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28/02/2014
23/10/2013
Os deserdados da terra
Os deserdados da terra
- Longe de termos uma epidemia de crack, temos uma epidemia de abandono: 40% dos usuários de crack estão em situação de rua, vivendo um quadro de extrema privação social
- ARTIGO - JULITA LEMGRUBER
A pesquisa recém-divulgada da Fundação Oswaldo Cruz sobre o perfil e o número dos usuários de crack no país é um importante alerta e chega em boa hora: o Senado está prestes a votar um projeto de lei que coloca o Brasil na contramão da história do ponto de vista da política sobre drogas, sacramentando a internação compulsória do dependente químico e aumentando a pena mínima para o tráfico, que passa a ser mais alta do que aquela para homicídio.
A pesquisa é um alerta, em primeiro lugar, porque revela números com precisão jamais vista. A partir de um sofisticado método (NSUM) que estimou o número de usuários, estejam eles onde estiverem, a partir de visitas domiciliares com 25.000 entrevistados, chegou-se à cifra de 370.000 usuários de crack e outras formas similares de cocaína fumada no país (www.fiocruz.br). Este número equivale a 0,8% da população das capitais brasileiras, ou seja, menos da metade do indicado por outros levantamentos exclusivamente domiciliares, com utilização de amostras muito reduzidas. Ademais, os que defendem os resultados de pesquisas anteriores ao rigoroso estudo da Fiocruz seguem afirmando que o Brasil vive uma epidemia de crack, quando não temos séries históricas confiáveis, utilizando metodologia efetiva para avaliação de populações não domiciliadas, como faz o NSUM. A situação detectada, embora grave, está muito distante do quadro de caos que se tentava difundir e que serve de justificativa para estratégias equivocadas e ultrapassadas na área das políticas sobre drogas.
Além da pesquisa domiciliar, a equipe da Fiocruz realizou também, em todas as regiões do país, levantamento dos locais utilizados por usuários de drogas como o crack e similares, superando em muito análises anteriores que se limitavam a estudos com algumas dezenas de pessoas, sem representatividade estatística. Justamente a partir desse levantamento é que se tem a dimensão da tragédia brasileira: longe de termos uma epidemia de crack, temos, como já se disse, uma epidemia de abandono. 40% dos usuários de crack estão em situação de rua, vivendo um quadro de extrema privação social. Uma população sem alternativas ou perspectivas, para quem a droga é a única fonte real de prazer, como lembra Carl Hart, professor da Universidade de Columbia. Em resumo, estamos diante de um relevante problema de saúde pública entre os “deserdados da terra” (como definiu Francisco Inácio Bastos, coordenador do projeto e pesquisador sênior da Fiocruz) e não entre pessoas encontráveis em seus domicílios, por meio de métodos tradicionais.
A pesquisa é, também, um alerta para aqueles que acreditam em internação compulsória e outros métodos medievais para tratamento dos usuários problemáticos de drogas. Na pesquisa da Fiocruz, 80% dos usuários, revelaram desejar tratamento, o que não quer dizer que as pessoas desejem ser privadas de sua liberdade e internadas em comunidades terapêuticas, em sua maior parte mantidas por grupos religiosos que fazem da adesão aos rituais e à prática da “fé” a estratégia de uma suposta “cura”. Precisamos investir recursos públicos, sobretudo, no atendimento e tratamento em meio livre.
Nunca é demais repetir: a grande maioria de usuários de drogas lícitas e ilícitas não desenvolve dependência e jamais vai precisar de tratamento porque faz uso recreacional. Apenas 9% dos que usam maconha, 17% dos que usam cocaína, e 15% dos que usam álcool se tornam dependentes. Aliás, é bom lembrar que nos Estados Unidos, além dos 22 estados que já legalizaram o uso medicinal da maconha, há outros dois que legalizaram o uso recreacional dessa substância: Colorado e Washington. Quando o país que levou o mundo a uma fatídica e genocida guerra às drogas começa a mudar de rumo, vale ficar atento.
