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26/02/2013

Série Semanal: Anfetaminas

Anfetaminas
Você votou na nossa enquete e para esta semana a droga mais votada foi: Anfetaminas.
Aproveitem o post e divulguem nas redes sociais.

Importância

Primeiro relato de uso da anfetamina foi há 5000 anos, na China.

Em 1887, Nagai isola a efedrina. 

No mesmo ano Lazar Edeleanu, em Berlim, sintetiza a anfetamina.





Categorias de uso (Bower e Phelan, 2003)

            Potencializar a performance
            Manter a performance


Público: Estudantes, atletas e militares

Nos EUA, inicou-se do uso nos anos 40, no futebol americano.
Nos anos 50, o uso se dissemina para outros esportes

Nos  anos 60 e 70, mortes são atribuídas ao uso de anfetamina

1968 – seu uso é banido pelo COI

Estudantes:

    ·  Levantamento americano de 2009 – risco duas vezes maior para o abuso entre estudantes de 18 a 22 anos
   · Associado a maior consumo de álcool, maconha e cocaína
     ·  Maior risco de eventos cardiovasculares
   · Potencializadores cognitivos vêm sendo pesquisados


Epidemiologia:


·         1,3 milhões de americanos faziam uso em 2007
·         número de usuários estável desde então
·         idas ao PS devido ao uso de anfetaminas aumentaram 54% entre 1995 e 2002, nos EUA
·         27% dos pacientes que procuraram tratamento devido ao seu uso de metanfetaminas relataram uma tentativa de suicídio prévia (Zweben, 2004)
·         43% desses pacientes relataram ao menos um episódio de comportamento violento (Zweben, 2004)
·         pacientes que usam anfetaminas são mais propensos a fazerem uso de outros drogas ilícitas (Wu, 2007)
·         taxa de psicose semelhante à da cocaína (cerca de 10%) (McKetin, 2006)
·         uso associado a complicações pré-natais e de parto (Plessinger, 1998)
·         uso associado a maiores taxas de hepatite C e de HIV (Blumenthal, 2001; Harris, 1993)
·         o uso é fator preditivo de recidiva em comportamento criminoso – 82% dos usuários em liberdade assistida voltaram a cometer crimes, em comparação a 54% dos não usuários (Cartier, 2006)


Quadro clínico e problemas advindos ao uso:

·         Euforia
·         Alerta aumentado
·         Aumento de energia
·         Emoções intensificadas
·         Diminuição da necessidade de sono
·         Taquicardia
·         Sudorese
·         Taquipnéia
·         Hipertensão
·         Mania
·         Psicose
·         Paranoia
·         Problemas cardiovasculares
·         Vasoconstrição e dificuldade de resfriar o corpo
·         Dificuldade de perceber os próprios limites



Tratamento


·         TCC( Terapia Cognitivo Comportamental )

·         Antidepressivos

Fluoxetina, paroxetina e sertralina foram iguais a placebo
Bupropiona se mostrou efetiva em homens que fazia uso de quantidades pequenas ou moderadas de metanfetaminas
Mirtazapina se mostrou efetiva para o tratamento da síndrome de abstinência
Ondansentron se mostrou seguro como tratamento da dependência

·         Medicações GABAérgicas

Topiramato se mostrou pouco eficaz, mas seus efeitos cognitivos foram menores
gabapentina não foi eficaz

·         Antipsicóticos

Risperidona e aripiprazol apresentaram resultados promissores em estudos pequenos

·         Bloqueadores de canais de cálcio

Um estudo com 18 pacientes duplo cego, randomizado, placebo controlado, com anlodipino, não teve resultados positivos

·         Medicações estimulantes-like

Modafinil e atamoxetina apresentam resultados promissores 



Texto retirado da Aula do Dr. Thiago Marques Fidalgo *

( Para copiar este texto é necessário autorização do autor )

*  Coordenador do Setor de Adultos e de Adolescentes – PROAD – UNIFESP
Chefe de Plantão do PS de Psiquiatria da UNIFESP
Coordenador do Ambulatório de Dependências – Hospital AC Camargo
Research Fellow – Harvard University

25/02/2013

Dependência Sexual: Sim, ela existe!

