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03/06/2013

Resposta Folha de S. Paulo

Resposta Folha de S. Paulo * Unifesp


Resposta Folha de S. Paulo Na edição da Folha de S. Paulo de 25 de maio, o repórter Luiz Caversan comete um grave equívoco de informação, no artigo: "As drogas e a guerra perdida", publicado em sua coluna. Segundo escreve Caversan: "(...) E ao que tudo indica o principal Estado e principal cidade do país consolidam esta linha de atuação, conforme ficou claro na participação do psiquiatra Ronaldo Laranjeira no programa Roda-Vida (TV Cultura) da última segunda-feira. Laranjeira, porta-voz de tudo o que se refere a drogas na Universidade Federal de São Paulo, agora também é responsável pela aplicação do programa do governo do Estado em que a tal "bolsa crack" se inclui e ainda por um outro programa referência da prefeitura paulistana, no populoso hospital Heliópolis." A afirmação segundo a qual o psiquiatra Ronaldo Laranjeira é "porta-voz de tudo o que se refere a drogas na Universidade Federal de São Paulo" é absolutamente incorreta. 

As posições defendidas pelo Prof. Ronaldo Ramos Laranjeira no Programa Roda-Viva exibido na semana passada na TV Cultura expressam sua posição pessoal sobre o tema, não sendo consensual nesta universidade. Como é próprio à natureza de uma universidade plural e democrática, há espaço para amplo debate de ideias e coexistem diferentes pontos de vista sobre esta e outras questões. 

Existem na Unifesp outros pesquisadores atuantes na mesma área, também reconhecidos nacional e internacionalmente, que não compartilham do seu ponto de vista e se posicionam a favor das políticas de redução de danos e outras iniciativas que visam promover uma visão mais abrangente da questão, não a limitando a ações na área da saúde mas promovendo ações educativas, de reinserção social e discussão política sobre os aspectos legais envolvendo esta complexa questão. Prof. Dra. Florianita Coelho Braga Campos Pró-reitora de Extensão da Unifesp.

04/03/2013

Dependência sexual: Mais um post para tirar dúvidas!

A dependência sexual é um problema que merece ser diagnosticado e tratado. Tire agora suas principais dúvidas sobre o assunto

Por Diogo Sponchiato


Viciados em sexo
O jogador de golfe americano Tiger Woods, alvo de um escândalo recentemente, declarou sofrer de dependência sexual. De fato, o ser humano pode ficar obcecado pelo bem-bom. Só que, longe de ser uma fonte inesgotável de prazer, esse comportamento transforma o sexo em um grande problema. Tire suas dúvidas sobre o problema.

Existe vício em sexo?
Sim. Trata-se de um transtorno mental marcado por uma profunda dependência de sexo. O indivíduo não para de pensar no assunto e está sempre sedento por satisfazer seu prazer. A questão é que, nesses casos, o homem ou a mulher perde o controle da situação e, aí, essa compulsão passa a atrapalhar a vida social.

Quais as características de um dependente sexual?
A primeira — e mais evidente — é a de uma pessoa que não consegue se controlar frente aos impulsos sexuais ou pensamentos que remetem à atividade entre os lençóis. Muitos dos dependentes se tornam, por exemplo, visitantes assíduos de sites pornográficos. O indivíduo perde a noção de que existem momentos e locais certos para transar ou se masturbar. “Esse comportamento passa a comprometer o convívio com os outros”, afirma o psiquiatra Aderbal Vieira Júnior, do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo (Proad-Unifesp).

Quem está mais sujeito a essa compulsão?
São os adultos, entre 30 e 60 anos. Na adolescência, a explosão dos hormônios faz com que, naturalmente, o indivíduo se descubra sexualmente e pense mais no assunto — inclusive devido às suas inseguranças. Já depois dos 70 anos, problemas neurológicos podem afetar o discernimento sobre a vida sexual. Por isso, pessoas mais velhas podem apresentar comportamentos sexuais esquisitos.

Homens ou mulheres: quem sofre mais de compulsão sexual?
“A procura dos homens por ajuda é brutalmente maior do que a das mulheres”, diz o psiquiatra Aderbal Vieira Júnior. Isso não significa, porém, que só marmanjos enfrentem o problema. Embora se avalie que a compulsão seja mais típica no sexo masculino, muitas mulheres deixam de buscar auxílio médico por puro preconceito.

