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23/09/2015

Uma Nota de Profissionais e Estudiosos da Saúde

Uma Nota de Profissionais e Estudiosos da Saúde

O iminente julgamento pelo Supremo Tribunal Federal de um recurso extraordinário que questiona a constitucionalidade da criminalização do porte de drogas para uso pessoal tem suscitado inúmeras manifestações da sociedade civil.
Frequentemente, notamos que algumas opiniões emitidas nestes debates ferem as melhores evidências científicas disponíveis nos campos da Medicina, da Saúde Coletiva e das Ciências Sociais aplicadas à Saúde.
O Direito Constitucional é a base do julgamento dos ministros e ministras do STF na matéria em questão. Não obstante, a natureza polêmica e moral do tema tem colocado apelos emotivos e apresentado supostos riscos à saúde que poderiam trazer alguma intranquilidade à tomada de decisão no plenário do tribunal.
Como profissionais e estudiosos do campo da Saúde, desejamos prover um conjunto de informações com reconhecimento acadêmico sobre os efeitos de medidas de relaxamento na penalização de pessoas que fazem uso de substâncias psicoativas ilegais.
Em primeiro lugar, é importante notar que o que se discute aqui é a descriminalização do porte para uso. A questão central é decidir se a pessoa que usa drogas deve ser tratada como criminosa ou não. A medida da descriminalização do uso já foi tomada por diversos países da América Latina e da Europa. Além disso, é importante destacar que, do ponto de vista epidemiológico, as pessoas que apresentam problemas ocasionados pelo uso de drogas são a exceção e não a regra (Wagner & Anthony, 2002; CEBRID, 2005; Fischer et al., 2010; UNODC, 2014).
Posto isto, não há evidência que sustente a afirmativa de que experiências internacionais de descriminalização geraram aumento no consumo de drogas ilícitas tanto nos dados oficiais Europeus (EMCDDA, 2011) como nos sul-americanos, compilados pela Plataforma Brasileira de Política de Drogas em relatórios sul-americanos (Chile, 2006; 2012; Colômbia, 2008; 2013; Argentina 2008; 2014). Embora no caso isolado de Portugal, onde a descriminalização aconteceu em 2001, tenha havido redução no consumo entre os jovens (Hughes & Stevens, 2012) e o consumo de drogas ilícitas em 2012 tenha se mostrado menor do que em 2001 (EMCDDA, 2015), o que uma leitura cautelosa do conjunto dos dados nos permite afirmar é que mudanças na criminalização ou não do usuário não parecem influenciar de forma significativa o consumo de drogas nem para mais, nem para menos (Room & Reuter, 2012).
Por outro lado, e diferente do que frequentemente é apregoado pelos opositores da descriminalização, o endurecimento das leis de drogas em sua instância mais vulnerável, o usuário, pode implicar em danos à saúde pública porque distancia as pessoas que usam drogas dos sistemas de saúde e de assistência social (Degenhardt & Hall, 2012). A Suécia, país alardeado por alguns como sucesso no controle do uso de drogas por meio da criminalização do usuário, apresenta taxas de mortes relacionadas ao uso de drogas que estão entre as mais altas da Europa e que seguem crescentes. Enquanto isso, países que descriminalizaram o porte para uso, como Portugal e Espanha, apresentam taxas muito mais baixas e que se mantém estáveis ou decrescentes. A diferença é tão dramática que o número de mortos por habitante relacionados ao uso de drogas na Suécia foi quase vinte e três vezes maior que o de Portugal no ano de 2013 (EMCDDA, 2015).
Da mesma forma, a afirmativa de que a descriminalização incentivaria a violência, frequentemente repetida, não tem base nas informações disponíveis (Werb et al., 2011). Um exame dos dados sobre violência demonstra que ela está associada a outras variáveis sociais, em especial a desigualdade (Fajnzylber et al., 2002; Enamorado et al., 2014; Pikett & Wilkinson, 2015), e que o álcool é a substância psicoativa cujo consumo apresenta a ligação mais consistente com a violência (White & Gorman, 2000; Boles & Miotto, 2003; Hoaken & Stewart, 2003).
Vale ainda frisar que o controle do uso de substâncias psicoativas é complexo e merece ser discutido amplamente pela sociedade em todas as suas instâncias, mas o exemplo de regulação do tabaco no Brasil nos mostra que não foi necessário impor ao usuário medidas de natureza penal – e sim administrativas,  associadas a uma ampla campanha educativa e preventiva – para se gerar os resultados exemplares na redução do seu consumo, sendo hoje o país com a maior taxa de cessação do uso de cigarros no mundo (INCA, 2008). Estas medidas, porém, ainda não foram aplicadas de maneira tão efetiva no caso do álcool.
Por fim, é preciso entender que a reiterada afirmativa de que ‘o Brasil ainda não está preparado para a descriminalização do uso’ se traduz em dizer que estamos preparados para sermos um dos poucos países sul-americanos que mantém, oficialmente, sanções de natureza criminal para usuários de drogas. Significa, ainda, ratificar a mensagem de que o usuário problemático de drogas é antes um criminoso do que alguém que pode ter a necessidade de cuidados à sua saúde. Significa, também, adotar uma postura que tem o potencial de gerar distorções no sistema de justiça criminal e, com isso causar impacto negativo para a saúde física e mental de nossos cidadãos. É isso o que queremos para este país? Os signatários e signatárias dessa nota respondem a esta pergunta afirmando que, em nome da saúde pública da população brasileira, apoiam a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal.

