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14/01/2014

Quando o prazer vira dor: o vício por sexo

Quando o prazer vira dor: o vício por sexo

Estreia do filme "Ninfomaníaca" volta a levantar discussão. Recuperado, engenheiro que sofreu da compulsão lembra que sexo era forma de anestesiar problemas da sua vida. Após sensação de "culpa e vergonha", solução era se anestesiar de novo: "Aí é roleta russa"

Cena de "Shame", com Michael Fassbender, que gira em torno da vida de um viciado em sexo

“Geralmente temos um pico de procura quando as pessoas leem matérias que expõem o que é dependência sexual, como o caso do Michael Douglas (ator americano que confessou ser viciado em sexo e se submeteu a tratamento). A diferença entre a dependência química e a de comportamento é que esse conceito não é tão definido. As pessoas nem sempre se dão conta de que há um problema”, diz Aderbal Vieira Junior, psiquiatra e responsável pelo setor de tratamento de dependências de comportamentos do Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes), da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Além dos escândalos que já envolveram astros como Douglas, o também ator David Duchovny e Tiger Woods, filmes também ajudam a trazer luz sobre o vício por sexo e suas consequências. Há dois anos, esse papel coube a “Shame”, dirigido por Steve McQueen e estrelado por Michael Fassbender, que vive um sujeito, Brandon, bem sucedido, mas cheio de compulsões sexuais que lentamente o levam para o fundo do poço.
Apesar de “Ninfomaníaca”, novo – e polêmico – trabalho de Lars von Trier, ser dividido em duas partes e a primeira, em cartaz a partir de hoje no Brasil, seja considerada cômica e menos sombria do que a segunda, prevista para estrear este ano, a personagem central, Joe (Charlotte Gainsbourg), sofre das mesmas angústias e chega a repetir em alguns momentos que é “um ser humano horrível”.
HOMENS SÃO MAIS DEPENDENTES?
“Shame” e “Ninfomaníaca” são protagonizados por atores de sexos opostos, mas, de acordo com Aderbal, um levantamento feito pelo Proad dentro dos casos atendidos mostrou que 95% dos dependentes são do sexo masculino. “Eu ficaria muito surpreso se isso não se refletisse na população, as mulheres tendem a ser mais dependentes amorosas”, comenta. O psiquiatra diz ainda que o mapeamento realizado por eles indica que a maioria dos pacientes procurou ajuda por volta dos 34 anos e que boa parte deles é instruída: “Já vi salas onde metade era graduada e a outra metade era pós-graduada, tinha gente com mais escolaridade do que eu”.
Na opinião particular de “Rico”, espécie de porta-voz do Dasa (Dependentes de Amor e Sexo Anônimos), há um número maior de homens atendidos porque a mulher ainda não tem liberdade e coragem para se assumir. “Na nossa sociedade machista, mesmo o cara que vai pedir ajuda, ele é o tal porque pega todo mundo, já a mulher tem que assinar embaixo uma outra história, que é complicada.” No caso do Dasa, ele afirma que os grupos dos encontros são bem divididos entre homens e mulheres por conta do anonimato: “As pessoas sabem disso e vão lá por isso”.
“É ROLETA RUSSA”
O início de tudo para Guilherme*, hoje com 43 anos, foi o término de dois relacionamentos quando ainda era adolescente, nos anos 90. Da “pele para fora”, como diz, sua vida era normal: ia para a faculdade e seguia estudando. Da “pele para dentro” era dor e solidão. Ao perceber que havia algo de errado, o engenheiro lembra que não conseguia manter uma relação saudável com ninguém e tinha um sentimento de anorexia no sentido de que sofria de uma “compulsão do não”: “Digo ‘não’ para ser feliz, digo ‘não’ para ter uma sexualidade saudável”.
A “anestesia” para isso veio por meio do sexo, como a masturbação compulsiva e relações sexuais com diversas pessoas em um curto espaço de tempo. Para se anestesiar da “culpa e vergonha” que vinha horas depois ou no dia seguinte, Guilherme lembra que a solução era repetir tudo de novo: “Aí é roleta russa. Chega uma hora que fazer a mesma coisa já não dá mais barato, você se acostumou. Quanto maior o risco, maior o barato”. Ele revela ter ouvido histórias de pessoas que abandonaram o trabalho, acabaram demitidas, contraíram DSTs, acabaram na delegacia. Alguns – e ele também – chegaram a frequentar um local religioso, em vão. “Você passa um período ‘limpinho’, mas uma hora você volta. É que nem pavio de vela, volta a queimar de onde parou.”
Em busca de ajuda, ele frequentou as reuniões do Dasa dos 18 aos 23 anos. O engenheiro se diz livre e distante dos antigos padrões há muito tempo. "Consegui desenvolver todas as áreas da minha vida de forma saudável. Tenho uma vida financeira legal, sou executivo, completei 18 anos de casamento. Acho que, mais importante, meu relacionamento comigo, com minhas dores, foram resolvidas. Salvou minha vida.”