Dependentes de sexo lutam para se livrar da compulsão

Carolina Iskandarian

Do G1 SP

“Eu chegava a sair com seis ou sete mulheres em uma só noite. Enquanto não acabasse o dinheiro, a adrenalina, até eu ficar exaurido, eu não parava. Depois, sentia uma grande culpa e depressão.” O relato é do representante comercial Galego (nome fictício), de 46 anos, que há sete faz tratamento contra a compulsão sexual em São Paulo.

O drama dele é o de muitos que vivem no anonimato. Caracteriza a chamada dependência do sexo ou disfunção sexual. Pessoas que, à procura da satisfação da libido, com parceiros ou não, perdem o controle. Galego conta que pagou tanto para ter prostitutas, bebidas e drogas que faliu. “Em 26 anos, gastei R$ 1 milhão com a compulsão.”

Histórias da vida real foram parar na ficção. Na novela da TV Globo Passione, Maitê Proença é Stela, uma mulher casada que tem fissura por homens mais jovens. Faz sexo com eles sem querer saber seus nomes ou marcar o próximo encontro. Em Caminho das Índias, a personagem Norminha, interpretada por Dira Paes, amava o marido, mas não tinha o menor pudor em traí-lo com um monte de desconhecidos.

“A pessoa não tem controle sobre o desejo sexual. É a necessidade de buscar mais prazer, mais parcerias. Isso pode ser através do sexo ou da masturbação”, explica o psiquiatra Alexandre Saadeh, especialista em sexualidade humana.



Prazer virtual



Com as redes sociais, o problema se agrava. “Tem gente que passa o dia inteiro programando atividades sexuais e a internet é ótima para isso”, afirma o médico, que faz parte do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo e dá aulas na PUC-SP. O estudante Leonardo (nome fictício), de 29 anos, até tentou, mas não gostou da experiência do sexo virtual.

“Você se decepciona porque as pessoas não são o que dizem. Teclam com você e com outras tantas ao mesmo tempo”, diz o rapaz. Para preencher o vazio de um relacionamento amoroso ruim, Leonardo, que é homossexual, buscou parceiros fora de casa. Isso começou há oito anos. “Olhava para um cara na rua e saía com ele ou transava com gente que encontrava em baladas GLS”, admite.

Segundo Leonardo, podiam ser cinco pessoas por semana ou duas por dia. “Eu estava totalmente perturbado, sem autoestima. Saía para ouvir dos outros que era bonito, elegante, gentil. Era o que eu não tinha no meu relacionamento”, conta ele, que há dois anos namora, se diz feliz e “equilibrado”.


Leonardo, em site de bate papo; encontro pode ser
marcado na hora. Foto: Carolina Iskandarian/ G1
Ajuda no DASA

Mesmo assim Leonardo continua a frequentar a entidade Dependentes de Amor e Sexo Anônimos (DASA). A filosofia deles é a mesma da dos Alcoólicos Anônimos (AA). Pessoas se reúnem em sessões periódicas para compartilhar os problemas. São as partilhas. Tudo é na base do diálogo e na premissa de que “só por hoje” o dependente será uma pessoa melhor, sem recaídas.

No caso do DASA, os dramas são relacionados à compulsão pelo sexo, pelo prazer ou insatisfações nos relacionamentos amorosos. “Cheguei lá e vi gente com problemas iguais aos meus. Eu me confortava em saber que não estava sozinho, que não havia preconceito e, sim, muito respeito”, afirma Leonardo sobre o DASA.

As reuniões são uma parte do “tratamento”, que é gratuito e dispensa remédios. A programação foca nos 12 passos, espécie de mandamentos que podem ajudar no processo de recuperação. Eles sugerem que os dependentes admitam o problema, rezem e até façam um “destemido inventário moral” delas mesmas para tentar reparar o mal que possam ter feito a outros. “Nossa finalidade é fazer com que a pessoa se relacione melhor com ela e com os outros de forma saudável”, explica Galego, um dos porta-vozes da entidade.

De acordo com o site do DASA, as reuniões acontecem em quatro endereços da capital paulista. Em agosto, Galego acumula sete anos de DASA e de histórias. “Tenho um companheiro de sala que se masturba 40 vezes por dia. Até sangrar. É muito difícil. Você quer parar e não consegue.” Galego afirma que, graças ao apoio que encontrou na entidade, recuperou “muitas áreas” de sua vida, como o relacionamento com a filha e dinheiro.