22/09/2015

Bar em Londres cria 'nuvem alcoólica': basta respirar para ficar bêbado

RIO - Na entrada, o slogan: "respire com responsabilidade". Trata-se do bar londrino Alcoholic Architecture — ou arquitetura alcoólica, em tradução livre — que propõe uma experiência inovadora. Numa câmara envolvida por uma nuvem de álcool e energético, as pessoas transitam e "inalam" drinks por meio da respiração.

Clientes inalam mistura de álcool e energético em bar londrino - Reprodução

Liberada no ar por potentes umidificadores, a nuvem alcoólica é absorvida pelo corpo humano através dos olhos e dos pulmões, entrando rapidamente na corrente sanguínea, sem precisar passar pelo fígado. Por isso, os clientes só podem ficar dentro do espaço por no máximo cinquenta minutos.





A iniciativa é controversa. Segundo a imprensa britânica, psiquiatras especializados em alcoolismo são veementemente contra a ideia. Criado pela primeira vez em 2009, o Alcoholic Architecture fechou pouco tempo depois. A ideia é que a nova versão do bar também seja sazonal.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/bar-em-londres-cria-nuvem-alcoolica-basta-respirar-para-ficar-bebado-17214710#ixzz3mR7Avhi4 

22/07/2015

Pesquisa sugere que cigarro pode favorecer distúrbios psiquiátricos

Pesquisa sugere que cigarro pode favorecer distúrbios psiquiátricos

Hipótese é que exposição à nicotina aumenta a liberação de dopamina. Esse neurotransmissor em excesso no corpo pode provocar a esquizofrenia.

Conhecido por causar câncer e doenças cardiovasculares, o cigarro também poderia aumentar o risco de transtornos psiquiátricos graves, como a esquizofrenia. As informações fazem parte de um estudo publicado nesta sexta-feira (10) na revista "Lancet Psychiatry".
Uma "associação" estatística entre o fumo e as psicoses, em especial a esquizofrenia, foi descoberta em análises anteriores, lembram os investigadores europeus que assinam o trabalho.
Foi observado que as pessoas com transtornos psiquiátricos graves eram significativamente mais propensas a fumar, com taxas de tabagismo entre os psicóticos três vezes maior do que na população geral. Mas "as razões pelas quais as pessoas com psicose são mais propensas a fumar do que o resto da população permanecem obscuras", escreveram eles em seu artigo.
É a doença e/ou os tratamentos psiquiátricos usados para combatê-las que encorajam o tabagismo? Várias teorias nesse sentido têm sido propostas, em particular o fato de que o cigarro ajudaria a compensar os efeitos das drogas sobre a regulamentação da dopamina, um neurotransmissor associado ao mecanismo de recompensa.
Mas alguns pesquisadores se concentraram na ideia de que o próprio cigarro "poderia aumentar o risco da ocorrência destas doenças".
Este estudo procurou especificamente testar esta hipótese e determinar se a psicose é declarado mais cedo em fumantes do que entre os não-fumantes.
Resultado claro após análise
Deste trabalho de "meta-análise" epidemiológica (que consiste na análise de vários estudos realizados anteriormente, envolvendo um total de 14.555 fumantes e 273.162 não-fumantes), foi extraído um resultado bastante claro.
"O consumo diário está associado a um risco aumentado de psicose e ao início mais precoce dos transtornos psicóticos", escreveram os autores do artigo, Pedro Gurillo (hospital de Torrevieja, no leste da Espanha) e Sameer Jauhar (King's College de Londres).
No início da doença, os psicóticos são três vezes mais propensos a serem fumantes do que o resto da população. "Embora seja sempre difícil determinar a causalidade, nossos resultados mostram que o tabagismo deve ser seriamente considerado como um possível fator de risco no desenvolvimento de psicoses e não é considerado como uma simples consequência da doença", explicou James MacCabe (King's College), também autor do estudo.
Um "nexo de causalidade" ainda precisaria ser plenamente demonstrado, mas os pesquisadores apontam para uma possível explicação: a dopamina.
"É possível que a exposição à nicotina aumente a liberação de dopamina, o que resulta no desenvolvimento de psicoses", já que o excesso de dopamina no corpo é uma das hipóteses para explicar a esquizofrenia, afirmou Robin Murray, da King's College.
Este artigo e outro trabalho sueco publicado recentemente sobre tabagismo e esquizofrenia, "argumentam fortemente em favor de uma relação causal entre tabagismo e esquizofrenia", avaliou o psiquiatra Michael Owen (Universidade de Cardiff).
Mas para Michael Bloomfield (University College London), "ainda há muito trabalho a ser feito antes que os cientistas possam declarar com certeza que fumar realmente aumenta o risco de esquizofrenia".

07/06/2015

Quase metade dos baladeiros bebe antes de entrar na casa noturna

Quase metade dos baladeiros bebe antes de entrar na casa noturna



O famoso "esquenta", conduta conhecida popularmente por pessoas que bebem antes de entrar nas baladas, é realizado por 41,3% dos frequentadores de casas noturnas. A pesquisa entrevistou 2.422 clientes de 31 estabelecimentos na cidade de São Paulo e foi realizado pelo Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Os pesquisadores selecionaram os clientes aleatoriamente e as casas noturnas mediante suas capacidades e amostragem de clientes. Para a análise do consumo de álcool dos entrevistados foi utilizado um “bafômetro” para medir a concentração de ar expirado, além de uma entrevista individual, tanto na entrada quanto na saída.

A maioria dos indivíduos que beberam antes de entrar nas casas noturnas apresentou sinais de intoxicação em decorrência do álcool na saída das baladas. Foi observado também maior prevalência deste comportamento em indivíduos do sexo masculino, com histórico de abuso de álcool e comportamento sexual de risco.