Dependência de sexo só envolve relação a dois?
Não. Há muita gente que, louca por sexo, transforma a masturbação ou o voyeurismo em suas fontes de deleite. Outra parcela dos dependentes sexuais só consegue se contentar (por alguns minutos ou horas) depois de transar com alguém.

Há tratamento para esse vício?
Felizmente, sim. O médico Aderbal Vieira Júnior lista e explica as principais abordagens terapêuticas:

1. Psicoterapia psicodinâmica: o terapeuta ajuda o paciente a compreender melhor sua sexualidade e a decifrar por que o sexo tem um papel tão excessivo em sua vida. Assim, pode orientá-lo a traçar estratégias para derrubar a compulsão.
2. Terapia cognitivo-comportamental: nesse caso, o foco é identificar hábitos e promover mudanças de comportamento capazes de repelir a dependência sexual.
3. Medicamentos: em algumas situações mais graves, os especialistas receitam antidepressivos, medicamentos que atuam no sistema nervoso e rebaixam a libido. Os remédios podem também ser coadjuvantes da psicoterapia.

Serviço
Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo
Site: http://www.proad.unifesp.br/
Telefone: (11) 5579 1543


Para ver artigo completo da revista Abril, clique aqui.
Créditos ao autor: Diogo Sponchiato

28/02/2013

Hospital São Paulo recebe recursos do governo de São Paulo

Hospital São Paulo recebe recursos do governo de São Paulo


São Paulo, 27 de fevereiro de 2013 - Na manhã desta quarta-feira, 27/02, o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, esteve presente no Hospital São Paulo, hospital universitário da Unifesp, para anunciar um repasse no valor de R$ 77,3 milhões à instituição.
Os recursos, que integram o Projeto de Modernização dos Hospitais Universitários do Estado, serão revertidos em obras para melhoria das unidades. Realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, o investimento deverá ser efetuado em sua totalidade até 2015. Somente neste ano, serão repassados pela pasta cerca de R$ 6 milhões ao hospital.
Geraldo Alckmin reconheceu o hospital como um dos principais centros médicos de São Paulo no que diz respeito às áreas de assistência, ensino e pesquisa. “O hospital é um grande parceiro do governo, e assim como os outros hospitais administrados pela SPDM, oferece atendimento com qualidade e eficiência à população”, ressaltou o governador.
De acordo com o superintendente do HSP, José Roberto Ferraro, o Projeto de Modernização dos Hospitais Universitários do Estado será muito importante para o hospital, e os recursos serão devolvidos em forma de atendimento de qualidade para toda a população.
A reitora da Unifesp, Soraya Smaili, destacou as atividades desenvolvidas pelo HSP, como a assistência e a pesquisa, com ênfase ao ensino e seus programas de pós-graduação e residências médica e multiprofissional. A reitora aproveitou a ocasião para reforçar o compromisso da Unifesp para o fortalecimento do HSP.
Estiveram também presentes o Secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Giovanni Guido Cerri, o Presidente do Conselho Gestor do Hospital São Paulo, Flávio Faloppa, o vice-presidente da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), Ronaldo Laranjeira, o vereador Gilberto Natalini, entre outras autoridades.

Investimentos

Do total de investimentos realizados, cerca de R$ 20 milhões serão destinados à reforma e ampliação do pronto-socorro e R$ 12,8 milhões serão investidos em readequações no setor de UTI do hospital. Além disso, serão investidos mais R$ 13 milhões na readequação do setor de radioterapia e do acesso principal e outros R$ 13 milhões para a modernização dos serviços de diagnósticos do hospital. Os elevadores da unidade também serão modernizados, de acordo com as normas legais de acessibilidade, a um custo estimado em R$ 5 milhões.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Unifesp

Foto: José Luiz Guerra - Comunicação/ Unifesp

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O Hospital São Paulo

O Hospital São Paulo surgiu em 1936 em decorrência de se obter um espaço em que os alunos pudessem ter um espaço para sua prática.