“Quando a pessoa chega ao DASA está detonada. Depois, começa a progredir e se afasta. Aí podem vir as recaídas”, completa Galego, que acredita ser difícil haver uma cura definitiva. A doutora em psicologia pela PUC-SP Ana Maria Zampieri concorda. “Não existe cura. Existe estar em abstinência da compulsão para o resto da vida”, atesta ela, que publicou livros sobre o tema da sexualidade.

Para Ana Maria, a busca incontrolável pelo prazer tem explicações “biológicas, psicológicas e socioculturais”. Situações de abandono ou abuso sexual na infância podem desencadear o problema. “As crianças abusadas se tornam adultos carentes, que misturam carinho, atenção com sexo. Buscam exaustivamente preencher um vazio que não vai ser satisfeito com o sexo.” O distúrbio ainda pode afetar pessoas muito tímidas, que não conseguem se relacionar.

O funcionário público de São Paulo Fabiano (nome fictício), de 41 anos, conta que foi abusado sexualmente por sua babá aos 3 anos de idade. Acredita que isso influenciou no seu comportamento no futuro. Em 1999, ele disse "estar no auge" da compulsão. "Eu não conseguia ficar um dia sem sexo. Saía antes e depois do trabalho para procurar mulheres", revela ele, que gastava dinheiro com garotas de programa.

Fabiano chegou a colocar anúncios em jornais para arrumar namorada e diz que sempre foi um menino "muito carente" e, por isso, procurava prostitutas para suprir isso. Quando se casou pela primeira vez, aos 20 anos, pareceu ter encontrado a parceira ideal. "A gente chegava a ter 20 relações por dia." Hoje, casado novamente, o funcionário público se diz controlado e aliviado em não ter mais a síndrome da abstinência sexual. "Sentia dores no corpo, calor excessivo, irritação e insônia."





Proad

Há outro caminho para tratar a compulsão sexual: a psicoterapia. O Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), oferece essa ajuda. Os médicos criaram o Ambulatório de Tratamento do Sexo Patológico em 1994. “As pessoas têm devaneios, ficam imaginando o sexo de maneira que não conseguem desligar e a perda de controle é que define a dependência”, conta o psiquiatra Aderbal Vieira Júnior, do Proad.

Segundo ele, o problema atinge tanto homens e mulheres casados como solteiros. Seja de vida pacata seja de vida promíscua. “Tem gente que vai à sauna gay e passa o fim de semana lá. Tive um paciente que fez isso e transou com 80 pessoas”, relata Vieira Júnior. “A pessoa faz quando quer, como quer e com quem quer.”

Para ver artigo na integra, clique aqui.


20/02/2013

Óxi e seus efeitos devastadores


Seis efeitos devastadores do óxi

Droga leva pasta base de cocaína, cal virgem e querosene em sua composição


Alline Menegueti
Pedras de óxi na Polícia Federal de Rio Branco, no Acre (Regiclay Alves Saady )