Zila Sanchez, responsável pela pesquisa, ressalta que este comportamento não é característico apenas dos frequentadores de casas noturnas no Brasil, ocorrendo também nos Estados Unidos e em países da Europa. Na visão da pesquisadora, o “esquenta” é um comportamento de risco e influência no padrão de consumo dentro da balada. “Diferentemente do que se pensa, o esquenta não leva a economia de dinheiro, pois na prática quem fez esquenta terminou a noite mais alcoolizado e consumiu mais doses dentro da balada”, afirmou Zila.

Outro estudo desenvolvido pelo mesmo departamento e baseado no mesmo público, mostrou que o “esquenta” é o principal fator associado ao binge drinking, popularmente conhecido como “porre” ou como hábito de beber em excesso durante um período.

Algumas atrações que ocorrem nas baladas, como a oferta de bebida gratuita (open bar), diversidade de pistas de dança e som muito alto também foram observados como fatores do alto consumo de bebida.
Reportagem de: A Tribuna. Saiba mais aqui.

05/06/2015

Longitudinal Study of Adolescent Brain and Cognitive Development (ABCD)

Longitudinal Study of Adolescent Brain and Cognitive Development (ABCD)




What is the ABCD Study?

The ABCD is a landmark study being conducted by the National Institutes of Health (NIH) on the effects of adolescent substance use on the developing brain. Lessons learned from this project will guide future tobacco, alcohol and drug prevention and treatment efforts.

Why Do We Need the ABCD Study? 

Alcohol, marijuana, tobacco and other drugs are widely used by youth, and this use can pose short and long-term health and safety risks, including during development.  Because brain development continues into the twenties, it is unclear how substance use among youth will affect them later in life. 
  • Evidence suggests that substance use has long term effects on the developing brain.
  • Advances in neuroimaging allow us to study the brain in greater detail.
  • Adolescents today are drinking more alcohol when they binge, and have access to higher potency marijuana and greater varieties of nicotine delivery devices than previous generations.
  • Changes in state and local policies, particularly with respect to marijuana, may impact public health.

How will ABCD Be Implemented?

Unique in its scope and duration, the ABCD will recruit 10,000 youth before they begin using alcohol, marijuana, nicotine and other drugs, and follow them over 10 years into early adulthood to assess how substance use affects the trajectory of the developing brain.  ABCD researchers will use advanced brain imaging as well as psychological and behavioral research tools to evaluate brain structure and function and track substance use, academic achievement, IQ, cognitive skills, and mental health over time. 

What Questions Will ABCD Address?

The size and complexity of the ABCD study will allow scientists to address key questions:
  • What is the impact of occasional versus regular use of marijuana, alcohol, tobacco and other substances, alone or in combination, on the structure and function of the developing brain?
  • How does the use of specific substances impact the risk for using other substances?
  • What are the brain pathways that link adolescent substance use and risk for mental illnesses?
  • What impact does substance use have on physical health, psychological development, information processing, learning and memory, academic achievement, social development, and other behaviors?
  • What factors (prenatal exposure, genetic, familial, demographic, etc.) influence the development of substance use and its consequences?

Who is Leading ABCD?

The ABCD study is led by the Collaborative Research on Addiction at NIH (CRAN) – National Institute on Drug Abuse (NIDA), National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA), and the National Cancer Institute (NCI) with the Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development – in collaboration with the National Institute of Mental Health, the National Institute of Neurological Disorders and Stroke, National Institute of Minority Health and Health Disparities, the Office of Research on Women’s Health and the Office of Behavioral and Social Sciences Research.

03/06/2015

Injection of crack cocaine: a case report

Rev. Bras. Psiquiatr. vol.37 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2015


Injection of crack cocaine: a case report
Melina Mendonça, Dartiu X. Silveira, Thiago M. Fidalgo
Addiction Unit (PROAD), Department of Psychiatry, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo - SP - Brazil