Julita Lemgruber é socióloga e coordenadora do Cesec/Ucam
Para ver artigo de´´O GLOBO´´, clique aqui.
22/09/2013
De palhaço, médico combate o crack
De palhaço, médico combate o crack
Psiquiatra usa fantasia para se aproximar dos usuários e convencê-los a buscar tratamento
BRUNO PAES MANSO - O Estado de S.Paulo
O sol começava a sair de trás das nuvens, por volta das 10h de anteontem, quando o psiquiatra Flavio Falcone, de 33 anos, formado pela Universidade de São Paulo (USP), abriu a porta do banheiro da Unidade De Braços Abertos, na Rua Helvetia, no coração da Cracolândia, centro de São Paulo. Com um nariz de bola vermelha e o rosto maquiado, usando uma cartola branca, terno de tecido grosso e uma gravata feita com gaze, ele já havia incorporado o palhaço Fanfarrone.
Felipe Rau/Estadão
Médico se aproxima dos usuários
Pela décima vez nos últimos dois meses, Falcone repetia o ritual das últimas sextas-feiras. Fantasiado, aborda os usuários de crack nas ruas lotadas da Cracolândia para ganhar a confiança deles e convencê-los a iniciar um tratamento que possa livrá-los de uma das drogas mais consumidas no País. Um em cada três (35%) consumidores de drogas ilícitas nas capitais do País usa crack, conforme pesquisa inédita da Fundação Oswaldo Cruz, divulgada na quinta-feira.
As vestimentas do médico são inspiradas em Zé Pelintra, entidade da umbanda que, segundo uma versão sobre sua morte, bebia demais e foi atropelado depois de adormecer na linha de trem. "O palhaço ajuda a estabelecer uma relação horizontal, de igual para igual, com o povo daqui. De médico, imediatamente se cria uma hierarquia que eu prefiro desconstruir", diz. Depois dos primeiros passeios, um pandeiro também passou a fazer parte dos acessórios da peregrinação. Quando os usuários viam o palhaço, muitos o rodeavam e começavam a cantar com ele.
Logo nos primeiros passos, Fanfarrone é abordado por uma mulher de cerca de 30 anos, magra, cabelos castanhos, envelhecida pela droga, que vem conversar sobre astrologia. Ela pergunta o signo do palhaço, que responde ser de escorpião. A moça conta a história do marido do mesmo signo, que consome crack com ela. "Eu fumo para ficar na brisa, para ouvir música, para fazer amor. Ele fuma e fica violento, fala bobagens, me bate. Quando escorpião dá para ser ruim, sai de baixo", diz a moça.
Uma liderança da cena local começa a acompanhar Fanfarrone, depois de comunicada de que haveria fotos e que o repórter iria junto. Pardal, de 50 anos, foi com um chapéu verde-amarelo, segurando um acessório de penas coloridas. Usa óculos sem lentes para "passar uma imagem de respeito", que ele tira durante os bate-bocas com outros frequentadores.
Pardal estava agitado na manhã de sexta, sob o efeito da pedra. Contou que a Escola de Samba Tom Maior havia sido criada em sua casa, na zona sul, e depois se emocionou ao falar do filho que foi preso aos 15 anos e só agora havia saído da prisão. Assumiu com o palhaço o compromisso de participar de um grupo de música para o bairro, projeto ainda a ser apresentado ao poder público.
Fanfarrone segue pela Helvetia em direção à Rua Dino Bueno, onde fica "o fluxo", termo usado para definir o movimento de venda e consumo intenso da pedra. Ganha um boneco de pelúcia de presente de uma moça, que pede que ele guarde o bichinho com cuidado. Metros adiante, Fanfarrone perde o boneco, levado de seu bolso por um homem.
A rua está agitada às 10h30. Barraquinhas de roupas velhas ficam na calçada, num comércio de objetos sem valor para fazer dinheiro para manter o consumo da pedra. Em outro, são vendidos carrinhos de plástico quebrados e muitos restos de equipamentos eletrônicos. Um jovem branco, de cabelos claros e compridos, tenta vender uma bela jaqueta preta, no meio do fluxo, para obter recursos e comprar mais pedra.