O óxi, nova droga que está se espalhando pelo Brasil, é ainda mais nociva que o crack. Por sua aparência amarronzada, já foi definida como ‘rapadura do diabo’. Sua composição, que leva cal virgem e até querosene, dá uma ideia do poder devastador e tóxico que possui.
"Ainda não deu tempo de avaliar o real efeito nocivo da droga, contudo, sabe-se que é intenso", diz o psiquiatra Thiago Fidalgo, do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes do Departamento de Psiquiatria (PROAD) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e do Ambulatório de Dependência Química do Hospital AC Camargo.
Especialistas acreditam que a devastação se inicia um minuto após o consumo. Internamente, a droga devasta o sistema nervoso central, o coração, o pulmão e o fígado. O menor dano causado no dependente é o envelhecimento precoce causado pela perda de colágeno.
"Suas substâncias químicas causam mais dependência com um custo relativamente inferior”, diz Fidalgo, referindo-se ao valor da pedra do óxi, menor que a do crack. A dependência, porém, cobra caro do organismo, causando danos muitas vezes irreversíveis, como problemas cognitivos e até morte súbita.
A droga é responsável pela ativação excessiva do sistema nervoso central, o que provoca morte de neurônios. Com o decorrer do consumo, a droga altera as funções psicomotora e cognitiva, causando perda contínua de memória, problemas de concentração, irritação e insônia, além do risco de desencadear transtornos psiquiátricos em pessoas com predisposição.
O uso contínuo da droga pode levar a uma perda de sensibilidade dos neurônios à dopamina— importante neurotransmissor no cérebro responsável, entre outras coisas, pela sensação de prazer. A ação da droga no cérebro faz com que a dopamina se esgote, causando os sintomas depressivos após o uso do óxi.
O risco de AVC (acidente vascular cerebral) é grande entre os dependentes, já que a droga provoca aumento da pressão arterial e diminuição do fluxo sanguíneo cerebral.
A aceleração cardíaca constante, gerada pela droga, aumenta a frequência respiratória e cardíaca, resultando no desgaste do coração. Os vasos sanguíneos também sofrem com o efeito corrosivo. Com o coração trabalhando de forma mais intesa e com menos fluxo de sangue, o resultado pode ser um infarto ou mesmo morte súbita. A combinação explosiva entre cocaína fumada e querosene intensifica a toxicidade da droga e aumenta o risco da morte súbita.
Aqui, tudo começa pela boca, mas as lesões causadas pelo calor e pelos componentes químicos tóxicos da fumaça do óxi se estendem por todo o sistema respiratório e podem levar, inclusive, à indução de tumores cancerosos.
A fumaça corrosiva leva à destruição do tecido pulmonar. Além disso, as repetidas lesões causadas pelas substâncias químicas deixam as portas abertas para eventuais infecções, aumentando o risco de pneumonia ou mesmo tuberculose.
Artigo retirado da revista Veja, para acessar, clique aqui.

19/02/2013

Série semanal Drogas: O Crack

SÉRIE SEMANAL DROGAS: HOJE
CRACK



Crack: O Crack é uma substância estimulante do Sistema Nervoso Central, sendo que tal substância é advinda do Cloridrato de cocaína, sendo que a forma usual de uso são as formas aspirada ou dissolvida em água para uso intravenoso.

Como a cocaína sofre alterações quando submetida ao calor, para que a forma fumada seja usada necessita-se trabalhar tal composto com a adição de bicarbonato de sódio e água.
Tal droga recebe este nome, pois em tal preparado a pasta de cocaína se torna endurecida, se quebrando em pedaços e emitindo sons que lembram o som da palavra “crack”.

Quando se fuma o crack, ele entra pelos pulmões, órgão este intensivamente vascularizado e com grande superfície, levando a absorção instantânea. Por meio da circulação chega ao cérebro causando os efeitos da cocaína, porém muito mais rapidamente do que por outras vias.

Tão rápido quanto o início dos efeitos é a duração da manutenção deste efeito ( 5 minutos na forma fumada diferente da cocaína que pode durar de 20 a 45 minutos ), o que faz com que o usuário necessite utilizar mais vezes a substância.

Em relação ao fumo do crack ele é realizado por meio de cachimbos, desde os mais comuns, feitos de madeira,  desde aqueles confeccionados de latas de alumínio, canos de plástico ou metal, copos de plástico, entre outros.

Efeitos

Os efeitos após a pipada( ato de fumar o crack em cachimbos ) são:
1.       Sensação de grande prazer
2.      Intensa euforia e poder

Estes efeitos duram muito pouco tempo ( no máximo 5 minutos ), o que pode levar o usuário a consumir a substancia de forma compulsiva, termo este conhecido como fissura, que nada mais é do que o desejo incontrolável do usuário em sentir novamente o prazer que sentiu com o uso.

Além disso, a substância pode provocar efeitos como agitação psicomotora e agressividade. O uso do Crack é envolto por três situações graves que acometem seus usuários: PARANOIA,  FISSURA E DEPRESSÃO PÓS-USO.

Com o uso prolongando os usuários podem sentir:

·         Insônia
·         Hiperatividade
·         Estado de excitação
·         Perda da sensação do cansaço
·         Falta de apetite ( bem usual chegando a causar perda de peso extrema ), 8 a 10kg em menos de um mês

Além disso, com o tempo prolongado de uso o usuário pode perder as noções básicas de higiene, sentir cansado e depressivo.