Em 1940 foram inaugurados os quatro primeiros andares do Hospital São Paulo, com 120 leitos e desdobrado o pavilhão Dona Maria Tereza. Tempos depois o pavilhão passaria a agasalhar em seu andar superior a sede do Centro Acadêmico Pereira Barreto, com a mudança deste para outra sede, a cadeira de Clínica Dermatológica e Sifilográfica. Posteriormente (1972), no lugar do pavilhão, foi construído um prolongamento do atual Edifício dos Ambulatórios, que leva o nome do Prof. Jairo Ramos.
O HSP possuía um equipamento ímpar para a época, como o raio X importado. O prédio possuía 2 andares, onde foram instalados os serviços da Clínica Médica e Clínica Cirúrgica.
Na planta original, o Hospital São Paulo possuiria 3 alas de 11 andares. Uma ala central, uma lateral esquerda e outra direita. O pavilhão continuou funcionando, foram instaladas 4 especialidades médicas - clínica médica, clínica cirúrgica, obstetrícia e pediatria. À medida que a medicina foi evoluindo, essas especialidades foram sendo subdivididas.
O Hospital foi sendo planejado para situá-las de andar por andar. Foram Instalados o anfiteatro para o ensino teórico e cozinha, administração, farmácia, almoxarifado. De 1940 a 1956 , período em que a EPM era uma instituição particular, o HSP pertencia a EPM - o primeiro Hospital de Ensino Próprio do Brasil. A EPM foi a primeira escola médica que teve seu hospital próprio, devido ao trabalho, esforço e dedicação de seus professores, sem subsídio do governo.
Para manter uma parte do custeio do Hospital foram colocados 60 leitos particulares. Essa receita cobre quase a metade do custeio do Hospital de Indigentes. Foram aumentando de 100, para 200 e 300 leitos. O Hospital para época oferecia um bom padrão de ensino médico.
No começo da década de 60, o Hospital precisou de receita, e a escola oferecia uma verba para ajudar e o Governo do estado pagava uma cota por indigente. Essas duas verbas eram insuficientes. A Escola conseguiu firmar um convênio com a Sociedade Civil e entrou no orçamento uma verba própria para o Hospital. Por questões jurídicas, a Sociedade Civil mudou de nome e passou a ser chamada Sociedade Paulista para o Desenvolvimento da Medicina e assim se mantém até os dias atuais.
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O Proad
O Proad faz parte do complexo Unifesp - Hospital São Paulo, atuando ambulatorialmente no atendimento e orientação a dependentes (químicos e não-químicos), atuando em parceria com o Hospital São Paulo e o Hospital Estadual de Diadema, sendo que muitos pacientes são referenciados e contra-referenciados entre tais serviços serviços.

27/02/2013

Ibogaína: Revista Época - A droga da salvação


A droga da salvação - Revista Época / Nacional

Pesquisadores americanos apostam na ibogaína, uma raiz encontrada na África, para combater a dependência química

E um processo longo e doloroso. A dependência se instala no organismo, cresce e domina a pessoa. A internação é obrigatória. Depois do período de desintoxicação, crises de abstinência ainda provocam febre, náusea, dores. Durante meses, necessidades vitais, como alimentação e sono, ficam comprometidas. Vive-se um período tenso, em que as relações familiares e sociais se deterioram, a carreira entra em colapso, a recaída é iminente. Para enfrentar esse panorama sombrio, cientistas americanos apostam na ibogaína, um alucinógeno usado em rituais africanos. A idéia é que ela funcione como um antídoto às drogas mais conhecidas.

Trata-se de um alcalóide extraído da casca da raiz do arbusto Tabernanthe iboga. É consumido há séculos por tribos do Gabão, em cerimônias religiosas. Ingerido em dose elevada, provoca alucinações. Na medida certa, pode contribuir para a cura de viciados. Pesquisas recentes relatam sua eficácia em dependentes de heroína, cocaina, crack e álcool.

O Food and Drug Administration (FDA), o órgão americano que autoriza o uso de novos medicamentos, ainda não elevou a ibogaína à categoria de remédio. A substância, no entanto, vem sendo testada em voluntários pelo departamento de neurologia da Universidade de Miami há uma década. A ibogaína já é empreqada no tratamento de viciados no Centro Médico Paitilla, no Panamá, desde 1994, e no Healing visions Institute for Addiction Recovery, clínica instalada na Ilha de St. Kitts, no Caribe, em 1996. Cerca de 250 casos de dependentes reabilitados - inclusive um brasileiro -, tanto nas clínicas panamenha e caribenha, quanto em experiências isoladas nos Estados Unidos e na Holanda, foram apresentados em um congresso na Universidade de Nova York em 1999.

O alcalóide atua em duas frentes. Restabelece a produção de dopamina no cérebro, afetada pelo consumo de outras drogas. Com isso, o paciente recupera a sensação de conforto e bem-estar normal. Essa é a resposta química. Altera também comportamentos. Segundo voluntários ele provoca certa confusão mental. E comum os pacientes verem imagens do passado. Essa é a resposta psicológica. Na regressão, muitos usuários reavaliam o caminho que os teria conduzido ao vício e à dependência.