Fanfarrone segue decidido, passando em meio à multidão efervescente. Para a reportagem, ele diz que a escolha do palhaço não foi gratuita. "O palhaço, na verdade, deu sentido para minha vida. Aqui, eu também busco a minha cura", conta. Criado em Piracicaba, no interior de São Paulo, ele sempre foi uma criança tímida. Seus pais eram donos de uma escola de balé. Desde os 4 anos, ele assistia, discretamente, a quase todas as aulas. Depois, repetia as coreografias escondido.
Sonho. Aos 14 anos, sonhou que estava tratando de dependentes químicos. Foi quando decidiu ser psiquiatra. Sempre teve facilidade com os estudos e ingressou na USP. Junto com a Medicina, passou a fazer aulas de palhaço e conseguiu se livrar da depressão que o perseguia. "O palhaço lida com as sombras. Ele revela o lado ridículo de situações que, às vezes, levamos muito a sério. Eu sempre fui uma pessoa tímida. Passei a rir de mim mesmo, o que foi mais eficiente do que qualquer terapia. Parece que, hoje, renasci e vivo em outra encarnação", diz.
A sombra dos frequentadores da Cracolândia, para o palhaço, é o potencial muitas vezes desperdiçado daquelas pessoas. Fanfarrone continua andando no meio da confusão, com gente de olhos arregalados por todos os lados, cachimbos de aço sendo acesos, discussões e dedos em riste, quando, de repente, um cego de roupa social aparece, tentando passar no meio do fluxo com a ajuda da bengala. Tudo pode parecer muito triste, mas Fanfarrone acredita no poder terapêutico de transformar em riso a miséria humana.
Nos primeiros dois meses de atividade, ele calcula ter conseguido "construir vínculos" com 30 pessoas. Um deles era HIV positivo. Depois de saber que tinha a doença, decidiu "morrer na Cracolândia". Fanfarrone disse que hoje pessoas com aids podem sobreviver por anos, desde que medicadas. Ao saber disso, o jovem começou a se tratar. Mas permanece na Cracolândia.
Fanfarrone evita arriscar um palpite sobre quanto tempo a região ainda vai conviver com a cidade. Mas arrisca uma definição sobre o local: "a Cracolândia é a sombra da cidade de São Paulo".
Artigo retirado de Estadão. Para saber mais clique aqui.
05/06/2013
"Maconha pode ser a porta de saída para o crack", diz psiquiatra
"Maconha pode ser a porta de saída para o crack", diz psiquiatra
O psiquiatra, especialista em drogas, Dartiu Xavier da Silveira defende redução de danos no tratamento de dependência de crack
15/05/2013
O problema não está no crack – está na alma
O problema não está no crack – está na alma
Denis Russo Burgierman
De cada 100 pessoas que experimentam crack, algo em torno de 20 tornam-se dependentes. É um número assustador, preocupante, claro, mas é importante notar uma coisa: é a minoria. O crack é mais viciante que a maconha (9%), menos do que o tabaco (32%, a taxa mais alta entre as drogas). Mas a grande questão é a seguinte: o que faz com que algumas pessoas que experimentam as drogas fiquem dependentes e outras não?
Segundo o médico húngaro-canadense Gabor Maté, a resposta é simples: as pessoas que se afundam nas drogas são as mais frágeis. Gabor é um dos especialistas mais respeitados do mundo em dependência e esteve no Brasil esta semana. Sua palestra, no Congresso Internacional sobre Drogas que aconteceu no fim de semana em Brasília, foi imensamente esclarecedora.
“Em 20 anos trabalhando com usuários em Vancouver, eu nunca conheci nenhum dependente que não tivesse sofrido algum tipo de abuso na infância – abuso sexual ou algum trauma emocional muito grave”, ele disse. Ou seja: dependentes de drogas são sempre pessoas com fragilidades emocionais causadas por traumas na infância.