Outros problemas ligados ao uso são:

·         Aumento da pressão arterial,
·         Risco de infartos e acidentes vascular encefálico (AVE),
·         Baixa de imunidade devido à má nutrição,
·         Predisposição a doenças pulmonares,
·         Lesão em lábios e boca por queimaduras ( com maior risco de se contrair Herpes e Hepatite C )

Redução de danos

Segundo Andrade et al , 2001; a “Redução de danos é uma política de saúde que se propõe a reduzir os prejuízos de natureza biológica, social e econômica do uso de drogas, pautada no respeito ao indivíduo e no seu direito de consumir drogas”.

Estratégias de Redução de Danos para os usuários de Crack

·         Uso de folhetos explicativos, trabalhando-se com o incentivo a redução de uso ou mesmo migração para padrões de uso menos danosos;

·         Uso do cachimbo, já que o uso pode ser feito em locais nada higiênicos, como latas e copos usados oferecendo riscos de intoxicação devido a resíduos de certos materiais;

·         Uso de bocais removíveis nos cachimbos;

·         Substituição do Crack por substâncias que comparativamente causem menos danos, como o mesclado, “freebase” e a maconha;

·         Distribuição de preservativos e saches de lubrificantes;

·         Uso de protetores labiais para evitar possíveis rachaduras em região de boca, evitando a transmissão de DST’s.

Referências:

Niel, Marcelo; da Silveira, Dartiu Xavier. Drogas e Redução de Danos: uma cartilha para profissionais da saúde- São Paulo, 2008.
Cebrid. Livreto informativo sobre drogas psicotrópicas. São Paulo, 2010.

Retirado do usuário Jamacor2 do Youtube.

13/02/2013

Polêmico artigo do Proad


This article was written in 1999, polemic and current. You need to read and comment!

Este artigo foi escrito em 1999, polêmico e atual. Você precisa ler e comentar!

Therapeutic use of cannabis by crack addicts in Brazil.      


J Psychoactive Drugs. 1999 Oct-Dec;31(4):451-5.

Source
Departamento De Psiquiatria, Escola Paulista De Medicina, Universidade Federal De São Paulo, Brazil. eliseul@uol.com.br

Abstract

This study ensued from clinical observations based on spontaneous accounts by crack abusers undergoing their first psychiatric assessment, where they reported using cannabis in an attempt to ease their own withdrawal symptoms. 

Throughout a period of nine months, the researchers followed up on 25 male patients aged 16 to 28 who were strongly addicted to crack, as diagnosed through the Composite International Diagnostic Interview (CIDI), according to CID-10 and DSM-IV diagnostic criteria. 

Most of the subjects (68%, or 17 individuals) ceased to use crack and reported that the use of cannabis had reduced their craving symptoms, and produced subjective and concrete changes in their behavior, helping them to overcome crack addiction. 

The authors discuss some psychological, pharmacological and cultural aspects of these findings.



06/02/2013

Estudos com Ibogaína para tratamento contra dependência química


Ibogaína: a droga que cura o vício


Da planta iboga é extraída a ibogaína, uma substância psicodélica que faz sonhar por 12 horas e é cada vez mais usada contra a dependência química.
Fausto Salvadori ( Revista Galileu online )

Deitado numa cama, Wladimir Kosiski, 33 anos, viu, literalmente, sua vida passar como num filme — e descobriu que era um drama ruim. A abertura até prometia: cenas de sua infância e adolescência, o casamento, o emprego como vendedor em uma multinacional em Curitiba (PR), a faculdade, dois filhos... Mas, ao chegar aos 21 anos, o roteiro virava filme B, uma típica história de dependência de drogas, reprisando todos os clichês do gênero.

O crack, então, roubava a cena: uma sequência previsível de empregos perdidos, faculdade abandonada e bens vendidos a preço de banana para pagar o vício. E sua carreira de vendedor em multinacional acabou enveredando para a vida de aviãozinho do tráfico em troca de alguns gramas de pedras.