As propriedades terapêuticas da ibogaína foram documentadas pela primeira vez pelo americano Howard Lotsof, em 1962. Dependente de heroína, Lotsof, então com 19 anos, comprou um punhado da raiz de um traficante. Experimentou-a e viajou, como se diz no jargão dos consumidores de alucinógenos. Passado o efeito, verificou que já não sentia vontade de injetar heroína na veia. Induziu três amigos, todos viciados, a repetir o procedimento. O resultado foi o mesmo. Na década de 80, estabeleceu-se na Holanda, onde o consumo de drogas é tolerado, abriu uma empresa e patenteou o uso da substância em tratamentos contra a dependência de opiáceos, álcool e estimulantes. "A ibogaína é uma estrada de libertação da escravidão das drogas", afirmou Lotsof a Época.

A pedido do americano

Deborah Mash, professora de neurologia da Universidade de Miami, acompanhou o tratamento de três viciados em heroína num quarto de hotel em Leiden, na Holanda, em 1992. Ficou impressionada. "A ibogaína faz uma limpeza no corpo, na mente e no espírito", disse. No dia seguinte, conseguiu autorização do FDA para estudar a substância. As pesquisas estão no estágio de avaliação dos efeitos tóxicos.

A terapia à base de ibogaína ainda é muito controvertida. A morte de três pessoas por intoxicação com a droga, duas na Holanda e uma na Suíça, deixou as autoridades americanas ressabiadas. Experiências com animais comprovaram que a substância pode provocar convulsões e parada cardíaca. Como seu uso ainda não está autorizado nos EUA, médicos americanos têm levado o tratamento para países vizinhos, onde é aprovado pelos governos locais. A clínica caribenha pertence à neurologista Deborah Mash. Howard Lotsof assessora a equipe do Centro Médico Paitilla, no Panamá.


Os pacientes são submetidos a uma bateria de exames antes de iniciar a terapia. Depois, assinam um termo de responsabilidade. Só então são internados para ingerir uma única cápsula de ibogaína. O transe varia de 24 a 36 horas. A compulsão por outras drogas, dizem os clientes das duas clínicas, cessa ao final da viagem. Não há crises de abstinência. O tratamento dura de cinco dias a duas semanas e pode custar entre US$ 12 mil e US$ 20 mil.

O psiquiatra Dartiu Xavier diretor do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo, tem pronto um protocolo de pesquisa com voluntários. Dois de seus pacientes experimentaram a ibogaína no Exterior. "Eles largaram a cocaína", afirma. Nos EUA, a Universidade de Miami questiona a patente do medicamento, hoje nas mãos de Lotsof.

A briga nos tribunais dificulta a arrecadação de recursos da iniciativa privada para a finalização dos estudos - seriam necessários ainda US$ 30 milhões. No mundo inteiro, viciados anseiam pela liberalização da droga que pode salvá-los.

Artigo retirado do site da Unifesp, para ver o site, clique aqui.

25/02/2013

Dependência Sexual: Sim, ela existe!

Dependentes de sexo lutam para se livrar da compulsão

Carolina Iskandarian

Do G1 SP

“Eu chegava a sair com seis ou sete mulheres em uma só noite. Enquanto não acabasse o dinheiro, a adrenalina, até eu ficar exaurido, eu não parava. Depois, sentia uma grande culpa e depressão.” O relato é do representante comercial Galego (nome fictício), de 46 anos, que há sete faz tratamento contra a compulsão sexual em São Paulo.

O drama dele é o de muitos que vivem no anonimato. Caracteriza a chamada dependência do sexo ou disfunção sexual. Pessoas que, à procura da satisfação da libido, com parceiros ou não, perdem o controle. Galego conta que pagou tanto para ter prostitutas, bebidas e drogas que faliu. “Em 26 anos, gastei R$ 1 milhão com a compulsão.”

Histórias da vida real foram parar na ficção. Na novela da TV Globo Passione, Maitê Proença é Stela, uma mulher casada que tem fissura por homens mais jovens. Faz sexo com eles sem querer saber seus nomes ou marcar o próximo encontro. Em Caminho das Índias, a personagem Norminha, interpretada por Dira Paes, amava o marido, mas não tinha o menor pudor em traí-lo com um monte de desconhecidos.

