (ou seja, regulam o consumo medicinal) da planta cannabis.
Maconha para criança?
Pode parecer extremamente controverso, polêmico e até bizarro, mas as mães não descartam a possibilidade de usar marijuana para tratar seus filhos.
“Eu posso tentar, especialmente se o meu filho estiver com dor”, disse a mãe americana Tonya Rogalski, de West Springfield. “Mas eu precisaria de muito mais informações, faria uma pesquisa e um monte de perguntas para os médicos”.
Algumas das condições para as quais as famílias mais usam maconha medicinal para tratar são autismo, câncer e convulsões.
No caso do americano Zaki Jackson, de 11 anos, a maconha medicinal tem sido uma salva-vidas. Jackson foi diagnosticado aos seis meses de idade com uma forma de epilepsia tão grave que causava até 250 convulsões por dia. Seus pais tentaram 17 medicamentos diferentes ao longo de um período de 10 anos para tentar acalmar suas convulsões, mas nada funcionou.
Até que o médico de Zaki prescreveu maconha. “Somos cristãos”, conta a mãe de Zaki, Heather. “Somos conservadores. E estamos usando maconha medicinal. Apesar do estigma associado a cannabis, eu devia a Zaki pelo menos experimentá-la”.
E deu certo. “Ele não teve quaisquer convulsões após sua primeira dose”, relata a mãe. Nos oito meses desde Zaki começou o tratamento, ele finalmente foi capaz de fazer atividades normais de criança, como brincar em uma balança.
Ano passado, no estado americano de Oregon, Mykayla Comstock, de 7 anos, também passou a usar maconha medicinal para aliviar os sintomas de sua doença: leucemia da célula T, um tipo agressivo de câncer de sangue. A droga ajuda a menina a comer e dormir.
No mês passado, o estado de New Jersey, também nos EUA, aprovou a remoção de algumas barreiras que proibiam crianças de serem beneficiadas pelo programa do governo que permite o uso de maconha medicinal no combate a doenças graves. Muito da aprovação se deveu a comoção geral pelo caso de Vivian, a filha de 2 anos de idade do casal Meghan e Brian Wilson, diagnosticada com síndrome de Dravet, uma forma grave de epilepsia e doença mortal. Os pais da criança disseram que encontraram casos semelhantes no Colorado e na Califórnia onde crianças responderam positivamente na prevenção aos ataques epilépticos, mas não podiam explorar essa opção de tratamento para a filha deles.
Os críticos da maconha pediátrica, incluindo a Academia Americana de Pediatria, argumentam que a prescrição de marijuana para crianças ainda não foi suficientemente testada e os efeitos a longo prazo do uso juvenil são desconhecidos. Outros grupos, como o Instituto de Medicina Cannabis, afirmam que a maconha pode ser produzida de forma a minimizar suas qualidades psicoativas.
No caso de Zaki, sua maconha foi especialmente criada para ter baixos níveis de THC, a substância psicoativa na droga, mas altos níveis de um canabinoide chamado canabidiol, ou CBD. Embora tanto THC e CBD impactem positivamente sintomas como dor, náuseas e convulsões, a CBD não é psicoativa, ou seja, as crianças que usam esse tipo de maconha não ficam “doidas”.
Ainda assim, alguns especialistas são céticos. A Dra. Sharon Levy, do Hospital Infantil de Boston (EUA), reitera que faltam estudos clínicos. Levy também observa que algumas substâncias que uma dia prometeram curas há muito foram descartadas como ineficazes ou prejudiciais. “Um par de gerações atrás, os médicos recomendavam tabaco como um bom método de relaxamento ou para aliviar o estresse”, diz. “Agora parece inacreditável”.

Para saber mais, clique aqui.

15/07/2013

Pesquisa brasileira mostra alterações cerebrais durante abstinência do álcool

Pesquisa brasileira mostra alterações cerebrais durante abstinência do álcool

Estudo da Unifesp aponta aumento no número de receptores canabinoides no cérebro durante crises de abstinência, o que pode ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos e terapias