O momento mais polêmico da palestra foi quando ele afirmou algo que ninguém esperava ouvir: “drogas não causam dependência”. Como assim não causam? E aquele bando de gente esfarrapada no centro da cidade? Ele explica: “a dependência não reside na droga – ela reside na alma”. É que quem sofreu abusos severos na infância acaba tendo sua química cerebral alterada e cresce com um eterno vazio na alma. Frequentemente esse vazio acaba sendo preenchido com alguma dependência. “Pode ser uma droga, ou qualquer outro comportamento que traga algum alívio, ainda que temporário: compras, sexo, jogo, comida, religião, internet.”
A cura para a dependência, portanto, não é a destruição da droga: é o preenchimento do vazio na alma. Gabor, aliás, sabe muito bem do que está falando. Ele próprio, afinal, sente esse vazio. Ele nasceu em Budapeste em 1944, durante a ocupação nazista, com a mãe deprimida, o pai preso num campo de trabalhos forçados, os avós assassinados pelos alemães. Quando cresceu, para aliviar a dor emocional que sentia, desenvolveu uma dependência: “virei um comprador compulsivo”.
O sofrimento que Gabor sente está óbvio em seu rosto: nos seus traços trágicos, nos olhos tristes. Mas ele encontrou paz: seu trabalho ajudando dependentes lhe trouxe sentido na vida e esse sentido preencheu, ao menos em parte, o vazio.
Em resumo: crianças que foram muito mal-tratadas acabam virando adultos “viciados”. E aí o que nossa sociedade faz? Trata mal essas pessoas. “Nós punimos as mesmas crianças que falhamos em proteger”, diz Gabor.
Na semana passada, uma pesquisa do Datafolha mostrou que o maior medo dos paulistanos é o de perder seus filhos para as drogas. É um medo compreensível e do qual eu, como um quase pai (minha primeira filha nasce no mês que vem), compartilho. Mas esse medo não pode justificar políticas repressivas e violentas, que impõem tratamento religioso forçado e dá poder ilimitado à polícia. Isso só vai aumentar o estresse na vida de gente que já é frágil – e é sabido que estresse piora a dependência.
Hoje já está claro que o único jeito de lidar com gente que tem um vazio na alma é com compaixão. O que essas pessoas precisam não é de cadeia nem de conversão forçada nem de projetos de lei medievais como o que está tramitando agora no Congresso, com apoio do governo federal – é de compreensão e de ajuda para encontrar algo que ajude a dar sentido para as suas vidas.
Em 2000, uma pesquisa em Portugal revelou que as drogas eram o maior problema do país. No ano seguinte, o governo português teve a coragem de montar um novo sistema, muito mais barato para o contribuinte, comandado pelo ministério da saúde, sem internações compulsórias nem violência policial.
Ano retrasado, a pesquisa foi repetida e drogas nem apareceram na lista dos dez maiores problemas portugueses. O problema havia sido resolvido. Com compaixão.
Para ver o artigo na Super Interessante, clique aqui.
15/04/2013
Fighting Drug Addiction With Marijuana
Fighting Drug Addiction With Marijuana
By: Ted Hessen
For decades, Colombia has been searching for ways to treat people who are addicted to basuco, the nation's version of crack cocaine.
Now, the country's capital, Bogota, is considering a new approach: transition users to marijuana.
BBC Mundo reports that the city is interested in trying a pilot program to see if pot helps mitigate the symptoms of withdrawal that basuco users experience. The goal is to minimize the social and health risks that accompany the drug.
Basuco isn't the same as crack, but it's an apt comparison. Like crack, it's smokable and more common among a poorer segment of society.
When it comes to quality, basuco is some of the least pure cocaine out there. The base of the drug is an intermediary product that you get if you're turning coca leaves into cocaine, and it can contain residue from the solvents used in that process, including kerosene. Dealers add things like ash and crushed bricks to give it bulk. For less than a dollar, you can get a short but powerful high.
