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07/05/2014

Mujica regulamenta mercado de maconha no Uruguai

Mujica regulamenta mercado de maconha no Uruguai

Medida tem efeito imediato, mas droga só deve começar a ser vendida a partir do fim do ano

Folha de maconha
Folha de maconha (Reuters)
Cinco meses após ser aprovada pelo Parlamento, a lei que regulamenta o mercado de maconha no Uruguai foi promulgada nesta terça-feira pelo presidente José Mujica. A medida tem efeito imediato, mas, na prática, o mercado da droga ainda vai demorar alguns meses para começar a operar. 
De acordo com a lei, a droga poderá ser obtida por meio do cultivo próprio (máximo de seis mudas por casa), pelo consumo em “clubes canábicos” com até 45 sócios (em que o consumo anual máximo será de 480 gramas anuais por sócio) e pela compra em farmácias. Neste último caso, a produção vai ser controlada pelo governo em áreas públicas e cada uruguaio registrado poderá comprar no máximo 10 gramas da droga por semana. Indivíduos não poderão plantar a erva para venda. 
O consumo, a produção e a venda serão restritos para uruguaios maiores de 18 anos ou residentes permanentes. Todos deverão se registrar em uma das categorias do Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (Irca). A restrição da compra para estrangeiros visa evitar uma espécie de “turismo da erva”. Ainda assim, críticos da lei apontaram que existe o risco de aparecer um mercado paralelo de venda para estrangeiros. 
O governo plantará até cinco variedades diferentes da cannabis, contendo um nível máximo de 15% de THC, substância responsável pelos efeitos da erva. Já os clubes e os cultivadores autônomos poderão ter as variedades que quiserem. 
Cada embalagem vendida pelo governo terá um código de barras e será registrada em um banco de dados que permitirá às autoridades rastrear a origem e determinar sua legalidade.
Com isso, o Uruguai transforma-se no primeiro país do mundo a estabelecer um mercado nacional com regras para o cultivo, a venda e o uso da droga.
Embora as pesquisas indiquem que mais de 60% dos uruguaios rejeitam a legalização do mercado da maconha, uma consulta recente da consultoria Cifra para o semanário Búsqueda revelou que, com a lei aprovada, 51% da população preferem mantê-la em vigor para observar como funciona antes de anulá-la imediatamente.
Produção - No momento, definir a quantidade de maconha consumida pela sociedade uruguaia para estabelecer quanto o Estado vai produzir é uma das principais preocupações das autoridades.
Com a regulamentação da lei, começará a funcionar esta semana o Ircca, organismo que terá nas mãos o controle de toda a cadeia produtiva, da importação de sementes à venda da substância em farmácias.
Julio Calzada, secretário da Junta Nacional de Drogas (JND), admitiu nesta segunda-feira que tem preocupações "infinitas" sobre como será implementada essa regulamentação para que o Ircca estabeleça o volume de produção.
Segundo Calzada, são consumidas no Uruguai entre 18 e 22 toneladas de maconha por ano, o que implicaria cultivar um máximo de 10 hectares. A ideia do governo é produzir exclusivamente o necessário para o consumo interno.
As autoridades pretendem fazer a primeira chamada a particulares interessados em plantar em até 20 dias. Enquanto isso, será definido qual será o terreno estatal onde serão feitos os cultivos e se a segurança do local ficará a cargo das Forças Armadas, uma possibilidade proposta pelo presidente Mujica.
Segundo o governo, a maconha legalizada chegaria, assim, no fim do ano às farmácias ao preço de 20 a 22 pesos por grama (pouco mais de 2 reais).
A maconha será taxada por meio de um imposto para produtos agropecuários, que será recolhido no Estado da produção. No entanto, a venda da droga não será taxada com um imposto que é cobrado para bebidas alcoólicas e o tabaco. Advogados tributaristas ouvidos pelo jornal El Observador afirmam que esse regime tributário é favorável à maconha.
Cigarro – E enquanto a maconha começa a ganhar o mercado uruguaio, o tabaco sofre uma nova ofensiva no país. Nesta terça-feira, o Senado local aprovou a proibição da publicidade e a exibição de cigarros em pontos de venda. A justificativa do projeto é desestimular o consumo, principalmente entre os jovens. Comerciantes ouvidos por jornais uruguaios reclamaram da iniciativa. O projeto segue agora para a Câmara dos deputados.
(Com agência EFE e Estadão Conteúdo)
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30/04/2014