Guilherme Rosa
abstinência
Durante uma crise de abstinência, um alcoólatra pode passar por diversas alterações de humor, se sentindo agitado, ansioso, deprimido ou irritado. Ele também pode passar por náuseas, tremedeiras, hipertensão e até convusões e delírios. Isso tudo pode ter relação com uma alteração no sistema canabinoide em seu cérebro (Thinkstock)
Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos alcoólatras quando tentam se livrar do vício são as crises de abstinência. Após anos consumindo a substância regularmente, o corpo reage ao corte repentino da bebida com uma série de sintomas como ansiedade, irritabilidade, tremores, náuseas e, em casos mais extremos, convulsões e delírios. Pesquisadores do Laboratório de Neurobiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) descobriram que, durante essas crises, algumas regiões cerebrais diretamente envolvidas com a dependência sofrem alterações importantes, com um aumento na produção de receptores canabinoides.
O cérebro humano produz uma série de substâncias conhecidas como endocanabinoides, que possuem estrutura semelhante ao tetrahidrocanabinol (THC) — componente responsável pelos principais efeitos da maconha. Essas substâncias possuem várias funções corporais, entre elas a regulação de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, relacionados a transtornos psiquiátricos, ao sistema de recompensa do cérebro e à dependência.
No estudo, a intenção dos pesquisadores da Unifesp foi analisar a quantidade de receptores a esses endocanabinoides que poderia ser encontrada no cérebro de camundongos em meio a crises de abstinência. Para isso, eles forneceram aos animais doses diárias de álcool, e separaram aqueles que pareciam mais sensíveis aos efeitos da droga daqueles que se mostraram resistentes.
Após 21 dias, eles cortaram a administração do álcool. Ao analisar o cérebro dos animais, eles descobriram que a ausência súbita da substância produzia, apenas nos ratos mais sensíveis, um aumento na quantidade de receptores canabinoides em regiões responsáveis pela aprendizagem, memória, emoções, motivação, tomada de decisão e estresse. “Além disso, uma nova dose de álcool reverteu totalmente os efeitos da abstinência sobre estes receptores”, afirma Cassia Coelhoso, pesquisadora da Unifesp e uma das responsáveis pelo estudo.
Tratamento contra alcoolismo — Segundo os pesquisadores, ainda não é possível saber por que o número de receptores canabinoides aumenta nesses animais. “Não sabemos se esse aumento causa os sintomas de abstinência ou se ele acontece justamente para diminuir esses efeitos. Precisaremos de mais pesquisas para saber se ele é um desencadeador da crise ou um protetor do sistema nervoso”, afirma Renato Filev, pesquisador da Unifesp e coautor do estudo.
Para o cientista, o que a pesquisa mostra claramente é uma relação entre os receptores canabinoides e o alcoolismo. Isso pode levar, no futuro, ao desenvolvimento de melhores tratamentos para a dependência da substância. “O sistema endocanabinoide pode ser um importante alvo terapêutico para o alcoolismo, principalmente durante a fase de abstinência, caracterizada por altas taxas de recaídas. No futuro, podemos encontrar algum tipo de molécula que possa manipular esse sistema. O problema é que ainda não sabemos se procuramos por algo que o ative ou desative”, afirma o pesquisador. 

Para ver o artigo da Veja completo, clique aqui.

09/07/2013

Dependência química e acesso: qual o melhor foco de atenção pública?

Dependência química e acesso: qual o melhor foco de atenção pública? 

Renato O. Rossi

Encerrado neste dia 25, o ciclo de debates Um Novo Olhar Sobre o Dependente Químico, que aconteceu na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e trouxe uma proposta bastante polêmica. "Fomos muito cobrados de que o poder público não ajuda na reinserção de usuários de drogas", alega o presidente da Comissão de Enfrentamento ao Crack, o deputado estadual Vanderlei Miranda. Ainda não há resposta definitiva sobre o posicionamento de instâncias superiores estaduais frente a essa proposta, de reservar 10% das vagas de concursos públicos para dependentes químicos.

Até aí a ideia pode parecer bastante positiva e até vanguardista. Mas antes precisamos discutir certos aspectos no contexto da dependência química, como acesso, deficiência e políticas de saúde.

Primeiro acesso, sim. É compreensível que o dependente químico possa encontrar dificuldade em relação a assumir seus direitos enquanto cidadão. Em termos de trabalho, de busca de serviços de saúde, de políticas de ação social de que poderia ser beneficiado. Muitos dependentes, e talvez os que mais precisem de políticas públicas direcionadas, são aqueles que têm mais dificuldade para se ter acesso. Pessoas em situação de rua, em muitos dos casos em envolvimento com drogas de abuso, são as que mais precisariam desse direcionamento. Mas agora temos que pensar um ponto: o acesso a trabalho, por mais importante que seja, é de fato a maior prioridade para os que mais tem necessidade de atenção do Estado? E, para aqueles que não estão em situação de rua, quais suas principais necessidades?