Divulgação
Cartaz de "Ninfomaníaca", filme dirigido pelo dinamarquês Lars von Trier e em cartaz no Brasil
REUNIÃO
iG acompanhou uma reunião de dependentes anônimos e observou alguns dos pontos destacados pelo psiquiatra. Das nove pessoas presentes ao encontro, promovido semanalmente, todos aparentavam ter passado dos 30 e poucos anos e sete delas eram homens. Assim como em encontros de outros tipos de dependências, a disposição das carteiras de aspecto escolar, daquelas com apoio apenas para o braço direito, é em forma de círculo, de forma que seja possível ver os rostos de todos.
Quem chega é bem vindo, e logo se percebe que alguns já frequentam a reunião há um bom tempo e se conhecem dali, enquanto para outros é a primeira vez. Ninguém é obrigado a falar, mas quando falam, seguem o protocolo de se apresentar – mesmo quando são ouvidos pela segunda, terceira, quarta vez –, ao que todos respondem, e ao final de cada fala dizem “24 horas de abstinência” ou expressão similar.
Depoimentos são trocados, e a impressão é de que por mais que não seja a primeira reunião da maioria, os dependentes conversam sobre experiências do passado com a ideia de passar aos recém-chegados a sensação de que ninguém ali está sozinho. Estão todos juntos no mesmo barco, alertando uns aos outros sobre os perigos do vício em si, das dificuldades de não sofrerem uma “recaída” e de agir, muitas vezes, contra o que desejam. E talvez mais importante do que falar, é ser ouvido, enxergar a compreensão no rosto de quem ouve histórias e não se choca, muito pelo contrário, sabe exatamente o que o outro passou ou está passando.
VIDA SEXUAL MUITO ATIVA x COMPULSÃO SEXUAL
Uma das dúvidas mais recorrentes, segundo três especialistas consultados, é a confusão entre ter – ou desejar ter – uma vida sexual muito ativa e uma compulsão sexual incontrolável. “Tem que ter muito cuidado quando fala em viciado em sexo porque muitas pessoas classificadas como viciadas têm, na verdade, um apetite maior que a média. Não quer dizer que sejam viciadas”, diz Sandra Lima Vasques, psicóloga e consultora há mais de 20 anos do Instituto Kaplan, voltado para o tratamento terapêutico de dificuldades de cunho sexual entre a população carente.
“Tem gente que confunde porque quer sexo todo dia ou porque tem uma frequência alta, de três a quatro vezes por semana. Não tem nada a ver. Compulsão é gastar mais de 12 horas por dia procurando coisas relacionadas a sexo, é gastar o que ganha em sexo, é parar o que está fazendo para se masturbar, é uma vida voltada ao sexo”, explica Carla Cecarello, psicóloga e coordenadora do Projeto AmbSex. “A questão não é de frequência, é de qualidade”, completa Aderbal.
E quando o comportamento passa a ser um “sintoma” do vício por sexo? Aderbal, Sandra e Carla são unânimes: quando há “prejuízo”. Para o psiquiatra, existem três fatores que ajudam a identificar tal comportamento. Em primeiro lugar, o usuário sente que está perdendo seu poder de escolha, age não quando quer, mas porque “alguma força dentro dele o impele a fazer aquilo”; em segundo, há o prejuízo nas relações afetivas, no trabalho; e, por último, ocorre o “empobrecimento” da pessoa, o sexo não enriquece sua “experiência vivencial”.
“[Essas pessoas] acabam sofrendo um prejuízo. Colocam o sexo acima de tudo, dar uma escapada uma vez ou outra do relacionamento é uma coisa, mas se você faz isso todos os dias, é muito provável que seu par descubra. Você corre um risco desnecessário de vida, acaba no meio de um lugar em que habitualmente não iria. Elas não conseguem ter limite. Precisam de ajuda”, conta Carla. Em “Shame”, por exemplo, em seu surto final, Brandon, que durante a maior parte do filme dá a entender que é heterossexual, vai para uma casa noturna GLS, onde se envolve com outro homem.
Carla observa ainda que outras compulsões, por apostas, comida, gasto excessivo de dinheiro, alcoolismo e drogas, podem servir de ponte para o vício pelo sexo. Aderbal concorda: “Existe um ditado na psiquiatria que diz que o principal fator para você ter uma doença psiquiátrica é ter outra, quem tem uma está mais predisposto a ter uma segunda, quem tem duas, pode ter uma terceira, e assim por diante. É mais frequente em casos de depressão, ansiedade, mas não é regra”.
TRATAMENTO
Quando se fala em vício ou compulsão sexual, se fala em tratamento, mas não em cura. Os mais comuns são terapia com acompanhamento profissional, grupos anônimos e medicação, este último aplicado em duas circunstâncias, afirma Aderbal Vieira. “Quando a pessoa tem outro problema, quando está deprimida, o tratamento é farmacológico. Em casos muito raros, quando o paciente está subindo pelas paredes, está muito descontrolado, posso usar a medicação para sintomaticamente reduzir sua libido, dar uma medicação que tem esse efeito colateral.”
No entanto, há muita pesquisa a ser feita. Aderbal informa que o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), referência para psicólogos e psiquiatras, já possui uma categoria voltada para o impulso sexual, mas “ainda existe uma solidez suficiente sobre quais critérios serão adotados para ser impulso”.
“Rico” defende que o vício por sexo seja encarado como o consumo excessivo do álcool. “A humanidade enxerga o alcoolismo como doença e trata de outra forma. A gente espera que façam o mesmo com o sexo. Um dia as pessoas vão levantar a bandeira amarela antes de destruírem suas vidas completamente”, diz o porta-voz do Dasa.
* O nome foi alterado a pedido do entrevistado.