A 26-year-old American man was referred to our service for methadone replacement therapy and treatment of crack/cocaine addiction. His addiction history started with use of opioids in early adolescence. As his tolerance escalated, he began injecting cocaine with morphine, also known as “speedball.” Since he started methadone replacement therapy and discontinued morphine use, he reported a substantial increase in cocaine injection, as well as crack injection, the latter motivated by lower prices and wider availability. He fulfills DSM-5 diagnosis criteria for severe dependence on both opioids and cocaine. A multidisciplinary team managed his case.
In 2013, the United Nations Office on Drugs and Crime estimated the number of injecting drug users (IDU) worldwide at 14 million.1 The prevalence of crack cocaine injection (CCI) is unknown; however, some local studies have assessed it and observed variable frequencies. A PubMed search using the terms “injection crack AND intravenous crack” yielded 44 papers, eight of which reported actual CCI. None concerned the Brazilian context. This is, to our knowledge, the first Brazilian case report of CCI.
One paper reports an increase of CCI between 1990 and 1993 in London, from 1 to 27%.2 Another study presented the results of a 1997-1999 cohort of 2,198 homeless IDUs recruited from six U.S. cities and estimated the frequency of CCI as 15% among participants.3 A later U.S. study with 989 participants reported a 9% lifetime prevalence of CCI among IDUs,4 and a Canadian study with 4,088 IDUs reported a 15.2% rate of CCI.5
CCI is accomplished by dissolving crack in vinegar or lemon juice and does not require the application of heat. The shift from cocaine use to CCI can be explained by several reasons, including changes in illicit drug markets and a desire for greater psychoactive effects. This is particularly important as some anecdotal unpublished reports state that cocaine may be present in greater amounts in crack than in its powder form.
CCI may be a marker of high-risk behaviors, and correlates with use of shooting galleries, initiation of others into drug injection, and serologic evidence of hepatitis B virus and hepatitis C virus infection.3 Furthermore, crack injectors reported higher rates of abscesses and mental illness.4 HIV infection is also a real risk for all IDUs. All of these factors can have an important impact on public health issues related to drug use, and must be considered in policy development.
Furthermore, this population may require broader treatment strategies. For instance, since severe mental illness may be more prevalent in crack cocaine injectors, hospitalization can be necessary for acute management of high-risk symptomatology (suicidality, aggressiveness, agitation). Moreover, health maintenance programs (i.e., management of infectious diseases), first-line social assistance (shelter, food, hygiene), and access to sustainable livelihood programs (housing, vocational training) can be vital for comprehensive treatment.
CCI deserves a more comprehensive investigation among the Brazilian drug user population, as it may be a marker of high-risk behaviors. Public health surveillance of this practice is of great importance to provide a better understanding of the behavior of users who self-administer crack cocaine via this route and to enable implementation of prevention and harm reduction policies.
REFERENCES
1. United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC). World Drug Report 2013. United Nations publication, Sales N°. E.13.XI.6 [Internet]. 2013 [cited 2014 Ago 14].http://www.unodc.org/unodc/secured/wdr/wdr2013/World_Drug_Report_2013.pdf [ Links ]
2. Hunter GM, Donoghoe MC, Stimson GV. Crack use and injection on the increase among injecting drug users in London. Addiction. 1995;90:1397-400. [ Links ]
3. Santibanez SS, Garfein RS, Swartzendruber A, Kerndt PR, Morse E, Ompad D, et al. Prevalence and correlates of crack-cocaine injection among young injection drug users in the United States, 1997-1999. Drug Alcohol Depend. 20057;77:227-33. [ Links ]
4. Buchanan D, Tooze JA, Shaw S, Kinzly M, Heimer R, Singer M. Demographic, HIV risk behavior, and health status characteristics of “crack” cocaine injectors compared to other injection drug users in three New England cities. Drug Alcohol Depend. 2006;81:221-9. [ Links ]
5. Roy E, Leclerc P, Morissette C, Arruda N, Blanchette C, Blouin K, et al. Prevalence and temporal trends of crack injection among injection drug users in eastern central Canada. Drug Alcohol Depend. 2013;133:275-8. [ Links ]
Recebido: 28 de Maio de 2014; Aceito: 24 de Julho de 2014

01/06/2015

Antibiotic Cuts Alcohol Cravings, May Enhance Psychotherapy

Antibiotic Cuts Alcohol Cravings, May Enhance Psychotherapy

Liam Davenport

An antibiotic typically used to treat tuberculosis reduces alcohol cravings and may enhance cue-related extinction therapies in individuals with alcohol use disorders, new research shows.
The study, which was funded by the National Institutes of Health, showed that low doses of D-cycloserine significantly reduce alcohol cravings for up to 3 weeks, leading to significant reductions in alcohol consumption.
The researchers believe that the drug could also be used to enhance the effect of psychotherapies, such as cognitive-behavioral therapy (CBT), to provide a more durable outcome.
"We're trying to turn up the gas on this CBT intervention that focuses on helping people cope with their cravings better," lead author James MacKillop, PhD, Peter Boris Center for Addictions Research, McMaster University, Hamilton, Ontario, Canada, told Medscape Medical News.
"What we're trying to take are the most critical points in treatment and try to tune up the brain's responsiveness to those points to ultimately not just affect the person the most but lead to new learning that will be more robust over time and improve outcomes," Dr. MacKillop added.
The study was published online April 7 in Translational Psychiatry.
Unique Approach
D-cycloserine is the dextrorotary form of cycloserine and is a partial agonist of N-methyl-D-aspartate receptors, which play a central role in memory and learning.
To examine whether the drug could accelerate the extinction of cue-elicited craving for alcohol, the team studied individuals with alcohol use disorders who were seeking alcohol treatment and had evidence of reacting to alcohol cues.
Participants underwent an alcohol extinction paradigm, given as four sessions of manualized motivational enhancement therapy akin to cue exposure therapy, over 2 weeks in a naturalistic bar laboratory environment.
For sessions 1 and 3, which took place 1 week apart, the participants received D-cycloserine, 50 mg (n = 16), or placebo (n = 14) 1 hour beforehand. Follow-up cue reactivity sessions were then conducted 1 week and 3 weeks later.
At study outset, participants had significant and robust alcohol cue reactivity, with no significant differences between the two groups.
Those who received the study medication had significant reductions in alcohol craving and significant increases in extinction during the first session compared with those given placebo (P ≤ .05 for both). The significant impact of D-cycloserine on alcohol cravings was maintained at week 3 (P ≤ .05).
At the end of the study, participants who received the medication reported significantly fewer drinks per day, lower percentage of drinking days, and lower percentage of heavy drinking days (P ≤ .05, P ≤ .05, and P ≤ .01, respectively). However, these effects were no longer significant at the 3-week follow-up.
Minimal adverse effects occurred with the study drug. The only notable effect was a nonsignificant increase in drowsiness after the second administration.

See more here.

