POR RODRIGO RODRIGUES
 
A cidade de Curitiba deve ser a primeira capital a importar o modelo de tratamento de usuários de crack criado pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), através do programa “De Braços Abertos”. 
 
A partir de 26 de março a administração do prefeito Gustavo Fruet (PDT) deve inaugurar um serviço que recebeu o nome de “Intervidas”, que tem como objetivo resgatar os usuários de crack que circulam pelos bairros e vias da capital paranaense, que segundo levantamento da prefeitura com a FioCruz são estimados em mais de 12 mil dependentes químicos. 
 
Ao invés de tendas, como acontece em São Paulo, o “Intervidas” paranaense deve ter dois ônibus adaptados para atendimento e transporte dos agentes de saúde. 
 
Esses ônibus iram aportar nos pontos de maior incidência de usuários, fazendo a abordagem e oferecendo ajuda e serviços públicos aos usuários da droga.
 
“Em Curitiba nós não temos uma região conhecida como Cracolândia, como São Paulo. Mas o princípio do programa é o mesmo: a geração de vínculo e o oferecimento de suporte básico para que as pessoas possam ingressar no tratamento contra a dependência e recomeçar a vida”, explica Diogo Busse (PPS), diretor de Política Pública Sobre Drogas da Prefeitura de Curitiba.
 
Busse afirma que visitou o projeto de “De Braços Abertos” da prefeitura de São Paulo antes de fechar o plano de atuação curitibano de ajuda aos usuários de crack. 
 
Segundo ele, a concepção do projeto paulistano inspirou o programa paranaense por justamente promover a reinserção social dos dependentes químicos.
 
“Oferecer serviços públicos e condições básicas de apoio antecede o tratamento médico terapêutico. É uma política inicial de redução de danos que ajuda os próprios usuários a buscarem ajuda, porque eles se sentem mais confiantes para receber apoio médico e largam a droga gradativamente. A ideia de São Paulo de oferecer trabalho, criação de vínculo e não condicionar a ajuda ao tratamento ambulatorial nos ajudou a formatar os serviços que vamos oferecer”, afirma Diogo Busse.
 
O diretor Diego Brusse, da Política Pública sobre Drogas de Curitiba (PR) 
 
Assim como o programa paulistano, o “Intervidas” fechou parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) para encaixar os trabalhadores em empregos privados, além de oferecer opção de trabalho em ações da prefeitura municipal. 
 
Os ônibus de apoio oferecerão atividades culturais, práticas de esporte e opções de curso de capacitação, além de ajuda psicosocial, médica e odontológica. 
 
Cinco secretarias curitibanas devem participar do novo programa, numa equipe de aproximadamente 60 pessoas, segundo o diretor de Política Pública Sobre Drogas de Curitiba. 
 
“A ideia é não condicionar a prestação desse serviço ao tratamento químico, porque a abstinência é a maior causa de fracasso de ações de recuperação. Como já acontece em São Paulo, é natural que os assistidos por esses programas de redução de danos gradativamente deixem a droga de lado em função das atividades de lazer, do trabalho e dos cursos de capacitação, indo procurar ajuda nas vagas que disponibilizaremos nos Centros de Recuperação”, aponta Diogo Busse.
 
 
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