Para saber mais, clique aqui.

04/03/2013

Dependência sexual: Mais um post para tirar dúvidas!

A dependência sexual é um problema que merece ser diagnosticado e tratado. Tire agora suas principais dúvidas sobre o assunto

Por Diogo Sponchiato


Viciados em sexo
O jogador de golfe americano Tiger Woods, alvo de um escândalo recentemente, declarou sofrer de dependência sexual. De fato, o ser humano pode ficar obcecado pelo bem-bom. Só que, longe de ser uma fonte inesgotável de prazer, esse comportamento transforma o sexo em um grande problema. Tire suas dúvidas sobre o problema.

Existe vício em sexo?
Sim. Trata-se de um transtorno mental marcado por uma profunda dependência de sexo. O indivíduo não para de pensar no assunto e está sempre sedento por satisfazer seu prazer. A questão é que, nesses casos, o homem ou a mulher perde o controle da situação e, aí, essa compulsão passa a atrapalhar a vida social.

Quais as características de um dependente sexual?
A primeira — e mais evidente — é a de uma pessoa que não consegue se controlar frente aos impulsos sexuais ou pensamentos que remetem à atividade entre os lençóis. Muitos dos dependentes se tornam, por exemplo, visitantes assíduos de sites pornográficos. O indivíduo perde a noção de que existem momentos e locais certos para transar ou se masturbar. “Esse comportamento passa a comprometer o convívio com os outros”, afirma o psiquiatra Aderbal Vieira Júnior, do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo (Proad-Unifesp).