30/05/2015

O MUNDO INTERIOR – DOCUMENTÁRIO SOBRE CARL GUSTA/V JUNG

O MUNDO INTERIOR – DOCUMENTÁRIO SOBRE CARL GUSTAV JUNG
jung05O Mundo Interior é um documentário compilado sobre o médico psiquiatra psicólogo e ensaísta suíço Carl Gustav Jung, figura chave para a história do pensamento humano. Fundador da Psicología Analítica, também chamada Psicologia dos Complexos ou Psicologia Profunda, Jung ficou conhecido pelas provocantes teorias a respeito da constituição da Psique. Elaborou e difundiu ideias como as de Arquétipos (como unidades responsáveis pela estrutura da psique), Inconsciente Coletivo (reservatório comum a todos de disposições anímicas), a noção de Persona (máscaras sociais), Sombra (aspectos renegados e desconhecidos da personalidade), Anima e Animus (arquétipos responsáveis por estabelecer o contato da consciência com o inconsciente), Individuação (realização da vida em plenitude, pela integração de fragmentos dispersos da alma num todo consciente), e mais uma série de noções que engrandeceram o conhecimento do ser humano e das formas como a Natureza opera a partir do ponto de vista psíquico. Em sua prolífica e aprofundada produção, tratou de temas muitas vezes considerados de segunda categoria, como a alquimia, o misticismo, a religião, o simbolismo, as sincronicidades, a filosofia oriental e ocidental e etc. Interessado em descobrir o que fosse da alma humana, Jung estabeleceu-se diante do seu objeto de estudo sempre de maneira única, entendendo que cada um de nós possui sua própria complexidade. É dele a célebre ideia: Conheça todas as teorias, domine todos os processos, mas diante da alma humana, seja apenas uma alma humana.
O documentário está legendado em espanhol.
Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro, desperta.

28/05/2015

Maconha sintética e a era das drogas de laboratório

Maconha sintética e a era das drogas de laboratório

Um grupo de químicos teve uma ideia ousada: usar a tecnologia para desenvolver versões artificiais, mais fortes e mais baratas, das drogas mais usadas no mundo: maconha, cocaína e heroína. Veja no que deu.

Vanessa Vieira e Bruno Garattoni



Cocaína é feita com folhas de coca. A heroína, com uma flor chamada papoula. A maconha é uma planta. As drogas tradicionais têm uma característica em comum: todas são naturais, ou seja, se baseiam em vegetais - que o homem cultiva e depois refina em processos relativamente simples. Mas e se fosse possível usar tecnologias modernas para reinventar essas drogas? Criar versões artificiais da cocaína, da heroína e da maconha, feitas com ingredientes sintéticos, que reproduzam perfeitamente os efeitos delas - mas que tragam várias vantagens, como ser muito mais potentes e baratas e, em alguns casos, possam até ser vendidas legalmente? Isso seria ótimo para os produtores e vendedores. E, quem sabe, o início de uma nova era de polêmica, violência e problemas para a sociedade: a era das drogas sintéticas. E ela já começou.

Em novembro de 2011, a polícia dos EUA invadiu uma casa, em Las Vegas, onde havia um superlaboratório de US$ 30 milhões produzindo versões sintéticas de drogas como maconha e cocaína. Logo depois, os agentes encontraram uma operação ainda maior, no Estado de Utah. Enquanto isso, uma rede de dezenas de empresas continuava comercializando - legalmente - os produtos pela internet. Mas onde surgiram as drogas sintéticas? Quem as inventou? Como são feitas? Que cara têm? Quais são os riscos? E por que a venda é permitida?

As drogas sintéticas se revelaram ao mundo de um jeito estranho: na forma de incenso e sais de banho. Em 2011, mais de 6 mil pessoas sofreram algum tipo de intoxicação, nos Estados Unidos, relacionada a sais de banho: daqueles que se colocam na banheira para fazer espuma. Um número bizarro, 20 vezes maior que o do ano anterior. O incenso também virou uma questão de saúde pública, com quase 7 mil casos de envenenamento - em 2009, haviam sido apenas 14.

Como explicar essa onda? Será que os sais de banho e o incenso haviam sofrido algum tipo de contaminação? A polícia decidiu analisar os produtos, e descobriu que não. Na verdade, não eram sais de banho nem incenso. Suas embalagens diziam isso. Mas dentro delas havia uma nova classe de substância: drogas sintéticas, que haviam sido criadas em laboratório para reproduzir os efeitos entorpecentes de drogas como maconha, cocaína e heroína. Só que os fabricantes usavam produtos químicos permitidos, ou seja, tecnicamente seus produtos estavam sendo fabricados dentro da lei. Geralmente, os produtores são pequenas empresas que funcionam em garagens, porões ou casas na zona rural. "Nos EUA são cada vez mais comuns as histórias de laboratórios caseiros", diz Rafael Lanaro, do Centro de Intoxicações da Unicamp.

A principal empresa do setor se chama Pandora Potpourri e fica num galpão da cidade de Columbia, no Estado do Missouri. Ela produz um incenso, o Bombay Breeze ("brisa de Bombaim", em inglês), que é vendido em pacotinhos de 3 gramas (US$ 13). Seu criador é o empreendedor Wesley Upchurch, de 24 anos, que diz vender 40 mil pacotinhos do produto por mês, por uma rede de 5 distribuidores e 50 lojas, com faturamento de US$ 2,5 milhões por ano. Ele jura que seu produto é apenas um incenso. "Nós não queremos que as pessoas o fumem", declarou à revista americana BusinessWeek.