One expert in Bogota estimates that the city has at least 7,000 "problem users," which means they might take up to 15-20 hits a day, according to BBC Mundo.
To confront the issue, the city is planning to test out "controlled consumption centers," where addicts of hard drugs will be able to consume in a safer environment, with the goal of kicking the habit.
Julián Quintero, from the Bogota-based non-profit organization Acción Técnica Social, which works on drug policy, told BBC Mundo how such centers will work:
"The first thing you do is to start to reduce the dose. After that, you begin to change the way that it's administered: if you were injecting heroin, you move to smoking heroin; after smoking heroin, you move to combining it with cannabis; after that, you're staying with the cannabis," he said. "What you're looking for is for the person to reach a point where they can stabilize the consumption and that the consumption doesn't prevent them from being functional."
Is anyone in the U.S. trying this kind of approach to hard drugs?
No, according to Amanda Reiman, a policy manager with the Drug Policy Alliance, a group that favors alternatives to current drug laws.
"Unfortunately, universities rely on grants from the federal government for research, so most of what they do is what the feds want done," she said in an email. "As you can probably guess, the feds are not too interested in beneficial uses for marijuana, and even less interested in how to help people who are addicted to substances, so most of the research in this area occurs outside the U.S. or through private funding."
24/02/2013
Addiction à la cocaïne et aux psychostimulants
ADDICTION À LA COCAÏNE ET AUX PSYCHOSTIMULANTS
1 CHU de la Martinique, service de psychiatrie et psychologie médicale, addictologie et psychotraumatologie, 97261 Fort-de-France cedex, Martinique
2 Université Paris-Sud, Inserm U669, 75679 Paris cedex 14, France
3 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Hospital das Clínicas da UFMG, Belo Horizonte - MG - Cep 30315-360, Brésil
4 Université de Rouen, Inserm U1073, 76183 Rouen cedex, France
*Jérôme Lacoste, CHU hôpital Pierre-Zobda-Quitman, service de psychiatrie et psychologie médicale, psychotraumatologie et addictologie, BP 632, 97261 Fort-de-France cedex, Martinique.
Du fait de ses nombreuses formes commerciales (poudre, pasta base, crack et freebase…) et de ses multiples voies d’administration (intranasale, intraveineuse ou fumée), la cocaïne est devenue en 30ans une des drogues illicites les plus consommées dans le monde, après le cannabis.
Si la fréquence de sa consommation diminue en Amérique du Nord, elle continue à augmenter en Europe, et dans certains pays d’Amérique du Sud, notamment au Brésil, malgré une connaissance de plus en plus précise de ses effets, conséquences et complications somatiques et psychiatriques.
Abstract
ADDICTION TO COCAINE AND OTHER STIMULANTS
Jérôme Lacoste 1 , Héloïse Delavenne-Garcia 3, Aimé Charles-Nicolas 1, Frederico Duarte Garcia 3 4, Louis Jehel 1 21 CHU de la Martinique, service de psychiatrie et psychologie médicale, addictologie et psychotraumatologie, 97261 Fort-de-France cedex, Martinique
2 Université Paris-Sud, Inserm U669, 75679 Paris cedex 14, France
3 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Hospital das Clínicas da UFMG, Belo Horizonte - MG - Cep 30315-360, Brésil
4 Université de Rouen, Inserm U1073, 76183 Rouen cedex, France
*Jérôme Lacoste, CHU hôpital Pierre-Zobda-Quitman, service de psychiatrie et psychologie médicale, psychotraumatologie et addictologie, BP 632, 97261 Fort-de-France cedex, Martinique.
Points essentiels
Du fait de ses nombreuses formes commerciales (poudre, pasta base, crack et freebase…) et de ses multiples voies d’administration (intranasale, intraveineuse ou fumée), la cocaïne est devenue en 30ans une des drogues illicites les plus consommées dans le monde, après le cannabis.