O filme apareceu como uma espécie de sonho acordado durante as 48 horas que Wladimir passou sob o efeito da ibogaína, uma droga psicodélica, em uma clínica no Estado de São Paulo (que prefere não divulgar o nome). Durante esse tempo, ele ficou sonolento, mas plenamente consciente. Viu nítidas as imagens de sua vida, como se fossem projetadas em uma tela de LCD na parede do quarto, logo acima do médico que o observava sobre a cama.

Quando o efeito passou, foi a primeira vez em anos que Wladimir acordou sem a fissura, o desejo incontrolável pela fumaça do crack que ataca os dependentes. Nem o desejo, nem as náuseas e nem as dores comuns desse tipo de abstinência apareceram. “Era como se eu nunca tivesse usado droga nenhuma”, diz o hoje administrador de empresas, que passou pelo tratamento e se livrou da dependência em 2007.

A substância que ajudou Wladimir é cada vez mais usada em terapias experimentais contra o vício. De 1962, quando começou a ser testada em dependentes químicos, até 2006, 3.414 pessoas usaram a ibogaína, obtida a partir da raiz de um arbusto africano, a iboga, para fins terapêuticos.

Só nos últimos quatro anos, no entanto, 7 mil pessoas passaram pelas terapias, de acordo com dados preliminares de um estudo do Dr. Kenneth Alper, da New York School of Medicine, nos Estados Unidos. O número de tratamentos cresceu tanto que provocou uma escassez da substância, ainda produzida de maneira artesanal, no mundo.

AVAL DA CIÊNCIA: 

Boa parte dos cientistas torce o nariz diante da ideia de se usar uma fortíssima droga psicodélica para se tratar dependentes químicos. Porém, o crescimento no número de terapias bem-sucedidas e o início de novos estudos deram mais credibilidade à prática.

Um deles começou em julho, conduzido pela Associação Multidisciplinar para Pesquisa de Psicodélicos (MAPS, na sigla em inglês), de Santa Cruz, na Califórnia. De acordo com a entidade, trata-se da primeira pesquisa sobre os efeitos de longo prazo da ibogaína na luta contra o vício.

O levantamento é feito em cima de usuários de heroína, tratados com a droga por uma clínica do México, a Pangea Biomedics. O interesse dos pesquisadores surgiu após estudos que mostram os benefícios da prática. “Há cada vez mais aceitação por parte da comunidade científica”, afirma Randolph Hencken, diretor de comunicação da MAPS. Os pacientes da Pangea são, em boa parte, americanos que cruzam a fronteira para receber um tratamento considerado ilegal nos EUA (embora a pesquisa seja permitida por lá).

A ibogaína também é proibida na Dinamarca, na Bélgica, na Suécia e na Suíça. Já no Gabão, é considerada tesouro nacional. Na África Central, curandeiros usam a raiz em rituais contra as chamadas “doenças do espírito”.

Um deles, da religião Bouiti no Camarões, faz com que o participante coma uma grande quantidade de iboga (que pode chegar a 500 g) enquanto um grupo canta, toca e dança a noite inteira. A cerimônia de três dias pode produzir um coma induzido — o que é entendido como uma viagem ao mundo dos mortos. O objetivo, dizem, é receber revelações, curar doenças ou comunicar-se com aqueles que já morreram. Trabalho da antropóloga paulistana Bia Labate, que estudou a droga, afirma que
“acredita-se que os pigmeus tenham descoberto a iboga em tempos imemoriáveis”.

A primeira pesquisa brasileira no assunto está prevista para começar no ano que vem, sob orientação do psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ainda que os resultados sejam positivos, não há chance de cápsulas de ibogaína chegarem às farmácias tão cedo.
“Sob estrita supervisão médica, a droga poderia se tornar um medicamento, mas custaria milhões de dólares em estudos e ainda não há investidores para tanto”, diz Hencken.

Comprimidos feitos com substância da raiz dos arbustos africanos
Crédito: divulgação

O EFEITO: 

Ainda não se sabe exatamente como essa substância atua no combate à dependência, mas dezenas de pesquisas em animais e humanos indicam que age em dois níveis: tanto na química cerebral como na psicologia do dependente. Por um lado, a droga estimula a produção do hormônio GDNF, que promove a regeneração do tecido nervoso e estimula a criação de conexões neuronais.