O suposto incenso lembra um pouco a maconha tradicional, tanto na textura quanto na cor - são fragmentos esverdeados de planta. A planta, no caso, é capim moído, e não dá nenhum barato. O efeito do produto está em pequenos cristais sintéticos, que são difíceis de ver a olho nu e vêm misturados com o capim. São eles que, quando fumados pelo usuário, liberam a substância ativa da droga. Seu nome é CP 47497. Trata-se de um canabinóide sintético, ou seja, uma droga artificial que imita os efeitos da cannabis (maconha). A substância foi desenvolvida nos anos 1980 pelo laboratório Pfizer - suas iniciais homenageiam o fundador do laboratório, Charles Pfizer - e se destina a pesquisas científicas. A sacada dos fabricantes de maconha sintética foi pegar essa substância, cuja produção e comercialização não é ilegal, e vender como droga. Ou melhor, não era: as autoridades estão percebendo a jogada, e a CP 47497 foi proibida nos EUA - mas ela ainda pode ser obtida, pela internet, de fornecedores chineses.

Para ficar um passo à frente, as empresas da maconha artificial migraram para outra substância: a família de compostos JWH (018, 073 e 200, entre outros). São canabinóides sintéticos criados nos anos 1990 pelo químico americano John W. Huffmann, que buscava remédios para aliviar o sofrimento de pacientes de aids e câncer. Acabaram transformados em droga. Huffmann, hoje com 80 anos, está aposentado e não gosta de falar sobre o assunto. Mas, no ano passado, quando a maconha sintética começou a ganhar força, deu a seguinte declaração a uma rádio da cidade onde vive, na Carolina do Norte: "Você não pode ser responsabilizado pelo que idiotas [os usuários] fazem".

"As pessoas acham que, se você pode adquirir essas drogas legalmente, devem ser seguras. Mas elas podem ser muito mais nocivas do que as tradicionais", diz Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Para se ter uma ideia, numa análise feita pela polícia científica do Estado americano de Kansas com 100 pacotes de maconha sintética de diferentes fabricantes, concluiu-se que, em alguns casos, os canabinóides sintéticos usados eram até 500 vezes mais potentes do que o THC, princípio ativo da maconha.

Ou seja: eles realmente deixam o usuário doidão. Em alguns casos, até demais. "Se uma das substâncias presentes na droga tem o poder de diminuir as inibições e sua presença é concentrada, um dos efeitos disso é que a pessoa fique mais violenta", explica Wong. "Pessoas sob o efeito dessas substâncias tendem à agressividade, à depressão grave e comportamentos suicidas". Foi o caso do americano Robert Butler Jr, de 17 anos, que disparou contra o diretor e a vice-diretora de sua escola e depois se matou. Exames toxicológicos comprovaram que ele estava sob o efeito de maconha sintética.


O CANIBAL DE MIAMI

A cocaína sintética apresenta o mesmo dilema; é tão forte que pode acabar fazendo a pessoa se descontrolar. Ela é produzida sob várias marcas comerciais. O produto é vendido pela internet, em um pacotinho com 0,2 gramas de pó branco que custa US$ 25. O fabricante insiste: trata-se apenas de um "sal de banho concentrado", que deve ser jogado na banheira e "não é adequado para consumo humano". Na verdade, é uma mistura de MDPV (metilenodioxipirovalerona) e mefedrona, duas substâncias que produzem efeitos similares aos da cocaína: estimulação do sistema nervoso central e euforia. Só que muito mais intensa. Num caso bastante impressionante, que aconteceu em maio deste ano, o americano Rudy Eugene, 31, ficou conhecido como "o canibal de Miami". Aparentemente em transe, ele atacou um mendigo - cujo rosto desfigurou a mordidas. Segundo as autoridades, Rudy estava sob efeito de mefedrona. Ele acabou sendo morto pelos policiais.

A proliferação das novas drogas sintéticas é favorecida por uma série de circunstâncias. Enquanto a fabricação dos entorpecentes tradicionais depende de plantas cultivadas em países como Bolívia, Colômbia e Afeganistão e seu comércio exige uma grande rede de logística e transporte até os mercados consumidores, os ingredientes das drogas sintéticas podem ser obtidos pela internet - onde é possível encontrar quase 4 mil laboratórios chineses oferecendo o JWH, por exemplo.

Além disso, as drogas sintéticas têm alto rendimento. "Para fazer 800 gramas de pó de cocaína, são necessários 100 quilos de folhas. Com as drogas sintéticas, você combina substâncias químicas puras e o aproveitamento é de quase 100%", compara Rafael Lanaro, do Centro de Intoxicações da Unicamp. Ou seja: as quantidades de matéria-prima necessárias para fazer o produto são muito menores, o que torna mais fácil sua importação e manuseio (ou contrabando, nos países onde as substâncias já são proibidas). Para o fabricante, o negócio fica bem mais tranquilo. E lucrativo também.


KROKODILAGEM

A Rússia tem um problema sério com heroína. Todos os anos, acredita-se que 30 mil pessoas morram de complicações ligadas ao uso dessa droga - uma das mais viciantes, cruéis e caras que existem. Sim, caras. Mas algum russo empreendedor teve a ideia de criar uma heroína sintética, que custa apenas um terço do preço: o krokodil. Seu princípio ativo é a codeína, um analgésico opiáceo (análogo à heroína) que é vendido legalmente - é receitado para dores fortes nas costas, por exemplo. Os russos tiveram a ideia de cozinhar a codeína com outros ingredientes, como thinner, ácido clorídrico, iodo, gasolina e fósforo. Isso se transforma numa gosma, um líquido que o usuário coloca numa seringa. E injeta.