Quem está mais sujeito a essa compulsão?
São os adultos, entre 30 e 60 anos. Na adolescência, a explosão dos hormônios faz com que, naturalmente, o indivíduo se descubra sexualmente e pense mais no assunto — inclusive devido às suas inseguranças. Já depois dos 70 anos, problemas neurológicos podem afetar o discernimento sobre a vida sexual. Por isso, pessoas mais velhas podem apresentar comportamentos sexuais esquisitos.

Homens ou mulheres: quem sofre mais de compulsão sexual?
“A procura dos homens por ajuda é brutalmente maior do que a das mulheres”, diz o psiquiatra Aderbal Vieira Júnior. Isso não significa, porém, que só marmanjos enfrentem o problema. Embora se avalie que a compulsão seja mais típica no sexo masculino, muitas mulheres deixam de buscar auxílio médico por puro preconceito.

Dependência de sexo só envolve relação a dois?
Não. Há muita gente que, louca por sexo, transforma a masturbação ou o voyeurismo em suas fontes de deleite. Outra parcela dos dependentes sexuais só consegue se contentar (por alguns minutos ou horas) depois de transar com alguém.

Há tratamento para esse vício?
Felizmente, sim. O médico Aderbal Vieira Júnior lista e explica as principais abordagens terapêuticas:

1. Psicoterapia psicodinâmica: o terapeuta ajuda o paciente a compreender melhor sua sexualidade e a decifrar por que o sexo tem um papel tão excessivo em sua vida. Assim, pode orientá-lo a traçar estratégias para derrubar a compulsão.
2. Terapia cognitivo-comportamental: nesse caso, o foco é identificar hábitos e promover mudanças de comportamento capazes de repelir a dependência sexual.
3. Medicamentos: em algumas situações mais graves, os especialistas receitam antidepressivos, medicamentos que atuam no sistema nervoso e rebaixam a libido. Os remédios podem também ser coadjuvantes da psicoterapia.

Serviço
Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo
Site: http://www.proad.unifesp.br/
Telefone: (11) 5579 1543


Para ver artigo completo da revista Abril, clique aqui.
Créditos ao autor: Diogo Sponchiato

28/02/2013

Dependências comportamentais: Compras, Internet e Sexo!

Você tem alguma compulsão?
Teclar, comprar, transar. Esses três atos deliciosos nem sempre são tão inocentes quanto parecem. Em excesso, eles causam uma compulsão semelhante ao do álcool e das drogas. 
Descubra se você anda exagerando na dose


Lúcia Monteiro - Edição: MdeMulher


Foto: Getty Images
A iminência de arrematar uma roupa com 70% de desconto nos faz subitamente precisar de um blazer pink, uma bota um número menor e um jeans — o décimo sexto do armário. Se esses arroubos de consumismo a acometem somente de vez em quando, você é uma mulher normal. 

Mas, se você frequentemente gasta mais do que pode, não volta para casa sem uma sacola e afoga as mágoas no shopping, é candidata a um vício do século 21: compras. À semelhança do que ocorre com álcool e drogas, esse hábito causa dependência, mesmo sem ainda ter sido classificado como doença.

Navegar na internet e buscar sexo desmedidamente produz o mesmo efeito. “Enquanto as dependências químicas já foram reconhecidas, as não químicas encontram muito menos literatura, pesquisadores e grupos dedicados a estudá-las e tratá-las”, afirma Thais Gracie Maluf, psicóloga e psicoterapeuta da equipe do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Embora se trate de um fenômeno recente, essas novas dependências apresentam inúmeros efeitos nocivos. “A dificuldade de conter impulsos por sexo, compras ou internet gera um impacto sobretudo de ordem emocional”, diz Cristiano Nabuco, do Instituto de Psiquiatria da USP. Além disso, comportamentos compulsivos prejudicam o rendimento profissional, a vida familiar, o sono e as finanças. Saiba como manter esses males longe de você.