“A pessoa não tem controle sobre o desejo sexual. É a necessidade de buscar mais prazer, mais parcerias. Isso pode ser através do sexo ou da masturbação”, explica o psiquiatra Alexandre Saadeh, especialista em sexualidade humana.



Prazer virtual



Com as redes sociais, o problema se agrava. “Tem gente que passa o dia inteiro programando atividades sexuais e a internet é ótima para isso”, afirma o médico, que faz parte do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo e dá aulas na PUC-SP. O estudante Leonardo (nome fictício), de 29 anos, até tentou, mas não gostou da experiência do sexo virtual.

“Você se decepciona porque as pessoas não são o que dizem. Teclam com você e com outras tantas ao mesmo tempo”, diz o rapaz. Para preencher o vazio de um relacionamento amoroso ruim, Leonardo, que é homossexual, buscou parceiros fora de casa. Isso começou há oito anos. “Olhava para um cara na rua e saía com ele ou transava com gente que encontrava em baladas GLS”, admite.

Segundo Leonardo, podiam ser cinco pessoas por semana ou duas por dia. “Eu estava totalmente perturbado, sem autoestima. Saía para ouvir dos outros que era bonito, elegante, gentil. Era o que eu não tinha no meu relacionamento”, conta ele, que há dois anos namora, se diz feliz e “equilibrado”.


Leonardo, em site de bate papo; encontro pode ser
marcado na hora. Foto: Carolina Iskandarian/ G1
Ajuda no DASA

Mesmo assim Leonardo continua a frequentar a entidade Dependentes de Amor e Sexo Anônimos (DASA). A filosofia deles é a mesma da dos Alcoólicos Anônimos (AA). Pessoas se reúnem em sessões periódicas para compartilhar os problemas. São as partilhas. Tudo é na base do diálogo e na premissa de que “só por hoje” o dependente será uma pessoa melhor, sem recaídas.

No caso do DASA, os dramas são relacionados à compulsão pelo sexo, pelo prazer ou insatisfações nos relacionamentos amorosos. “Cheguei lá e vi gente com problemas iguais aos meus. Eu me confortava em saber que não estava sozinho, que não havia preconceito e, sim, muito respeito”, afirma Leonardo sobre o DASA.

As reuniões são uma parte do “tratamento”, que é gratuito e dispensa remédios. A programação foca nos 12 passos, espécie de mandamentos que podem ajudar no processo de recuperação. Eles sugerem que os dependentes admitam o problema, rezem e até façam um “destemido inventário moral” delas mesmas para tentar reparar o mal que possam ter feito a outros. “Nossa finalidade é fazer com que a pessoa se relacione melhor com ela e com os outros de forma saudável”, explica Galego, um dos porta-vozes da entidade.

De acordo com o site do DASA, as reuniões acontecem em quatro endereços da capital paulista. Em agosto, Galego acumula sete anos de DASA e de histórias. “Tenho um companheiro de sala que se masturba 40 vezes por dia. Até sangrar. É muito difícil. Você quer parar e não consegue.” Galego afirma que, graças ao apoio que encontrou na entidade, recuperou “muitas áreas” de sua vida, como o relacionamento com a filha e dinheiro.

“Quando a pessoa chega ao DASA está detonada. Depois, começa a progredir e se afasta. Aí podem vir as recaídas”, completa Galego, que acredita ser difícil haver uma cura definitiva. A doutora em psicologia pela PUC-SP Ana Maria Zampieri concorda. “Não existe cura. Existe estar em abstinência da compulsão para o resto da vida”, atesta ela, que publicou livros sobre o tema da sexualidade.

Para Ana Maria, a busca incontrolável pelo prazer tem explicações “biológicas, psicológicas e socioculturais”. Situações de abandono ou abuso sexual na infância podem desencadear o problema. “As crianças abusadas se tornam adultos carentes, que misturam carinho, atenção com sexo. Buscam exaustivamente preencher um vazio que não vai ser satisfeito com o sexo.” O distúrbio ainda pode afetar pessoas muito tímidas, que não conseguem se relacionar.

O funcionário público de São Paulo Fabiano (nome fictício), de 41 anos, conta que foi abusado sexualmente por sua babá aos 3 anos de idade. Acredita que isso influenciou no seu comportamento no futuro. Em 1999, ele disse "estar no auge" da compulsão. "Eu não conseguia ficar um dia sem sexo. Saía antes e depois do trabalho para procurar mulheres", revela ele, que gastava dinheiro com garotas de programa.

