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14/05/2013

Ação foca modo mais radical de tratamento


Ação foca modo mais radical de tratamento
'Bolsa internação' financia entidades em detrimento do sistema público
MAURÍCIO FIOREESPECIAL PARA A FOLHA
O Cartão Recomeço ganhou instantaneamente o pejorativo apelido de "bolsa crack", mas está mais próximo de uma "bolsa internação".

É um programa de financiamento público de comunidades terapêuticas privadas por meio dos R$ 1.350 mensais que serão recebidos pelos familiares dos dependentes internados.

O abuso do crack, associado a profundas vulnerabilidades sociais, é problema grave, mas está levando o poder público a uma sucessão de políticas sem debate mais sistemático com especialistas.

A internação é um tratamento indicado para apenas uma parte dos dependentes de drogas e por pouco tempo.

Por ser um isolamento artificial, produz a sensação de proteção, daí seu apelo em situações dramáticas. Por outro lado, como outros tratamentos, mostra-se ineficaz na maioria das vezes.

É preocupante que as políticas coloquem a forma mais radical de tratamento como seu foco, pois isso parece muito mais aplacar os anseios de quem está do lado de fora do que se basear em evidências científicas.

Também é preocupante o financiamento direto de entidades privadas em detrimento do sistema público de atenção à saúde mental --que, não há dúvidas, precisa ser aperfeiçoado e ampliado.

Sem entrar em controvérsias conceituais, a ação suscita questões pontuais.

O Estado será capaz de garantir a laicidade do tratamento, posto que um número enorme de comunidades terapêuticas são religiosas?

Quais serão as formas de controle e os critérios de avaliação de qualidade e eficiência desse tratamento em médio e longo prazo?

Qual é o plano de auxílio para esses dependentes e suas famílias na fase mais difícil do tratamento, que é o retorno às ruas?

Com longo histórico de internações dos dependentes, como evitar que o sofrimento deles não estimule um lucrativo e perene negócio financiado por verba pública?


10/05/2013

Veja reportagem sobre o Bolsa Crack.

Veja reportagem sobre o Bolsa Crack.


O programa deve ser aprovado dentro de 2 meses em que a verba de R$ 1350,00 será repassado para as entidades credenciadas. Os Caps serão responsáveis pelos casos que serão assistidos por este programa. 



E você o que pensa sobre o assunto?

07/05/2013

‘Bolsa crack’ de R$ 1.350 vai pagar internação de viciados do Estado de SP


‘Bolsa crack’ de R$ 1.350 vai pagar internação de viciados do Estado de SP

Governador Geraldo Alckmin vai apresentar nesta quinta-feira, 9, plano de ajuda financeira para famílias de dependentes. Dinheiro poderá ser sacado apenas para tratamento em clínica particular.


Bruno Ribeiro e Tiago Dantas - O Estado de S. Paulo - Atualizado às 22h50
Famílias com parente dependente de crack vão receber uma bolsa do governo do Estado de São Paulo para custear a internação do usuário em clínicas particulares especializadas. Chamado “Cartão Recomeço”, o programa deve ser lançado na quinta-feira, com previsão de repasses de R$ 1.350 por mês para cada família de usuário da droga.
 - Tiago Queiroz/AE
Tiago Queiroz/AE
Segundo o secretário de Estado de Desenvolvimento Social, Rodrigo Garcia, a proposta é manter em tratamento pessoas que já passaram por internação em instituições públicas. “São casos de internações em clinicas terapêuticas, pelo período médio de seis meses”, afirma.
Os dez municípios que receberão o programa piloto devem ser definidos nesta quarta-feira. Ainda não há data para o benefício valer em todo o Estado. As clínicas aptas a receber os pacientes ainda vão ser credenciadas, mas ficará a cargo das prefeituras identificar as famílias que receberão a bolsa. “Saúde pública é sempre para baixa renda. Os Caps (Centros de Atendimento Psicossocial das prefeituras) já têm conhecimento das famílias e fará a seleção”, diz Garcia, sem detalhar quais serão esses critérios.
Como antecipou o site da revista Época, o pagamento da bolsa será feito com cartão bancário. A ideia do Cartão Recomeço é ampliar a rede de tratamento para dependentes e, principalmente, a oferta de vagas para internar usuários. O trabalho desenvolvido pelo governo sofre críticas por causa da falta de vagas, especialmente após a instalação de um plantão judiciário no Centro de Referência de Tabaco, Álcool e Outras Drogas (Cratod), no Bom Retiro, centro da capital, ao lado da cracolândia - entre janeiro e abril, segundo o governo, cerca de 650 pessoas foram internadas após o atendimento no Cratod.
Para o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas na Faculdade de Medicina da Unifesp, que participou da criação do Cartão Recomeço, a vantagem do modelo é descentralizar o financiamento do tratamento. “Muitas famílias, mesmo de classe média, estouram o orçamento tentando pagar tratamento para o familiar dependente.”
Com o cartão, diz Laranjeira, as famílias terão uma “proteção” para o caso de o parente ficar viciado. “A família poderá ter dinheiro para oferecer ajuda caso o dependente aceite uma internação.”
Inspiração
O programa que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) vai lançar é semelhante ao desenvolvido em Minas. Apelidado de “bolsa crack”, o cartão de lá é chamado Aliança Pela Vida e dá ajuda de R$ 900.
A assessoria do Palácio dos Bandeirantes rejeitou o termo “bolsa crack” - segundo o secretário Garcia, o apelido é “maldoso”. O governo também ressalta que o recurso é carimbado e só pode ser sacado para pagamento em clínicas credenciadas. O plano envolve técnicos das Secretarias de Desenvolvimento Social, da Saúde e da Justiça. O pagamento sairá do orçamento da Secretaria de Desenvolvimento.

Artigo completo, clique aqui.
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