Mão ao alto


Mão ao alto

por Taísa Szabatura DE: SUPERINTERESSANTE

INDICADO PELA NOSSA PSICÓLOGA: Claudia Ferreira Gomes

Um cara jovem, bonito, conquistador, que namora a Scarlett Johansson, mas prefere ver pornografia online. Parece filme, e é: Como Não Perder Essa Mulher estreia em dezembro. Mas, Scarlett à parte, o enredo não está tão longe da realidade. Com a banda larga e bundas variadas a alguns cliques de distância, todo mundo já deu uma espiadinha. O problema é que muitos não querem fazer outra coisa. Cada vez mais gente abre mão de uma pessoa real para passar horas se masturbando na frente de uma tela.


O sexo solitário sempre teve sua graça - um estudo recente da Universidade de Cambridge concluiu que pornografia é tão viciante quanto drogas. Mas por que só agora aparecem os viciados? A resposta está na melhor ferramenta já criada na história da humanidade para estoque, distribuição e consumo de pornografia: a internet.



Até o advento da rede mundial de computadores, você precisava ir a uma banca de jornal para comprar uma revista de mulher pelada. Se havia certo constrangimento em tirar um filme pornô na locadora, imagine alugar vários. Hoje, você assiste no celular tudo que tinha na locadora - e muito, mas muito mais. Tara por animais, anões, amputações, fezes, palhaços. Na rede, os seus desejos mais íntimos encontram uma via de expressão. E ninguém precisa ficar sabendo.



DARWINISMO E ONANISMO



A biologia evolutiva explica por que alguns não conseguem trocar sites pornô por nada neste mundo. A masturbação surgiu para que o estoque de sêmen fosse renovado, e assim uma semente mais jovem e competitiva pudesse brigar com a de outros machos. A pornografia simula e acelera esse processo: seu cérebro acredita que, a cada novo vídeo, uma fêmea diferente está sendo fecundada. Essa é a razão pela qual os homens são maioria nesse mundo. É difícil ter uma estatística exata, mas estima-se que 70% do público dos sites adultos é masculino. As mulheres ficariam com os 30% restantes - um número que vem crescendo.



O curioso é que a masturbação não vem de um instinto animal, mas da imaginação humana. Sabemos disso graças a abnegadas como a antropóloga E.D. Starin, que passou cinco anos na Gâmbia observando macacos e registrou apenas cinco casos de masturbação com ejaculação. Detalhe: os machos estavam em contato visual com outras fêmeas, algumas delas copulando com outros machos - uma versão selvagem do Xvideos.



Ou seja, por mais que chimpanzés cocem a virilha no zoológico e constranjam visitas escolares, o homem ainda é o único animal que se masturba de forma consciente, para atingir o orgasmo. Jesse Bering, doutor em psicologia e autor do recém-lançado Devassos por Natureza: Provocações Sobre Sexo e a Condição Humana, contexto é fundamental. "Da próxima vez que você se sentir no clima, deite na cama, apague a luz, não pense em nada e não veja nada. Em seguida tente só com o toque atingir o clímax." Acredite, não é tão fácil. É a cognição humana que faz com que um adulto se masturbe a cada 72 horas - em média, com ampla e folclórica variação. O problema é quando a cognição vira compulsão.



CINCO SENTIDOS CONTRA UM



O estudo de Cambridge, citado no começo do texto, mostrou que o pornô vicia da mesma maneira que algumas substâncias, desregulando o cérebro. Quando um vídeo proporciona prazer, esse prazer leva você a buscar outro vídeo. Cada novo clique é um estímulo para o centro de recompensa, que se torna dependente dessa anestesia constante. "A pornografia, como o álcool e as drogas, enfraquece nossa capacidade de enfrentar certos tipos de sofrimento (...) ela reduz a nossa capacidade de tolerar nossos dois humores ambíguos e oscilantes: a preocupação e o tédio", escreve o filósofo Alain de Botton em Como Pensar Mais Sobre Sexo. Longas maratonas no PornTube podem ser uma fuga de problemas.