COMPULSÃO POR COMPRAS
Retirado do google.com.br
O comprar patológico tornou-se mais preocupante nos últimos anos, seja pela extensão do prejuízo financeiro que ocasiona, seja pelo número de compradores compulsivos. Uma pesquisa realizada pelo Hospital das Clínicas de São Paulo indicou que 3% dos brasileiros sofrem desse mal.

Para a psicóloga Mara Pusch, coordenadora do Projeto Afrodite da Unifesp, as principais vítimas são mulheres de temperamento forte, inquietas, perfeccionistas e inteligentes. “Embora ainda não seja uma patologia reconhecida pela medicina, o vício em compras está entre as dependências típicas do século 21. Suas causas são insatisfação, consumismo e necessidade de preencher a vida”, diz.

Como diagnosticar a dependência? Não há uma medida de compras que seja considerada problema. “O que caracteriza o transtorno é o modo como a pessoa se relaciona com o ato de comprar”, afirma Thais Gracie Maluf, do Proad, criado em 2004 para atender compradores patológicos. “Para compradores compulsivos, cada sacola adquirida gera uma sensação momentânea de bem-estar, um efeito da dopamina, neurotransmissor liberado no sistema límbico, que controla as emoções e o comportamento”, diz Tadeu Lemos, professor de psicofarmacologia da Universidade Federal de Santa Catarina.


Sinais de dependência

1) A possibilidade de pagar com o cartão de crédito a faz comprar coisas que não levaria se tivesse que pagar à vista.

2) É fato: suas contas fecham sempre no vermelho.

3) Você mente sobre o que adquiriu ou esconde suas compras.

4) Depois da compra, ou quando a fatura do cartão chega, você se sente culpada, até por não usar o que foi arrematado.
5) Se passa um tempo sem adquirir nada, sente aquela coceirinha: fica irritada e com uma ideia fixa: comprar.


Como sair dessa

1) Saia de casa com o dinheiro mínimo necessário. Não leve talão de cheque (no máximo, uma folha) nem cartão de crédito ou de débito. Aliás, nem tenha cartão de crédito.

2) Faça mentalmente o caminho que irá percorrer. Assim, você evita desvios e passagens por lojas conhecidas.

3) Se estiver muito entusiasmada ou contente, evite passar por lojas. O mesmo vale quando estiver triste ou frustrada.

4) Procure um especialista www.proad.unifesp.br. Pode ser necessário recorrer a sessões de psicoterapia e medicação.
5) Assuma prestações de um carro ou um imóvel. Com uma parte importante do ordenado comprometida, você terá menos margem para gastar com supérfluos.


COMPULSÃO POR SEXO

Acredita-se que o mal atinja mais homens do que mulheres. Entre as pessoas em tratamento no Proad, 95% são do sexo masculino. “Mas é provável que haja uma demanda reprimida de mulheres que não procuram o tratamento por vergonha”, diz o psiquiatra Aderbal Vieira Jr., coordenador do Programa de Sexo Compulsivo da Unifesp. 

Afinal, enquanto um dependente do sexo masculino é visto como um garanhão, a do feminino, como galinha. A tendência, no entanto, é que a diferença caia à medida que essas questões socioculturais sejam superadas. Um exemplo é a participação das mulheres no consumo da pornografia. Há cinco anos, o canal de TV a cabo Sexy Hot detectou que um terço era do sexo feminino. 

A partir daí, investiu em programas para mulheres. Resultado: hoje 51% da audiência é formada por telespectadoras. “As mulheres estão mais liberadas sexualmente, escolhem os parceiros, se masturbam e pedem o que querem na cama”, diz Mara Pusch. O problema é quando ver filme pornô deixa de ser diversão e se torna necessidade. Do mesmo modo, a compulsão por sexo não é medida pela frequência do ato. “Há indicação de dependência quando existe sensação de perda de liberdade e o comportamento sexual acarreta prejuízo profissional, familiar ou emocional”, diz Aderbal Vieira Jr.


Para saber mais sobre este tema veja o nosso post sobre Dependência por sexo.

Sinais de dependência

1) Qualquer programa que não envolva pornografia ou sexo torna-se desinteressante para você.