Si la fréquence de sa consommation diminue en Amérique du Nord, elle continue à augmenter en Europe, et dans certains pays d’Amérique du Sud, notamment au Brésil, malgré une connaissance de plus en plus précise de ses effets, conséquences et complications somatiques et psychiatriques.
Dans d’autres régions du monde (Asie et Océan Indien), d’autres psychostimulants, amphétamine et dérivés amphétaminiques (notamment la méthamphétamine) aux propriétés et aux modes d’usage très proches de celles de la cocaïne, remplacent cette dernière.
Un dérivé amphétaminique, l’ecstasy ou MDMA, est également consommé par de nombreux jeunes de moins de 25ans, en Europe et en Amérique du Nord, dans un contexte festif, avec des conséquences spécifiques et des modalités de prise en charge particulières.
Alors qu’aucun traitement médicamenteux ne fait actuellement l’objet d’un consensus, l’approche thérapeutique la plus adaptée semble associer une prise en charge psychosociale à un traitement médicamenteux à visée anticraving, qui réduit les envies compulsives de consommer, facilitant le travail psychothérapeutique et social.
La recherche pharmacologique reste cependant très active, et de nombreuses pistes sont actuellement explorées (agonistes dopaminergiques ou GABAergiques, dérivés amphétaminiques à longue demi-vie, vaccin…), que ce soit pour traiter la dépendance à la cocaïne ou à la méthamphétamine.
[Addiction to cocaine and other stimulants].
Presse Med. 2012 Dec;41(12 Pt 1):1209-20.
CHU de la Martinique, service de psychiatrie et psychologie
médicale, addictologie et psychotraumatologie, 97261 Fort-de-France cedex,
Martinique. jerome.lacoste@chu-fortdefrance.fr
Abstract
Due to many available forms (powder, pasta base, freebase and crack…)
and because of multiple routes of administration (intranasal, intravenous, or
smoked), cocaine has become in 30 years one of the
most consumed illegal drugs worldwide, after cannabis.
While the frequency of consumption
decreases in North America, it continues to rise in Europe, and in some
countries in South America, including Brazil, despite a growing knowledge of
its specific effects, physical complications and psychiatric consequences.
Elsewhere (notably in Asia and Indian Ocean), amphetamine and other stimulants
(including methamphetamine), whose properties and patterns of use are very
similar to those of cocaine, tend to replace it. Another amphetamine
derivative, MDMA or ecstasy, is also consumed by many young people of less than
25 years, in Europe and North America, in a festive setting, with specific
consequences and special procedures of care.
Although there is currently no
consensus for a specific medication, the most appropriate therapeutic approach
seems to involve a psychosocial treatment associated with an anticraving
medication, which will reduce compulsive desire to consume, in order to
facilitate the psychotherapeutic and social care.
However, pharmacological
research remains very active, and many options are explored (GABAergic or
dopaminergic agonists, amphetamine derivatives with long half-life, vaccine…),
whether to treat addiction tococaine or to methamphetamine.
22/02/2013
Gestação, Crack e os seus efeitos
EFEITOS DO USO DO CRACK NA GESTAÇÃO
Dra. Gabrielle Cunha fala sobre consumo do crack pela mulher durante a gravidez e ascomplicações que a droga podem causar no organismo
Os efeitos do uso do crack durante a gestação podem ser diretos, relacionados à droga em si, ou indiretos, vinculados ao estilo de vida da mãe. Má nutrição induzida pela droga, ausência de cuidados pré-natais, uso concomitante de outras substâncias tóxicas e maior exposição a infecções e doenças influenciam a evolução do feto, conforme explica o infográfico abaixo.
Para acessar o site, clique na foto acima
19/02/2013
Série semanal Drogas: O Crack
SÉRIE SEMANAL DROGAS: HOJE
CRACK
Imagem retirada do Blog http://danicircosolar.blogspot.com.br/
Crack: O Crack é uma substância estimulante do Sistema
Nervoso Central, sendo que tal substância é advinda do Cloridrato de cocaína, sendo que a
forma usual de uso são as formas aspirada ou dissolvida em água para uso
intravenoso.