Outra coisa: chega uma hora em que os vídeos corriqueiros não são mais suficientes. Você não se excita mais vendo o papai-e-mamãe de sempre, nem o mamãe-e-mamãe ou papai-e-papai. Como nas drogas, você vai desenvolvendo uma tolerância e precisa de mais para se satisfazer. Logo, logo, o sujeito está indo atrás de coisas pesadas e ilegais, como cenas reais de estupro e pedofilia. E é aí que muitos decidem procurar ajuda.



Há algum tempo, já existem grupos de apoio para usuários compulsivos de pornografia, mas agora surgem na internet grandes fóruns para discutir o tema e buscar soluções - nem que seja encontrar disposição para ir ao supermercado ou ao banco. O maior portal sobre o tema se chama yourbrainonporn.com e lá você encontra de estudos científicos a depoimentos informais. Gary Wilson, o psiquiatra por trás da ideia, chegou a dar uma palestra no TED sobre os efeitos da pornografia no cérebro - cujo vídeo alcançou uma audiência digna de hit pornô, 2 milhões de acessos. "As pessoas estão começando a questionar se é isso que elas querem para as suas vidas. Muitas chegam à conclusão de que pornografia demais é um atraso", diz Wilson. O psiquiatra também atribui à pornografia mudanças de etiqueta ("nossas avós não faziam sexo oral e anal como se faz hoje") e estética: "Depilações radicais, cirurgias íntimas e clareamento dos genitais, antes restritos a atrizes pornô, passaram a fazer parte do cotidiano".



Mas o vício em pornografia pode estar trazendo problemas mais graves: disfunção erétil e dificuldade para ejacular têm complicado a vida de homens cada vez mais jovens. E há casos de quem não consegue, ou nem faz mais questão, de conhecer uma pessoa real ou sair de casa. Para a filósofa Márcia Tiburi, isso acontece porque é mais fácil se relacionar com um avatar: "Uma pessoa concreta me obriga a tomar posição, a reagir, a interagir. Uma imagem é só um objeto que se submete à manipulação".



JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS



Quer dizer que fizemos a Revolução Sexual para ir para casa fazer sexo com nós mesmos? O futuro é um quarto escuro iluminado pela tela de um tablet trepidante? Calma. Não há nada de errado com a masturbação, nem com pornografia, desde que elas não afetem a sua vida (ver teste ao lado).



Aliás, tirando quem realmente tem um problema sério, o que mais se observa é uma tentativa do "uso consciente" dos sites adultos. Sabe a tendência que já se espalhou de dar um tempo nas redes sociais? Pois é, muitos jovens têm chegado à conclusão que, assim como o uso exagerado do Facebook e Twitter, a pornografia está tirando um tempo precioso de suas vidas. Passar a noite de vídeo em vídeo pode ser prazeroso no curto prazo, mas vale a exaustão do dia seguinte? "Do modo como é hoje, a pornografia pede que deixemos para trás nossa ética, nosso senso estético e nossa inteligência", constata Alain de Botton. Vem daí aquela sensação de repugnância e derrota quando a euforia chega ao fim. Mas não precisa jogar o computador fora, abandonar tudo e ir morar numa montanha. Assim como com outras tentações, você precisa estar consciente do risco que corre e simplesmente apreciar com moderação. "Acho que essa reflexão acerca do nosso comportamento é mais enriquecedora que o resultado de qualquer estudo", diz Wilson.



O certo é que a pornografia nunca vai acabar. Ela é fundamental na vida sexual de quem menos se imagina. No livro Bunny Tales - Behind Closed Doors at the Playboy Mansion ("Contos da Coelhinha - Atrás de Portas Fechadas na Mansão da Playboy", sem edição brasileira), a modelo Izabella St. James conta como foi ser parte do harém do fundador da Playboy. Aos 78 anos, Hugh Hefner ainda realizava orgias todas as quartas e sextas. E, na hora de finalizar, dispensava as namoradas: gozava assistindo vídeos.