2) Você não tem coragem de contar às amigas sobre seus sites preferidos ou sobre suas peripécias sexuais. O sentimento de vergonha é um sinal de alerta importante: indica que a barreira da diversão foi ultrapassada pelo vício.

3) Sua adrenalina quando você faz sexo com estranhos vai a milhão. E no dia seguinte tem o efeito rebote — deprê.

4) Você não consegue lembrar com quem nem com quantos transou no último mês.
5) A proporção de sitcoms a que você assiste é inversa à de filmes pornôs – com vitória larga da última categoria.


Como sair dessa

1) Se você consome pornografia na internet, instale um software que filtra sites adultos em seu computador.

2) Instale o computador na sala e passe menos tempo só. Combine atividades com amigas, família e namorado.

3) Procure um grupo que ofereça ajuda especializada, como o Dependentes de Amor e Sexo Anônimos ou o Amiti, ambos em São Paulo.

4) Recorra à psicoterapia. Nela, você entra em contato com a área de descontentamento. Pode ser necessário remédio.

COMPULSÃO POR TECLAR
Retirado do google.com.br
A ideia era só aceitar o colega que a adicionou no Facebook. Mas por que não ver o que o paquera escreveu no mural? E aproveitar para atualizar o perfil, conferir os álbuns de fotos... A conexão, que deveria durar uns minutos, avança pela noite. Que atire o primeiro mouse quem nunca passou por isso. Varar uma ou outra noite na web? Okay.

O problema é quando, no dia seguinte, numa reunião de trabalho, você fica ansiosa para recomeçar o ritual.

A dependência de internet é um fenômeno recente, de proporções cada vez mais alarmantes. “O problema está subestimado no Brasil, líder no tempo de conexão doméstica, com uma média de 22 horas mensais por pessoa”, diz Nabuco, que há dois anos coordena o Grupo de Dependência de Internet do Instituto de Psiquiatria da USP. Ele esperava uma procura majoritária jovem e masculina, mas a realidade é outra: participam das reuniões homens e mulheres, de adolescentes a idosos, sobretudo das classes A e B. Para Nabuco, muitas horas de conexão não são necessariamente algo negativo. Não se pode ignorar, por exemplo, o sem-número de casamentos resultantes de encontros online. “Tudo depende da intensidade do uso”, diz.

Quem tem depressão ou está carente corre o risco de trocar experiências da vida real por momentos na rede, onde é possível manipular a realidade. Carência afetiva pode levar a um excesso de exposição da intimidade — o que gera riscos inclusive na vida real.


Sinais de dependência

1) Você negligencia as tarefas domésticas para passar mais tempo online.

2) Seu namorado ou suas amigas se queixam da quantidade de tempo que você passa na internet.

3) Checar seus e-mails é a primeira coisa que você faz a cada dia.

4) Você tenta esconder quanto tempo está na internet.
5) Você opta por ficar online em vez de sair com outras pessoas.
6) Você se sente deprimida, mal-humorada ou nervosa quando está off-line e esse sentimento vai embora assim que você se conecta.


Como sair dessa

1) Estabeleça um número de horas de internet por dia ou um horário fixo para ficar no computador.

2) Evite trocar experiências da “vida real” por relacionamentos mediados pela internet. No telefone ou ao vivo, os interlocutores decidem juntos quando finalizar o papo. Na internet, manipula-se a realidade. Pode-se dizer que a conexão caiu para evitar uma pergunta difícil.

3) Se estiver carente ou triste, ligue para uma amiga e vá encontrá-la — é melhor do que colocar um anúncio no Facebook.

4) Procure ajuda. O trabalho do Grupo de Dependência de Internet é realizado sempre em turma — um requisito para que se respeite o compromisso de não ultrapassar certo número de horas online. Alguns casos recebem atenção individual. Mais informações no site http://www.dependenciadeinternet.com.br/


>> Cuidado com a internet
Num espaço de 140 caracteres, responde-se à pergunta “O que está acontecendo?” É a senha para pessoas postarem no Twitter de sacadas espirituosas a detalhes da vida sexual. Por que isso ocorre? “Pessoas que se sentem carentes, isoladas e sem sentido podem ser alguém na internet”, diz Cristiano Nabuco.