E deficiência. Tradicional e logicamente, separação de vagas em concursos públicos e benefícios para empresas que têm este tipo de discriminação de vaga têm a ver com inserção. E quem precisa mais de inserção senão aqueles com alguma limitação do acesso ao emprego? Deficientes físicos, mentais, portadores de certas doenças que possam ser obstáculos para esse acesso são os principais beneficiados com essas políticas de separação de vagas. Mas onde neste ponto estariam os dependentes químicos? Onde estaria seu obstáculo objetivo?

E políticas de saúde. Ou falta delas. O foco da atenção governamental em relação às drogas tem sido muito voltado para a área de penalização e de segurança pública. O dependente é muitas vezes tratado como criminoso, não como alguém que necessita de uma intervenção de saúde. Podemos entender melhor isso vendo exemplos internacionais. A Holanda recentemente passou a cogitar o fechamento de alguns presídios por falta de presos para ocupar as vagas. Já os Estados Unidos possui a maior população carcerária do mundo, com a maioria estando presa devido ao envolvimento com drogas em algum nível. Historicamente, a Holanda foi um grande expoente das políticas de Redução de Danos, enquanto os EUA foram os pioneiros da "War on Drugs" (Guerra às Drogas). Coincidência? E quanto ao Brasil? Faça um exercício simples: pegue alguns jornais em qualquer dia e marque em quantas matérias é citado o tema das drogas. Feito isso, divida em quantas o foco era policiamento/segurança pública e em quantas o foco era saúde. Esse será o posicionamento do Brasil. Você vai se surpreender!

A possibilidade de aumentar o acesso dos dependentes químicos a direitos fundamentais é sempre positivo, mas precisamos pensar se o foco está bem direcionado. Dependência não é deficiência. Sob um olhar oliveinsteiniano da dependência, a droga não é em si o problema, mas sim a relação indivíduo-droga. Seus traços de personalidade e vulnerabilidades individuais aumentariam a chance do desenvolvimento dessa relação patológica com pessoas, comportamentos ou substâncias. E relações patológicas são melhor tratadas em contexto de saúde. E populações de dependentes químicos são melhor tratadas em contexto de políticas públicas de saúde. Há que se investir em uma rede ampla e articulada de saúde mental, que inclua o dependente e que dê espaço a ele. Consultórios de rua, CAPS-AD, um serviço de atenção básica que consiga recepcionar e intervir diretivamente com o dependente. Tantas coisas que se mostram como base para a reabilitação do indivíduo, para que este não se veja e que seja visto apenas como dependente, mas como pessoa. E que a deficiência do dependente, que só existe no olhar enviesado da sociedade, possa ser revertida.

Mais informações sobre este assunto, clique aqui.

*Renato Rossi:
Residente de Psiquiatria da UNIFESP
Colaborador do Causas Perdidas