Como se fosse heroína. Mas com um problema a mais: a substância causa a necrose (morte) de tecidos nas regiões onde é injetada. Depois de algumas aplicações, os usuários ficam com a pele grossa, morta e esverdeada. Daí a origem do nome: krokodil vem de `crocodilo¿. Se a pessoa continuar usando a droga, o quadro costuma evoluir para a amputação de mãos, braços e pernas. Em geral, os consumidores do krokodil (que se situam principalmente na faixa dos 14 aos 21 anos de idade) não sobrevivem a mais de 3 anos de uso.

O combate às novas drogas sintéticas enfrenta várias dificuldades. A principal delas é o fato de muitas dessas substâncias serem produzidas a partir de componentes químicos legais, presentes, por exemplo, na fórmula de alguns remédios. Mesmo assim, alguns Estados americanos e países já identificaram e baniram substâncias recorrentes nas novas drogas, como a mefedrona, o JWH ou o CP-47 497. Mas quando a polícia científica e pesquisadores conseguem apontar os perigos e o potencial toxicológico de um desses compostos e encaminham às autoridades um pedido para que seu uso seja controlado ou proibido, os produtores criam variações sutis do composto original, com efeitos semelhantes, ganhando tempo até que a nova substância seja detectada e criminalizada.

Nesse jogo de gato e rato entre autoridades e traficantes, em que a legislação pode apenas reagir à medida que as novas drogas vão surgindo, multiplicam-se na internet os sites que comercializam os `legal highs¿, os baratos legalizados.

No Brasil, os relatos relacionados às novas drogas sintéticas ainda são limitados, mas, para os especialistas, isso se deve mais à dificuldade das autoridades de identificar e controlar a entrada delas no país do que a uma ausência das mesmas.

Em agosto do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária proibiu a comercialização da mefedrona e de outras duas substâncias similares. Até então, mesmo que uma pessoa fosse flagrada transportando essas substâncias, não podia ser detida pela polícia. Foi quase por acaso que a presença dessas novas drogas sintéticas foi detectada no País. A análise do produto só aconteceu porque agentes apreenderam o material pensando que se tratasse de ecstasy. Entretanto, ao analisar a fórmula química da substância, a Polícia Federal constatou que se tratava de mefedrona. Mas, apesar da proibição, é possível que esses compostos ainda estejam entrando no país e circulando livremente, já que grande parte dos equipamentos para teste de drogas ainda é calibrada para detectar apenas as drogas ilícitas tradicionais.

Mesmo nos países onde o combate às drogas sintéticas já está mais avançado, há dificuldades técnicas e legais para combater sua disseminação. Além do alto custo e da complexidade dos testes para detectar essas drogas, é difícil proibir em bloco as substâncias presentes nas drogas sintéticas, já que elas também estão presentes na composição de medicamentos e outros produtos químicos legais. "Quando os cientistas chegam a detectar e sugerir às autoridades a proibição de algum composto, os traficantes vão pesquisar as bulas dos remédios em busca de novas substâncias e criam combinações diferentes. Eles estão sempre vários passos à nossa frente", admite Anthony Wong, do Hospital das Clínicas. Segundo o coordenador geral de Repressão a Drogas da Polícia Federal, Cézar Luiz Busto, o Brasil já tem investido no combate às drogas sintéticas. "Policiais estão sendo treinados para investigar essas drogas, e temos trocado informações com outros países. Novos equipamentos também têm sido adquiridos para reforçar a vigilância", diz ele. A polícia precisa mesmo se mexer. Porque segundo o relatório World Drug Report, da ONU, a tendência é que, com o aumento das restrições às drogas sintéticas nos países desenvolvidos, a produção e o consumo acabem migrando para a América Latina.

Aconteça o que acontecer, uma coisa é certa: a humanidade sempre consumiu, e irá continuar a consumir, algum tipo de droga. Com todos os riscos que isso acarreta - e com todos os avanços que a tecnologia puder trazer.

Clássico moderno

Walter White é um químico brilhante. Mas ganha pouco como professor, e descobre que está com câncer. Para ganhar dinheiro rápido e deixar uma herança para a família, começa a produzir uma droga ilegal: a metanfetamina (crystal meth). Esse é o enredo da série americana Breaking Bad, que já ganhou 6 prêmios Emmy e muitos fãs no Brasil (onde é exibida pelo canal pago AXN). A série gerou curiosidade sobre a crystal meth, pouco conhecida por aqui. Na verdade, trata-se de uma droga muito antiga, sintetizada em 1919 por um cientista japonês ¿ e usada pelos pilotos americanos na Segunda Guerra Mundial. Depois da guerra, começou a ser consumida ilegalmente pela população civil dos EUA, onde hoje há 1,2 milhão de usuários da droga. A metanfetamina é um estimulante, e produz sensação de euforia. Pode ser fumada ou injetada e é considerada extremamente viciante.