Como a
cocaína sofre alterações quando submetida ao calor, para que a forma fumada
seja usada necessita-se trabalhar tal composto com a adição de bicarbonato de
sódio e água.
Tal
droga recebe este nome, pois em tal preparado a pasta de cocaína se torna
endurecida, se quebrando em pedaços e emitindo sons que lembram o som da palavra
“crack”.
Quando
se fuma o crack, ele entra pelos pulmões, órgão este intensivamente
vascularizado e com grande superfície, levando a absorção instantânea. Por meio
da circulação chega ao cérebro causando os efeitos da cocaína, porém muito mais
rapidamente do que por outras vias.
Tão
rápido quanto o início dos efeitos é a duração da manutenção deste efeito ( 5
minutos na forma fumada diferente da cocaína que pode durar de 20 a 45 minutos
), o que faz com que o usuário necessite utilizar mais vezes a substância.
Em
relação ao fumo do crack ele é realizado por meio de cachimbos, desde os mais
comuns, feitos de madeira, desde aqueles
confeccionados de latas de alumínio, canos de plástico ou metal, copos de plástico,
entre outros.
Efeitos
Os
efeitos após a pipada( ato de fumar o crack em cachimbos ) são:
1. Sensação de grande prazer
2. Intensa euforia e poder
Estes
efeitos duram muito pouco tempo ( no máximo 5 minutos ), o que pode levar o
usuário a consumir a substancia de forma compulsiva, termo este conhecido como
fissura, que nada mais é do que o desejo incontrolável do usuário em sentir
novamente o prazer que sentiu com o uso.
Além
disso, a substância pode provocar efeitos como agitação psicomotora e
agressividade. O uso do Crack é envolto por três situações graves que acometem
seus usuários: PARANOIA, FISSURA E DEPRESSÃO PÓS-USO.
Com o uso prolongando os usuários podem sentir:
·
Insônia
·
Hiperatividade
·
Estado de excitação
·
Perda da sensação do
cansaço
·
Falta de apetite ( bem
usual chegando a causar perda de peso extrema ), 8 a 10kg em menos de um mês
Além disso, com o tempo prolongado de uso o usuário
pode perder as noções básicas de higiene, sentir cansado e depressivo.
Outros problemas ligados ao uso são:
·
Aumento da pressão
arterial,
·
Risco de infartos e
acidentes vascular encefálico (AVE),
·
Baixa de imunidade devido
à má nutrição,
·
Predisposição a doenças
pulmonares,
·
Lesão em lábios e boca
por queimaduras ( com maior risco de se contrair Herpes e Hepatite C )
Redução de danos
Segundo Andrade et al ,
2001; a “Redução de danos é uma política de saúde que se propõe a reduzir os
prejuízos de natureza biológica, social e econômica do uso de drogas, pautada
no respeito ao indivíduo e no seu direito de consumir drogas”.
Estratégias de Redução de Danos para os usuários de Crack
·
Uso de folhetos explicativos, trabalhando-se com o
incentivo a redução de uso ou mesmo migração para padrões de uso menos danosos;
·
Uso do cachimbo, já que o uso pode ser feito em locais
nada higiênicos, como latas e copos usados oferecendo riscos de intoxicação
devido a resíduos de certos materiais;
·
Uso de bocais removíveis nos cachimbos;
·
Substituição do Crack por substâncias que comparativamente
causem menos danos, como o mesclado, “freebase” e a maconha;
·
Distribuição de preservativos e saches de lubrificantes;
·
Uso de protetores labiais para evitar possíveis
rachaduras em região de boca, evitando a transmissão de DST’s.
Referências:
Niel, Marcelo; da
Silveira, Dartiu Xavier. Drogas e Redução de Danos: uma cartilha para
profissionais da saúde- São Paulo, 2008.
Cebrid.
Livreto informativo sobre drogas psicotrópicas. São Paulo, 2010.