A internet é pornô
30% de tudo que circula na rede é pornografia

12 min é o tempo médio que uma pessoa passa num site de pornografia

Entre os usuários de sites pornô 70% são homens / 30% mulheres
O portal pornô Xvideos tem o triplo de acessos que o site da CNN    

Foto: gettyimages.com

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29/04/2014

Da terra do crack ao campo de refugiados

Da terra do crack ao campo de refugiados


*Auro Danny Lescher - O Estado de S.Paulo
Há décadas o paulistano tem se acostumado a conviver com um fenômeno bizarro: centenas de pessoas, homens, mulheres e crianças, descalças, cinzas e esfarrapadas habitando um território do tamanho de três quarteirões bem no coração da cidade. De longe se observa um amontoado de zumbis vagando a esmo, ciscando o chão na busca frenética por mais uma pedra de crack.
A droga, que se cheira, se pica, se ingere ou se fuma, é a maneira muitas vezes desesperada que o sujeito tem para alterar a sua percepção sobre o mundo (externo e interno). É, também, um potente anestésico que ameniza a dor de quem vive a memória de uma grande ruptura: os exilados, os imigrantes, os soldados no front, os loucos, os moradores de rua. Podemos até afirmar que, nessas situações extremas, o exílio químico passa a ser uma fórmula eficaz para tornar suportável o insuportável.
Psicologicamente, é muito oneroso para a consciência coletiva e para a de cada cidadão quando somos obrigados a nos adaptar, a tornar "natural" algo que sabemos ser bizarro. Porque todos nós, os paulistanos inseridos e produtivos e os que vivem fissurados na Cracolândia, temos sempre muita fome de dignidade.
Até dois anos atrás, a metodologia prioritariamente utilizada pelos governantes, seja na esfera municipal, na estadual ou na federal, para o enfrentamento desse complexo fenômeno social vinha sendo a da truculência policial, a repressiva. É claro que essa abordagem continua sendo necessária quando estamos a enfrentar o tráfico de drogas e o crime organizado. Mas ela é absolutamente ineficaz para a revitalização daquele território, como os anos têm demonstrado, exatamente porque nega a complexidade da situação.
O Projeto Quixote, do qual sou coordenador, está em campo há 18 anos ajudando crianças e jovens exilados no centro da cidade de São Paulo a estabelecerem novas conexões consigo mesmos e com a sua comunidade e sua família de origem, na maioria das vezes localizada nos municípios da região metropolitana de São Paulo. A palavra-chave da nossa metodologia é "mátria". Um neologismo do poeta argentino Ernesto Sábato. Ele falava que, das experiências demasiado humanas, a que mais o emocionava era a cena do imigrante exilado que, da popa do navio, vê a costa da sua pátria se distanciando, sem ao menos saber se algum dia voltará a reencontrá-la. Tão forte, não deveria se chamar Pátria, mas Mátria.
Em nosso trabalho, esse termo se refere aos inúmeros aspectos físicos e emocionais relacionados à comunidade e à família de origem da criança, mas também a outros aspectos, mais profundos, psicológicos, relacionados à própria construção da identidade.
A metodologia do rematriamento surge da constatação de que essas crianças e jovens nas ruas são refugiados urbanos, à espera de oportunidades de retorno às suas mátrias. Acompanhamos, às vezes por anos, cada um desses pequenos refugiados, tecendo, juntos, sua história atual e passada e os seus desejos futuros (uma espécie de autobiografia autorizada). Acompanhamos também as famílias na conexão com a rede local de atendimento: saúde, assistência social, educação, lazer e cultura.
A Cracolândia é um campo de refugiados informal. É de lá que os exilados gritam, têm lugar, têm visibilidade, saem na mídia, entram na agenda dos políticos e governos. Eles batem à porta do inferno para não sucumbirem às armadilhas que a idade da pedra lhes impõe - o lado primitivo da sociedade que não ousa mudar e o do sujeito, que, sentindo-se e sendo tratado como resíduo, se refugia no crack.
Desde o início do ano passado, algo diferente começou a aparecer: trabalhadores da área da saúde se juntaram aos heróis da assistência social. A agenda do enfrentamento ao crack passou a ser prioridade dos governos. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou uma pesquisa estimando em 370 mil o número de pessoas que fazem uso do crack no Brasil. Convenhamos, um ponto a mais para a complexidade do problema.
Há ainda muito que caminhar, sobretudo porque a área da saúde também tem a sua truculência. A internação compulsória tem-se mostrado ineficiente, porque, como vimos, o uso do crack na Cracolândia não se trata pura e simplesmente de uma questão de dependência química. Por isso me parece ingênuo o jogo pseudoideológico segundo o qual quem se põe a favor da internação compulsória é contrário à estratégia de redução de danos, e vice-versa. Sejamos coerentes, em vez de pensarmos em salas de uso protegido do crack (como ocorre na Holanda e em outros países), devemos pensar em salas humanitárias, um híbrido de Poupatempo com Cruz Vermelha.
O que estamos acompanhando neste início de ano com o programa Braços Abertos é uma novidade que merece ser celebrada. Oferecer perspectivas de dignidade aos exilados da Cracolândia (bolsa/trabalho, uniforme, comida do Bom Prato, habitação em hotéis da região, etc.) é a metodologia mais eficaz. Trata-se de uma abordagem que poderíamos chamar de humanitária.
Os habitantes da terra do crack não são toxicômanos irreversíveis, mas pessoas que buscam no exílio a afirmação de sua vida e algum retorno às suas mátrias.
Temos a saudável tendência natural de aceitar como verdadeiro aquilo que pode ser enunciado. Trata-se do reencontro tenso e intenso de alguém consigo mesmo, e ser o narrador da própria história é vital para se sentir razoavelmente confortável dentro do próprio corpo. De corpo e alma. Esse reencontro tem que ver com o amor próprio, mãe e pai de todos os amores. Uma boa tradução para a palavra dignidade. Matéria-prima para a narrativa do sujeito, como ser autônomo, único, absolutamente singular, que se tece com uma linha que não separa, aliena nem esquarteja, mas alinhava, define e protege.
*PSICOTERAPEUTA, PSIQUIATRA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO, É COORDENADOR DO
PROJETO QUIXOTE