Para ele, a web deu uma nova dimensão ao conceito de intimidade. Além disso, a exposição dá vazão ao narcisismo exacerbado, típico das gerações atuais, em que sobra individualismo e a modéstia é sinônimo do autoboicote.

Tudo bem usar a internet para vender o peixe, mas algum limite não faz mal. Além do risco de golpistas se valerem de informações para finalidades perversas, detalhes postados podem contar pontos negativos na carreira.

Hoje, recrutadores costumam “dar um Google” com o nome do candidato a uma vaga. E é provável que suas chances mínguem se ele deparar com as fotos em que você está bêbada. Uma medida do exagero é colocar na rede fotos em trajes que você usaria em público — já que a internet é um deles. Aconselha-se também escrever coisas que possam ser lidas por colegas de trabalho. Lembre-se da máxima jurídica: tudo o que você disser pode e irá ser usado contra você.



Para ver artigo original, clique aqui.

25/02/2013

Dependência Sexual: Sim, ela existe!

Dependentes de sexo lutam para se livrar da compulsão

Carolina Iskandarian

Do G1 SP

“Eu chegava a sair com seis ou sete mulheres em uma só noite. Enquanto não acabasse o dinheiro, a adrenalina, até eu ficar exaurido, eu não parava. Depois, sentia uma grande culpa e depressão.” O relato é do representante comercial Galego (nome fictício), de 46 anos, que há sete faz tratamento contra a compulsão sexual em São Paulo.

O drama dele é o de muitos que vivem no anonimato. Caracteriza a chamada dependência do sexo ou disfunção sexual. Pessoas que, à procura da satisfação da libido, com parceiros ou não, perdem o controle. Galego conta que pagou tanto para ter prostitutas, bebidas e drogas que faliu. “Em 26 anos, gastei R$ 1 milhão com a compulsão.”

Histórias da vida real foram parar na ficção. Na novela da TV Globo Passione, Maitê Proença é Stela, uma mulher casada que tem fissura por homens mais jovens. Faz sexo com eles sem querer saber seus nomes ou marcar o próximo encontro. Em Caminho das Índias, a personagem Norminha, interpretada por Dira Paes, amava o marido, mas não tinha o menor pudor em traí-lo com um monte de desconhecidos.

“A pessoa não tem controle sobre o desejo sexual. É a necessidade de buscar mais prazer, mais parcerias. Isso pode ser através do sexo ou da masturbação”, explica o psiquiatra Alexandre Saadeh, especialista em sexualidade humana.



Prazer virtual



Com as redes sociais, o problema se agrava. “Tem gente que passa o dia inteiro programando atividades sexuais e a internet é ótima para isso”, afirma o médico, que faz parte do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo e dá aulas na PUC-SP. O estudante Leonardo (nome fictício), de 29 anos, até tentou, mas não gostou da experiência do sexo virtual.

“Você se decepciona porque as pessoas não são o que dizem. Teclam com você e com outras tantas ao mesmo tempo”, diz o rapaz. Para preencher o vazio de um relacionamento amoroso ruim, Leonardo, que é homossexual, buscou parceiros fora de casa. Isso começou há oito anos. “Olhava para um cara na rua e saía com ele ou transava com gente que encontrava em baladas GLS”, admite.

Segundo Leonardo, podiam ser cinco pessoas por semana ou duas por dia. “Eu estava totalmente perturbado, sem autoestima. Saía para ouvir dos outros que era bonito, elegante, gentil. Era o que eu não tinha no meu relacionamento”, conta ele, que há dois anos namora, se diz feliz e “equilibrado”.


Leonardo, em site de bate papo; encontro pode ser
marcado na hora. Foto: Carolina Iskandarian/ G1
Ajuda no DASA

Mesmo assim Leonardo continua a frequentar a entidade Dependentes de Amor e Sexo Anônimos (DASA). A filosofia deles é a mesma da dos Alcoólicos Anônimos (AA). Pessoas se reúnem em sessões periódicas para compartilhar os problemas. São as partilhas. Tudo é na base do diálogo e na premissa de que “só por hoje” o dependente será uma pessoa melhor, sem recaídas.