Isso permitiria reparar áreas do cérebro associadas à dependência, além de favorecer a produção de serotonina e dopamina, neurotransmissores responsáveis pelas sensações de bem-estar e prazer. Isso explicaria o desaparecimento da fissura relatado pelos dependentes logo após sair de uma sessão.

Na outra frente, a ibogaína promoveria uma espécie de psicoterapia intensiva ao fazer o paciente enxergar imagens da própria vida enquanto a mente fica lúcida. Estas visões não seriam alucinações, como as imagens de uma viagem de LSD. É como sonhar de olhos abertos, o que ajudaria os dependentes a identificar fatores que os teriam empurrado para as drogas em determinados momentos da vida.

Estudos com eletroencefalogramas feitos pela Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, apontaram que ondas cerebrais de um paciente que tomou ibogaína têm o mesmo comportamento daquelas de alguém em REM (a fase do sono em que sonhamos). “O sonho renova a mente e, se no sono comum temos apenas cinco minutos de sonho a cada duas horas, na ibogaína são 12 horas de sonho intensivo”, aponta o gastroenterologista Bruno Daniel Rasmussen Chaves, que estuda o tema desde 1994 e participará da pequisa da Unifesp.

RISCOS: 


No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informa que não há restrições legais à ibogaína, mas seu uso como medicamento não está regulamentado. Por isso, os tratamentos são considerados experimentais e as clínicas não fazem propaganda.

A importação é feita pelos próprios pacientes, que pagam cerca de R$ 5 mil por uma sessão com o derivado da raiz. Após passar por exames médicos, o dependente ingere as cápsulas, deita-se em uma cama e deixa sua mente navegar pelos efeitos, que podem durar até 72 horas. Durante esse tempo, médicos monitoram o paciente. Vale dizer que a literatura médica registra 12 óbitos associados ao uso de ibogaína nas últimas quatro décadas, provocados por diminuição na frequência cardíaca (o equivalente a uma morte a cada 300 usuários).

No entanto, estudos de Deborah Mash, neurologista da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, que já acompanhou o tratamento de cerca de 500 pacientes, apontam que não há registro de morte por ingestão de ibogaína em ambiente hospitalar. É preciso que o paciente chegue “limpo” à sessão. “As mortes registradas ocorreram em tratamentos de fundo de quintal, em que as pessoas fizeram uso concomitante de ibogaína e outras substâncias”, afirma Chaves.

NÃO HÁ FÓRMULA MÁGICA: 


Estudiosos e pacientes avisam: a droga não é uma poção mágica. Para se livrar da dependência, Wladimir Kosiski aliou o tratamento à psicoterapia e mudança drástica de hábitos. Voltou a trabalhar, a estudar e nunca mais pisou no local onde comprava crack. Não foi isso o que fez o professor Gilberto Luiz Goffi da Costa, 44 anos, que se tratou com ibogaína pela primeira vez em 2005. Viciado em drogas desde os 14 anos, Gilberto já acumulava 18 tratamentos fracassados contra dependência. Volta e meia, dormia nas ruas de Curitiba e praticava roubos para comprar crack: já havia sido preso cinco vezes. Após usar ibogaína, achou que estava curado. “Tive uma sensação de bem-estar, mas é um efeito que se perde depois”, afirma. Estava livre do desejo, mas continuou a frequentar os mesmos ambientes e amigos com quem dividia drogas.

Em pouco tempo, foi dominado novamente pelo crack. “A ibogaína retira a fissura, mas a pessoa pode continuar a usar droga mesmo sem vontade, como alguém que estraga um regime por gula, não por fome”, diz Chaves. Gilberto só conseguiu permanecer “limpo” após a terceira vez que se tratou, em 2008, quando aliou a substância a uma troca completa de atitudes, seguindo o método dos Narcóticos Anônimos.

Sem consumir drogas há dois anos, hoje dá aulas de línguas e é consultor no tratamento de outros dependentes. Ao contrário da viagem pelo mundo dos mortos em uma sessão dos rituais africanos, a ibogaína ajudou o curitibano, pouco a pouco, a permanecer no mundo dos vivos. 

Para ver o artigo original, clique aqui.
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