TERAPIA OCUPACIONAL
“Não é fácil ser um homem livre: fugir da peste, organizar encontros,
aumentar a potência de agir, afetar-se pela alegria, multiplicar os afetos que
exprimem e envolvem o máximo de afirmação”1
A Terapia
Ocupacional é um campo de conhecimento, regulamentado em nível superior, cujas
ações
são direcionadas a pessoas que, por uma situação e/ou um contexto, vivem
intenso sofrimento psíquico, físico e/ou social. A vida cotidiana é um foco das
intervenções, entendendo cotidiano como o social, o contexto em que se vive.2.
A “realidade do fazer”
é o ponto de partida do processo terapêutico em Terapia Ocupacional.3
O cuidado se dá através do "fazer
com” e do “fazer fazendo”.4 É dessa forma que se cria um campo de
experiência onde as necessidades do sujeito serão inscritas.
Utilizando atividades
como um instrumento, este encontro terapêutico favorece experimentar, encontrar
habilidades, potencial, explorar criatividade, possibilidades de fazer, de
estar, de ser... em direção a uma singularização, um modo seu de estar no
mundo, de se relacionar.5
“Trata-se de construir ou recuperar a dignidade da experiência e
da ação cotidiana. Dessa forma privilegiamos a saúde e particularmente a saúde
mental, como gostamos de denominar na prática clínica, espaços saudáveis
mentais, físicos e ou sociais, observados através das capacidades e
habilidades. Esta é a premissa para o fazer e a construção do cotidiano.”6
No campo das drogas, a Terapia Ocupacional pode
“possibilitar aberturas, brechas ou fendas na relação de exclusividade que o
dependente estabelece com a droga”.7 O que se coloca é a
possibilidade de trocas, a criação de outros territórios para a existência8.
A construção de novos lugares e movimentos que possibilitem transitar por
outros caminhos, que não somente aqueles marcados pela relação com a
substância.
- O foco das intervenções está
num encontro que se dá sempre através de uma ação, tendo como referência
“tratar com atividades” – instrumento.
- Uma clínica que se atém e dá
passagem para o imprevisto, o inesperado, invenção de outros viveres9.
O fazer junto em Terapia Ocupacional:
- Experimentar, ter outras vivências, experiências
criativas;
- Possibilidade de trocas, a criação
de outros territórios para a existência;
Referências
1.
Deleuze G, Parnet C. Diálogos. Editora
Escuta. São Paulo: Escuta; 1998. p.75.
2.
Francisco BR. Terapia Ocupacional.
Berenice Rosa Francisco. 2ª ed. Campinas, SP: Papirus; 2001 p. 76.
3.
Tedesco AS, Benetton J. A questão da
independência e dependência sob o vértice da terapia ocupacional. In: Silveira
Filho DX, Gorgulho M. Dependência: compreensão e assistência às toxicomanias:
uma experiência do PROAD. São Paulo: Casa do Psicólogo; 1996.
4.
Benetton MJ, Tedesco S, Ferrari S.
Atividades e Dependência em um Método: Terapia Ocupacional Dinâmica. In:
Silveira D, Moreira FG. Panorama atual de drogas e dependências. 1ª ed. São
Paulo: Ed Atheneu; 2006.
5.
Tedesco AS. A prática da terapeuta
ocupacional em farmacodependência: brincando na roda de fogo. Revista Centro
Estudos Terapia Ocupacional 1995; (1):50-2
6.
Benetton J, Tedesco S, Ferrari S.
Hábitos, cotidiano e Terapia Ocupacional. Revista do CETO, São Paulo 2003; (8):
27-40.
7.
Briguet AN. Ritmos de encontro: a
Terapia Ocupacional e a Farmacodependência. São Paulo. Dissertação [Mestrado em
Psicologia Clínica] - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2008.
8.
Quarentei MS. Do ocupar a criação
de territórios existenciais. X Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional:
contextos, territórios e diversidades; 15 a 18 mai 2007. Goiânia – GO. 2007.
9.
Londero MFP, Paulon SM. A clínica
enquanto acontecimento. Cad. de Subjetividade. 2012 Out; ano 9 (14): 103-111.
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