No caso do DASA, os dramas são relacionados à compulsão pelo sexo, pelo prazer ou insatisfações nos relacionamentos amorosos. “Cheguei lá e vi gente com problemas iguais aos meus. Eu me confortava em saber que não estava sozinho, que não havia preconceito e, sim, muito respeito”, afirma Leonardo sobre o DASA.

As reuniões são uma parte do “tratamento”, que é gratuito e dispensa remédios. A programação foca nos 12 passos, espécie de mandamentos que podem ajudar no processo de recuperação. Eles sugerem que os dependentes admitam o problema, rezem e até façam um “destemido inventário moral” delas mesmas para tentar reparar o mal que possam ter feito a outros. “Nossa finalidade é fazer com que a pessoa se relacione melhor com ela e com os outros de forma saudável”, explica Galego, um dos porta-vozes da entidade.

De acordo com o site do DASA, as reuniões acontecem em quatro endereços da capital paulista. Em agosto, Galego acumula sete anos de DASA e de histórias. “Tenho um companheiro de sala que se masturba 40 vezes por dia. Até sangrar. É muito difícil. Você quer parar e não consegue.” Galego afirma que, graças ao apoio que encontrou na entidade, recuperou “muitas áreas” de sua vida, como o relacionamento com a filha e dinheiro.

“Quando a pessoa chega ao DASA está detonada. Depois, começa a progredir e se afasta. Aí podem vir as recaídas”, completa Galego, que acredita ser difícil haver uma cura definitiva. A doutora em psicologia pela PUC-SP Ana Maria Zampieri concorda. “Não existe cura. Existe estar em abstinência da compulsão para o resto da vida”, atesta ela, que publicou livros sobre o tema da sexualidade.

Para Ana Maria, a busca incontrolável pelo prazer tem explicações “biológicas, psicológicas e socioculturais”. Situações de abandono ou abuso sexual na infância podem desencadear o problema. “As crianças abusadas se tornam adultos carentes, que misturam carinho, atenção com sexo. Buscam exaustivamente preencher um vazio que não vai ser satisfeito com o sexo.” O distúrbio ainda pode afetar pessoas muito tímidas, que não conseguem se relacionar.

O funcionário público de São Paulo Fabiano (nome fictício), de 41 anos, conta que foi abusado sexualmente por sua babá aos 3 anos de idade. Acredita que isso influenciou no seu comportamento no futuro. Em 1999, ele disse "estar no auge" da compulsão. "Eu não conseguia ficar um dia sem sexo. Saía antes e depois do trabalho para procurar mulheres", revela ele, que gastava dinheiro com garotas de programa.

Fabiano chegou a colocar anúncios em jornais para arrumar namorada e diz que sempre foi um menino "muito carente" e, por isso, procurava prostitutas para suprir isso. Quando se casou pela primeira vez, aos 20 anos, pareceu ter encontrado a parceira ideal. "A gente chegava a ter 20 relações por dia." Hoje, casado novamente, o funcionário público se diz controlado e aliviado em não ter mais a síndrome da abstinência sexual. "Sentia dores no corpo, calor excessivo, irritação e insônia."





Proad

Há outro caminho para tratar a compulsão sexual: a psicoterapia. O Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), oferece essa ajuda. Os médicos criaram o Ambulatório de Tratamento do Sexo Patológico em 1994. “As pessoas têm devaneios, ficam imaginando o sexo de maneira que não conseguem desligar e a perda de controle é que define a dependência”, conta o psiquiatra Aderbal Vieira Júnior, do Proad.

Segundo ele, o problema atinge tanto homens e mulheres casados como solteiros. Seja de vida pacata seja de vida promíscua. “Tem gente que vai à sauna gay e passa o fim de semana lá. Tive um paciente que fez isso e transou com 80 pessoas”, relata Vieira Júnior. “A pessoa faz quando quer, como quer e com quem quer.”

Para ver artigo na integra, clique aqui.


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