14/04/2014

MACONHA E O PERIGO DA LEGALIZAÇÃO PARA O MERCADO

MACONHA E O PERIGO DA LEGALIZAÇÃO PARA O MERCADO

legal capital
Vivemos um momento em que a legalização da maconha vem atraindo o mercado. Muitos defensores vêm dizendo que isso é importante para o processo de legalização. Revistas, que criminalizavam os defensores das marchas por apologia, agora só faltam ensinar a plantar maconha.
Mas não estamos na luta há tantos anos para agradar o grande mercado. Lojas que vendem produtos necessários à plantação de verduras e da erva da paz sempre defenderam o autocultivo, como forma de combater essa brutal guerrra às drogas, que nada mais é do que a guerra aos pobres. Queremos pequenos livres comércios, sem monopólios, oligopópolios, cartéis ou quaisquer relações monstruosas de acumulação com uma planta que é, ao mesmo tempo, produção e consumo, fora de alienantes relações de trabalho e exploração.
A maconha no Brasil traz um grave problema ao mercado e ao Estado, pois ela dá em qualquer lugar. A planta é comum, de todos, comumnista, ainda mais nesse maravilhoso país, onde tudo que se planta dá.
O Uruguai estatizou a erva da paz e os Estados Unidos vêm privatizando. Os debates sobre a quantidade permitida para plantar em sua casa violam ambas posições. Se estou em minha casa, nem o Estado muito menos o mercado podem estabelecer o número de plantas que vão nascer em minha propriedade, obviamente desde que não seja um latifúndio.
A planta é comum, este debate devemos travar na Marcha da Maconha, pois somos a Multidão das marchas no Brasil e no Mundo, e não lutamos por décadas pelo mercado nem pelo Estado, e sim pelo comum, que é a planta da paz do Reino de Jah, sem qualquer controle.
Nossa luta não pode ser privatizada, nem estatizada, e não podemos aceitar essa apropriação do comum da planta da paz, pois nunca fomos, nem seremos, massa de manobra, somos a multidão libertária.
-
ANDRÉ BARROS, advogado da Marcha da Maconha e membro da Comissão de Diretos Humanos da OAB/RJ e do Instituto dos Advogados Brasileiros