Para saber mais
World Drug Report - ONU, 2011, http://abr.io/2Dfg
Synthetic Cannabinoids and Spice - European Monitoring Centre, 2009, http://abr.io/2Dfi

http://super.abril.com.br/ciencia/maconha-sintetica-e-a-era-das-drogas-de-laboratorio

26/05/2015

Braços Abertos: “Antes dele, 9 em cada 10 viciados desistiam”

Braços Abertos: “Antes dele, 9 em cada 10 viciados desistiam”


Dartiu Xavier, coordenador do programa, rebate matéria da Folha de S. Paulo que gerou polêmica nas redes sociais ao dar conotação negativa à iniciativa. Para Xavier, também professor da Unifesp, trata-se de uma proposta que busca atingir a causa do problema.
Por: Guilherme Franco
Edição: Paulo Roberto Brier D'Auria

Desde a metade da década de 1990, vários prefeitos de São Paulo, bem como os governadores do estado têm procurado acabar com a Cracolândia. No entanto, as ações muitas vezes se resumiram a operações policiais.
Há um ano, a equipe do prefeito Fernando Haddad (PT) colocava em prática uma ação na Cracolândia que acendeu o sinal vermelho de críticos Brasil afora. O programa  “Braços Abertos” busca a redução de danos em que o dependente é incentivado a diminuir gradativamente o consumo da droga, sem internação e com oferta de emprego e renda. A proposta vai na contramão à utilizada pelo governo do estado que prega o tratamento compulsório, permitindo às autoridades ordenarem a internação daqueles considerados em “estágio avançado de dependência”.
Na semana passada a manchete: “4 em cada 10 desistem de ação anticrack de Haddad”, segundo a Folha de S. Paulo deu o que falar nas redes sociais. É preciso valorizar, no entanto, que das 798 pessoas que aderiram ao programa iniciado há um ano e quatro meses; aproximadamente 60% delas continuam o tratamento.  “Antes dele, nove em cada dez viciados desistiam. O programa tem muitas coisas a serem melhoradas, mas algo sim já mudou, e para o bem. Esta é uma forma menos intolerante de lidar com a população”, opina Dartiu Xavier, professor da Unifesp e coordenador de treinamento de agentes da ação da prefeitura. Confira a entrevista.
SPressoSP – Primeiramente, como você avalia o programa “Braços Abertos”?
Dartiu Xavier - É a única proposta que tem alguma fundamentação. É uma mudança de paradigma. Em situações de tanta vulnerabilidade social, favorece-se o uso das drogas e a proposta do “Braços Abertos” busca atingir a causa do problema e não uma consequência ou um desdobramento, como no caso do uso da droga. Esse tipo de tratamento já foi testado em vários países e é o único que funciona.
Em alguns estudos dividiram-se a população em dois grupos de forma que no primeiro, a abstinência era pré-requisito, ou seja, se houvessem recaídas com a droga perderiam alguns privilégios. Já o outro grupo era incentivado a diminuir gradativamente o consumo da droga. Após três anos o resultado mostrou que o trabalho foi mais efetivo com o segundo grupo de que com o primeiro, mostrando que a droga não é a causa, e sim a consequência.
SPressoSP – Há um preconceito da mídia tradicional e de uma parcela conservadora da sociedade com esse tipo de tratamento?
Dartiu Xavier – A nossa sociedade é bastante reacionária e parte da mídia também. Ficamos muito tempo copiando o modelo de guerra às drogas, um modelo lançado na década de 70 pelos EUA. Já na década de 90 os EUA fizeram uma série de pesquisas e constataram que programa de guerra às drogas não eram efetivos.
Outro ponto é que fala-se muito sobre uma questão política de que se você é petista defende tal visão, contudo eu defendo o programa por questão técnica. Antes dele, nove em cada dez viciados desistiam diferente dos nossos dados atuais com o programa. Claro que ainda temos pontos a serem melhorados e já vem mudando. Com o ´´Braços Abertos´´ temos uma forma mais tolerante de lidar com a população e se formos pensar um dos programas implementados anteriormente na Cracolândia chamava-se dor e sofrimento. Como é possível crer que impondo dor e sofrimento àquela população seria uma forma de ajuda?
SPressoSP – O governador Geraldo Alckmin (PSDB) tem projeto antagônico. Batizado de “Recomeço”, o modelo estadual trabalha a saída do vício com tratamentos que incluem isolamento em hospitais e comunidades terapêuticas. Esse choque de gestões prejudica de alguma forma?
Dartiu Xavier – Prejudica muito. No “Recomeço”, eles medem a taxa de sucesso pelo número de internações. Já ouvi histórias de quem já atuou no projeto e contam histórias de arrepiar. Para bater a meta do dia eles saem com a ambulância pegando qualquer morador de rua. Isso é um afronto aos direitos humanos, prendendo uma pessoa só para atender uma meta diária. Isso me parece uma espécie de comércio humano onde o indivíduo é um número para atender o projeto. O “Braços Abertos” é completamente diferente demora-se semanas e até meses para conquistar a confiança da pessoa e assim, construindo-se uma relação afetuosa.
SPressoSP – Os resultados do programa podem representar no futuro o fim da ideia da “internação compulsória”?
Dartiu Xavier – As pessoas não chegaram àquela situação de miséria social por causa da droga mas sim por falta de acesso à moradia, trabalho, educação, saúde, etc. Quando o indivíduo viciado volta para a miséria, ele recai, de forma que é preciso melhorar as condições básicas de vida do usuário. Nesse sentido, como já foi dito, a proposta do Braços Abertos busca atingir a causa do problema e não só a consequência, como no caso do uso da droga.
Tem uma questão muito importante que está por trás de tudo isso que se relaciona ao fato do público ser população de rua. Ninguém gosta de ver miséria e gente se drogando em público e quando se vê o usuário de droga na rua já recebe o rótulo de dependente. Mas e se pensarmos naquelas pessoas que ficam dentro de seu apartamento chique no Jardins cheirando cocaína ou fumando maconha? Eles são dependentes? Grande parte delas não, são apenas usuárias, mas elas estão anônimas. O fato das pessoas se drogarem na rua gera muita visibilidade.
Foto: Marcelo Camargo/ABr

Saiba mais em: http://spressosp.com.br/2015/05/25/bracos-abertos-antes-dele-nove-em-cada-dez-viciados-desistiam/ 
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