05/07/2013

Programa reduz em 20% consumo de álcool entre adolescentes

Programa reduz em 20% consumo de álcool entre adolescentes

Por Karina Toledo

Agência FAPESP – Pesquisadores australianos conseguiram reduzir em 20% o consumo de álcool entre adolescentes por meio de um programa que busca conscientizar os jovens, de forma lúdica e sintonizada com a sua realidade, sobre os riscos associados ao excesso de bebida. A metodologia está sendo adaptada para as escolas brasileiras por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo Ana Regina Noto, coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Saúde e Uso de Substâncias (Nepsis) do Departamento de Psicobiologia da Unifesp, a ideia de desenvolver a versão brasileira do School Health and Alcohol Harm Reduction Project (SHAHRP), implantado com sucesso na Austrália, surgiu após a conclusão de uma pesquisa de seu grupo, divulgada em 2010, que revelou índices alarmantes de consumo de álcool entre alunos do 8º e 9º anos do ensino fundamental.
De acordo com o levantamento, 40% dos 5.226 entrevistados de escolas privadas paulistanas haviam bebido no mês anterior ao questionário – sendo que 33% em um padrão considerado nocivo e conhecido como binge – quatro ou mais unidades de álcool para mulheres e cinco ou mais para homens em uma única ocasião.
“O que esse projeto tem de diferente é o fato de apostar na capacidade do adolescente de fazer escolhas mais seguras quando estimulado a isso. O programa incentiva o estudante a tirar suas próprias conclusões em vez de simplesmente tentar ensiná-lo a dizer ‘não’ como uma opção predefinida. Talvez por esse motivo, o SHAHRP apresenta melhores resultados quando comparado a muitos outros do gênero”, disse Noto.
Com base em evidências científicas, acrescentou Noto, o programa parte do pressuposto de que situações de uso de álcool entre adolescente ocorrem – muitas vezes com a anuência da família –, embora a venda de bebida para menores de 18 anos seja proibida por lei. “Por esse motivo, é preciso abrir espaço de conversa sobre essas situações”, disse.
“Pesquisas anteriores mostraram que as abordagens baseadas simplesmente em convencer o jovem a não beber eram falhas. Muitas vezes tinham até impacto negativo, causando aumento do consumo em vez de redução. Decidimos tentar algo diferente”, contou Nyanda McBride, pesquisadora do National Drug Research Institute, da Austrália, e uma das idealizadoras do SHAHRP.
Antes de desenvolver a metodologia, McBride entrevistou professores e especialistas em prevenção e conversou com os estudantes. O objetivo era conhecer onde, como e com quem eles costumavam ingerir álcool, bem como as situações de risco às quais estavam expostos.
“Se vocês nos disserem para não beber vamos simplesmente desligar nossos ouvidos, pois não é assim que queremos viver nossa vida, nos avisaram os jovens”, disse a pesquisadora australiana àAgência FAPESP.
McBride então desenvolveu uma estratégia de intervenção para ser aplicada nas escolas dividida em duas fases. Na primeira, voltada para estudantes de 12 a 13 anos que começam a ter contato com álcool, eram realizadas oito sessões de uma hora cada. A segunda fase, aplicada um ano depois, contava com quatro sessões de uma hora.
Além de passar informações, a missão dos professores era ajudar os jovens, por meio de jogos e atividades interativas, a desenvolver suas próprias estratégias para reduzir os riscos associados ao consumo de álcool. A metodologia foi aplicada num grupo de aproximadamente 2,5 mil estudantes. Metade fazia parte do grupo controle e foi submetida a um programa regular de prevenção de drogas.
Posteriormente, os jovens foram acompanhados por 32 meses e foram avaliados seus conhecimentos e atitudes relacionados ao álcool, a quantidade total de bebida ingerida, o padrão de consumo e os danos que eles haviam sofrido.
O consumo total de álcool no grupo que recebeu a intervenção foi 20% menor quando comparado ao controle. Além disso, o consumo no padrão binge nesse grupo foi 19,5% menor. Os jovens apresentaram um conhecimento relacionado ao álcool 10% maior e vivenciaram 33% menos danos relacionados a questões sexuais, violência, problemas com a lei, a família ou a escola.
“Continuamos medindo um ano após o término do programa e observamos que o impacto comportamental havia se mantido. A metodologia foi replicada em escolas na Irlanda do Norte com resultados muito semelhantes. Uma das chaves principais é a inclusão das experiências reais dos jovens participantes. Nosso objetivo é tornar essas experiências mais seguras”, contou McBride.
Processo de adaptação
A adaptação do SHAHRP para a realidade brasileira está sendo feita durante o doutorado de Tatiana de Castro Amato, com Bolsa da FAPESP, e sob a orientação de Noto, que também conta com um Auxílio à Pesquisa – Regular.
“Temos feito entrevistas com adolescentes desde 2012 e também com professores e coordenadores pedagógicos para conhecer a percepção que tinham sobre o consumo de álcool, os problemas associados e também para tentar definir qual seria a carga horária ideal e o professor mais indicado para realizar as atividades em sala”, contou Noto.
Uma primeira versão brasileira do programa – dividida em oito sessões de uma hora cada – foi elaborada e está sendo aplicada de forma piloto em quatro escolas particulares, sendo três na capital e uma no interior. Outras quatro escolas estão participando como grupo controle.
“Nas primeiras sessões são oferecidas informações, mas com muito convite à reflexão. Da metade do programa em diante são apresentadas situações de risco e os adolescentes têm de elaborar estratégias para lidar com os problemas”, disse Noto.
A faixa etária de 12 a 13 anos foi escolhida porque estudos epidemiológicos brasileiros indicam que é nessa idade que ocorre o primeiro contato com o álcool. “O consumo nessa faixa ainda é baixo, mas há uma tendência natural de aumento com o avanço da idade. Esperamos que o grupo que recebe a intervenção apresente menor consumo após seis e 12 meses, quando comparado ao grupo de controle”, disse Noto.
De acordo com a pesquisadora, foram inicialmente selecionadas escolas particulares porque, de acordo com as evidências científicas, quanto maior é o poder aquisitivo do jovem, maior é o consumo de álcool.
“O programa tem sido bem recebido pelos estudantes e algumas escolas já pensam em incorporá-lo ao currículo definitivamente. Também temos um convite para fazer uma adaptação para as escolas públicas de Minas Gerais e, no futuro, vamos tentar aplicar em São Paulo para jovens de outros contextos”, contou. 

Artigo completo, clique aqui.
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