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13/04/2014

Terapia psicodélica estudo mostra potencial medicinal do LSD

Terapia psicodélica estudo mostra potencial medicinal do LSD
Revista Galileu
Saem os antidepressivos e ansiolíticos, abrem-se as portas da percepção. Um estudo da MAPS (Associação Multidisciplinar Para Estudos Psicodélicos) publicado em janeiro afirma que o LSD, aliado à psicoterapia, pode ser eficaz no tratamento de ansiedade e depressão em pacientes com doenças terminais. Os testes, realizados na Suíça, ainda são restritos — eles envolveram apenas 12 voluntários. Mas trazem as primeiras evidências científicas sobre o uso medicinal da droga desde 1973, quando as pesquisas foram restritas nos EUA.
O sonho hippie estava acabando e as políticas de combate às drogas entravam no seu auge. Sintetizado pelo químico suíço Albert Hofmann, o LSD foi testado em mais de 40 mil pessoas até 1965. Celebridades como o ator Cary Grant participaram de sessões de psicoterapia e expansão da consciência sob efeito do LSD antes dos Beatles o experimentarem. Francis Crick, vencedor do Nobel da Ciência em 1962, iniciou sua pesquisa sobre o DNA com base nas visões de uma viagem de ácido. Psiquiatras das Forças Armadas Americanas ministravam psicodélicos para manipular depoimentos de prisioneiros da Guerra Fria, enquanto os jovens faziam uso recreativo da droga.
Os condutores da nova pesquisa acreditam no potencial do LSD. “A droga interage com neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, provocando uma espécie de sonho acordado muito vívido, que leva os pacientes a um profundo contato com suas pendências e ao enfrentamento de seus medos”, afirma o psiquiatra Peter Gasser, coordenador do estudo. Os 12 voluntários passaram por 30 sessões: 22 com uma dose de 200 mg, e oito com a dose placebo de 20 mg. “Devido a repressões na infância, uma das pacientes se queixava de dificuldade para expressar alegria. Durante a experiência, libertou-se a ponto de dançar pela sala e pediu para passar as mãos sobre as costas macias de uma vaca”, diz Gasser.
Não houve efeitos colaterais graves como flashbacks, surtos psicóticos ou ansiedade severa. Só foram aceitos pacientes sem histórico de problemas mentais, como a esquizofrenia. Nenhum medicamento psiquiátrico foi utilizado. “Não indicamos a terapia com LSD a pessoas muito jovens, que ainda não têm repertório de enfrentamento para lidar com algumas vivências”, afirma Gasser.
Rick Doblin, fundador e presidente da MAPS, acredita que novas pesquisas devem apontar alternativas a medicamentos psiquiátricos tradicionais. “As pessoas já demonstram descrença na indústria farmacêutica e tendência à aceitação de outras substâncias para finalidade médica e espiritual. A exploração do subconsciente e da espiritualidade é um direito humano fundamental”, opina. Para ele, a regulação do LSD com finalidade terapêutica é mais fácil que a da maconha. “Temos ótima relação com órgãos como FDA (FoodAndDrugAdministration) e DEA (DrugEnforcementAdministration)”, explica.
Os testes custaram US$ 200 mil e foram subsidiados por simpatizantes. “Pedimos apoio a instituições governamentais e grandes fundos de pesquisa, mas eles consideraram politicamente arriscado. Talvez agora seja mais fácil conseguir”, diz Doblin. A organização também planeja novos estudos legais sobre o uso medicinal do MDMA (ecstasy), maconha, ibogaína e ayuasca para tratamentos direcionados à ansiedade, estresse pós-traumático e dependência química. Os próximos grupos devem ser montados no México e Nova Zelândia.

Retirado de Galileu / Coletivo dar. 
Veja aqui.
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