Fabiano chegou a colocar anúncios em jornais para arrumar namorada e diz que sempre foi um menino "muito carente" e, por isso, procurava prostitutas para suprir isso. Quando se casou pela primeira vez, aos 20 anos, pareceu ter encontrado a parceira ideal. "A gente chegava a ter 20 relações por dia." Hoje, casado novamente, o funcionário público se diz controlado e aliviado em não ter mais a síndrome da abstinência sexual. "Sentia dores no corpo, calor excessivo, irritação e insônia."





Proad

Há outro caminho para tratar a compulsão sexual: a psicoterapia. O Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), oferece essa ajuda. Os médicos criaram o Ambulatório de Tratamento do Sexo Patológico em 1994. “As pessoas têm devaneios, ficam imaginando o sexo de maneira que não conseguem desligar e a perda de controle é que define a dependência”, conta o psiquiatra Aderbal Vieira Júnior, do Proad.

Segundo ele, o problema atinge tanto homens e mulheres casados como solteiros. Seja de vida pacata seja de vida promíscua. “Tem gente que vai à sauna gay e passa o fim de semana lá. Tive um paciente que fez isso e transou com 80 pessoas”, relata Vieira Júnior. “A pessoa faz quando quer, como quer e com quem quer.”

Para ver artigo na integra, clique aqui.


20/02/2013

Óxi e seus efeitos devastadores


Seis efeitos devastadores do óxi

Droga leva pasta base de cocaína, cal virgem e querosene em sua composição


Alline Menegueti
Pedras de óxi na Polícia Federal de Rio Branco, no Acre (Regiclay Alves Saady )

O óxi, nova droga que está se espalhando pelo Brasil, é ainda mais nociva que o crack. Por sua aparência amarronzada, já foi definida como ‘rapadura do diabo’. Sua composição, que leva cal virgem e até querosene, dá uma ideia do poder devastador e tóxico que possui.
"Ainda não deu tempo de avaliar o real efeito nocivo da droga, contudo, sabe-se que é intenso", diz o psiquiatra Thiago Fidalgo, do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes do Departamento de Psiquiatria (PROAD) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e do Ambulatório de Dependência Química do Hospital AC Camargo.
Especialistas acreditam que a devastação se inicia um minuto após o consumo. Internamente, a droga devasta o sistema nervoso central, o coração, o pulmão e o fígado. O menor dano causado no dependente é o envelhecimento precoce causado pela perda de colágeno.
"Suas substâncias químicas causam mais dependência com um custo relativamente inferior”, diz Fidalgo, referindo-se ao valor da pedra do óxi, menor que a do crack. A dependência, porém, cobra caro do organismo, causando danos muitas vezes irreversíveis, como problemas cognitivos e até morte súbita.
A droga é responsável pela ativação excessiva do sistema nervoso central, o que provoca morte de neurônios. Com o decorrer do consumo, a droga altera as funções psicomotora e cognitiva, causando perda contínua de memória, problemas de concentração, irritação e insônia, além do risco de desencadear transtornos psiquiátricos em pessoas com predisposição.
O uso contínuo da droga pode levar a uma perda de sensibilidade dos neurônios à dopamina— importante neurotransmissor no cérebro responsável, entre outras coisas, pela sensação de prazer. A ação da droga no cérebro faz com que a dopamina se esgote, causando os sintomas depressivos após o uso do óxi.
O risco de AVC (acidente vascular cerebral) é grande entre os dependentes, já que a droga provoca aumento da pressão arterial e diminuição do fluxo sanguíneo cerebral.
A aceleração cardíaca constante, gerada pela droga, aumenta a frequência respiratória e cardíaca, resultando no desgaste do coração. Os vasos sanguíneos também sofrem com o efeito corrosivo. Com o coração trabalhando de forma mais intesa e com menos fluxo de sangue, o resultado pode ser um infarto ou mesmo morte súbita. A combinação explosiva entre cocaína fumada e querosene intensifica a toxicidade da droga e aumenta o risco da morte súbita.
Aqui, tudo começa pela boca, mas as lesões causadas pelo calor e pelos componentes químicos tóxicos da fumaça do óxi se estendem por todo o sistema respiratório e podem levar, inclusive, à indução de tumores cancerosos.
A fumaça corrosiva leva à destruição do tecido pulmonar. Além disso, as repetidas lesões causadas pelas substâncias químicas deixam as portas abertas para eventuais infecções, aumentando o risco de pneumonia ou mesmo tuberculose.
Artigo retirado da revista Veja, para acessar, clique aqui.

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