Retirado do usuário Jamacor2 do Youtube.
14/02/2013
O Jeitinho Brasileiro em São Paulo
Estado
cria 'puxadinho' para agilizar triagem de viciados em SP
Para
atender à demanda crescente de pessoas em busca de informações e tratamento
para o crack, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) construiu uma espécie de
"puxadinho" no Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e
Outras Drogas), na região central de São Paulo.
O
objetivo é otimizar o atendimento, que chegava a demorar cinco horas, conforme
mostrou reportagem da Folha no final do mês passado.
Desde o
dia 21 de janeiro, quando o centro passou a abrigar um plantão com juiz,
promotor e advogados para facilitar a internação à força de usuários de droga,
foram feitos 1.203 atendimentos no local, uma média de 85 por dia útil de funcionamento.
Deste
total, 189 pessoas foram internadas, sendo 90% delas voluntariamente, de acordo
com os dados do governo. O restante foi de internações involuntárias -pedida
por um familiar, contra a vontade do viciado.
O
"puxadinho" é uma tenda colocada no pátio de entrada do Cratod, que
servirá de local de acolhimento para os que chegam ao centro.
Uma
equipe formada por médicos e assistentes sociais fará a primeira avaliação do
caso. Só serão encaminhadas para o centro aquelas situações mais graves, que necessitarem
de internação.
Casos de
dependentes que não forem considerados graves pelos médicos serão encaminhados
pela tenda a um Caps (Centro de Atenção Psicossocial), onde é feito atendimento
ambulatorial. E pedidos não relacionados à saúde serão encaminhados para os
serviços de atenção social.
"Temos
uma reordenação. Muitas das demandas que passavam no plantão de saúde eram
sociais", disse Rosangela Elias, coordenadora de Saúde Mental, Álcool e
Drogas.
Segundo
ela, havia casos de pessoas que queriam sair da situação de rua ou em busca de
benefícios sociais.
Na
inauguração da tenda, que já funcionava como teste havia uma semana, o
governador afirmou que a equipe do centro também ganhou um reforço: novos 21
psiquiatras e outros 5 clínicos gerais.
Alckmin disse
ainda que foram feitos convênios para a criação de novos 185 leitos de
internação no Estado.
Para ver esta reportagem no site da Folha, clique aqui.
Notas do Proad:
Estamos vivenciando este momento político em que mudanças estão sendo realizadas, sendo que temos pessoas à favor e contra o que vem ocorrendo.
E você se posiciona de que forma em relação a Internação compulsória. COMENTE!
VEJA TAMBÉM:
Especialistas
da ONU e OMS criticam internação compulsória de viciados em Crack
Governo de SP tenta aumentar “na marra” número de leitos para
internação compulsória
13/02/2013
Polêmico artigo do Proad
This article was written in 1999, polemic and current. You need to read and comment!
Este artigo foi escrito em 1999, polêmico e atual. Você precisa ler e comentar!
Therapeutic use of cannabis by crack addicts in Brazil.
J Psychoactive Drugs. 1999 Oct-Dec;31(4):451-5.
Source
Departamento De Psiquiatria, Escola Paulista De Medicina, Universidade
Federal De São Paulo, Brazil. eliseul@uol.com.br
Abstract
This study ensued from clinical observations based on
spontaneous accounts by crack abusers undergoing their first psychiatric
assessment, where they reported using cannabis in an attempt to ease their own
withdrawal symptoms.
Throughout a period of nine months, the researchers
followed up on 25 male patients aged 16 to 28 who were strongly addicted to
crack, as diagnosed through the Composite International Diagnostic Interview
(CIDI), according to CID-10 and DSM-IV diagnostic criteria.
Most of the
subjects (68%, or 17 individuals) ceased to use crack and reported that the use
of cannabis had reduced their craving symptoms, and produced subjective and
concrete changes in their behavior, helping them to overcome crack addiction.
The authors discuss some psychological, pharmacological and cultural aspects of
these findings.
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